Ações da Gol (GOLL4) têm derrocada de 33,6% na sessão com desdobramentos do Chapter 11

Cortes de rating, dados divulgados pela aérea e saída do ADS estão no radar da companhia

Equipe InfoMoney

Boeing 737 MAX da Gol se prepara para pousar no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (Foto: REUTERS/Diego Vara)
Boeing 737 MAX da Gol se prepara para pousar no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (Foto: REUTERS/Diego Vara)

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As ações da Gol (GOLL4) registraram a sua queda mais expressiva na Bolsa brasileira desde que pediu recuperação judicial nos EUA (Chapter 11), na última quinta-feira (25). Os ativos GOLL4 fecharam em queda de 33,61%, a R$ 3,93, nesta sessão de segunda-feira (29), também marcada por diversos acontecimentos para a aérea.

Na tarde desta segunda, as ações chegaram a ter as negociações interrompidas (para depois intensificarem a queda) após o juiz-chefe da corte de falências de Nova York, Martin Glenn, ter aceitado interinamente o pedido da Gol para fazer um empréstimo Debtor-in-Possession (DIP), uma modalidade de crédito específica para empresas em situação financeira difícil, de US$ 950 milhões.

A autorização provisória permite entrada imediata de US$ 350 milhões na companhia assim que o juiz norte-americano autorizasse provisoriamente a transação. O restante do DIP Financing pode ser repassado a companhia após a aprovação final do financiamento pela Corte de Nova York.

Mais cedo, a aérea divulgou que encerrou dezembro com endividamento de R$ 20,176 bilhões. Além disso, ela informou que tinha patrimônio líquido negativo em R$ 23,3 bilhões ao fim do quarto trimestre, uma piora de 6% na comparação com trimestre imediatamente anterior.

Na noite de sexta, a Gol informou ainda a decisão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) de suspender as negociações das ADS (Ação Depositária Americana) da companhia aérea. A companhia disse que não pretende recorrer da decisão da NYSE de cancelar a listagem dos ADSs e não antecipa que o cancelamento da listagem dos ADSs afetará as operações ou os negócios da empresa.

Segundo o Citi, a decisão não parece surpreendente, à luz do protocolo do Chapter 11. “Embora uma saída bem-sucedida do Chapter 11 nos EUA possa eventualmente ajudar a Gol a melhorar seu balanço patrimonial e seus custos, esta medida coloca ainda mais riscos de queda para o patrimônio atual”, avalia o Citi, que tem recomendação de venda para os ADRs da empresa.

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Enquanto isso, mais casas estão revisando as ações após o pedido de reestruturação nos EUA. O BB-BI reduziu a recomendação para venda e o preço-alvo para R$ 2,40 nesta segunda, vendo grande diluição para os acionistas.

Para os analistas do banco, é concreta a possibilidade de que parte da dívida seja convertida em ações. Em um cenário base onde o controlador (ABRA), que possui cerca de US$ 1,2 bilhão em títulos de dívida, realize tal conversão, estima um fator de diluição acima de 60% para os acionistas correntes, com preço-alvo reduzindo a R$ 2,40. “Por isso, acreditamos que a relação risco/retorno neste momento é desfavorável para o investidor e, para evitar destruição de valor, sugerimos a saída do papel”, aponta o BB-BI.

A XP Investimentos informou ter colocado a ação da companhia sob revisão, à medida que a empresa inicia o processo judicial. Na semana passada, o Itaú BBA também colocou a ação em revisão, enquanto o Goldman Sachs deixou de cobrir os papéis, o JPMorgan manteve recomendação de venda e o Bradesco BBI cortou a recomendação para equivalente à venda e vê a ação a R$ 1.

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Na sexta, a S&P Global Ratings e a Fitch Ratings rebaixaram a nota global da Gol de “CCC-” para “D”.

A Fitch reconhece que a empresa registrou uma melhora em métricas operacionais desde a pandemia de covid-19, mas explica que o aumento dos pagamentos de arrendamentos (lease) e os juros elevados pressionaram a geração de fluxo de caixa, o que torna o perfil de dívida insustentável.

A S&P também cita que a companhia brasileira enfrenta uma pesada carga de dívida, apesar da melhora nas métricas operacionais em 2023. De acordo com a análise, o cenário reflete elevados pagamentos de leasing, gastos com capital e atraso nas entregas do Boeing 737 Max, que pressionam o fluxo de caixa.