Ações da Eletrobras saltam 6% após MP da privatização passar no Senado; Vale avança com dividendos e Wiz sobe 3%

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (18)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo teve como grande destaque a Eletrobras (ELET3, R$ 46,22, +5,98%; ELET6, R$ 45,85, +5,94%), que viu suas ações dispararem após o Senado aprovar a Medida Provisória que permite a privatização da companhia em uma votação acirrada, por 42 votos favor ante 37 contra.

O relator da MP na Câmara, Elmar Nascimento (DEM-BA), já afirmou que os deputados devem manter o texto aprovado. “Foi tudo acordado”, disse o deputado sobre o parecer construído pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO). A previsão é que a Câmara vote a matéria na próxima segunda-feira (21), lembrando que na terça ela perde a validade.

Já os ativos da Vale (VALE3, R$ 109,09, +3,01%) avançaram 3% depois de uma sequência de quedas e tendo no radar o pagamento de dividendos extraordinários pela companhia.

A mineradora anunciou a distribuição de R$ 2,177096137 por ação em dividendos aos seus acionistas. Esses proventos serão pagos aos investidores que possuírem papéis VALE3 em carteira no fechamento do pregão do dia 23 de junho.

Fora do índice, a Wiz (WIZS3, R$ 13,35, +2,93%) chegou a subir 6% no início do pregão em meio à notícia de parceria com o BRB para uma nova corretora, mas amenizou a alta. No ano, contudo, os ganhos são de 78%.

Confira os destaques:

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Eletrobras (ELET3, R$ 46,22, +5,98%; ELET6, R$ 45,85, +5,94%)

O Senado aprovou na véspera a Medida Provisória  que permite a privatização da Eletrobras em uma votação acirrada, por 42 votos favor ante 37 contra.

O relator da Medida Provisória da privatização da Eletrobras na Câmara, Elmar Nascimento (DEM-BA), afirmou que os deputados devem manter o texto aprovado. “Foi tudo acordado”, disse o deputado sobre o parecer construído pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO). A previsão é que a Câmara vote a matéria na próxima segunda-feira (21).

O texto precisa do aval do Congresso até terça-feira, 22, ou perderá a validade.

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A MP foi aprovada no Senado com placar apertado. Associações do setor calculam que, da forma como foi aprovado o texto, o custo total da operação para os consumidores será de R$ 84 bilhões, considerando impostos e recursos para programas regionais. Segundo as entidades, os custos devem onerar os consumidores “por décadas”.

O Bradesco BBI avalia que a votação no Senado marca a aprovação efetiva da privatização da Eletrobras, que agora dependerá da execução pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da aprovação pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

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O maior desafio na execução pelo BNDES é determinar o valor da usina nuclear de Angra 3. Ainda falta concluir estudos sobre as despesas de capital pendentes, estimadas em R$ 15 bilhões, e uma tarifa final. O BNDES também deve definir o título de concessão a ser pago pela Eletrobras ao governo, que deve ficar em cerca de R$ 20 bilhões, com base em uma avaliação preliminar baseada nas mudanças aprovadas pelo Senado. Quanto à aprovação pelo TCU, a Eletrobras vem realizando reuniões semanais para mantê-lo informado e facilitar a aprovação.

O banco avalia que o valor de uma Eletrobras privatizada poderia ficar em entre R$ 60 e R$ 70, frente ao patamar atual de R$ 43 por ação. Levando em consideração o aumento de R$ 25 bilhões no capital da empresa para diluir a participação do governo abaixo do controle, a ação poderia atingir um patamar de entre R$ 50 e R$ 55, diz o banco.

O Bradesco BBI ressalta que a elevação de capital ainda não foi calculada pelo governo com base em estudos do BNDES. Uma alternativa seria elevar menos o capital e fazer com que a Eletrobras assumisse dívidas para pagar pelo título de concessão que será de propriedade do governo federal. Neste cenário, o governo não precisaria vender ações diretamente ao mercado para diluir o controle. Veja mais clicando aqui.

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JBS (JBSS3, R$ 28,11, -0,25%)

A JBS informou que a Pilgrim’s Pride, sua controlada, assinou acordo para adquirir os negócios de alimentos do Kerry Group no Reino Unido e na Irlanda. O valor do negócio chega próximo da marca de US$ 1 bilhão.

“A operação fortalece a posição da companhia como uma das empresas líderes na indústria de alimentos na Europa”, disse o grupo de alimentos, em nota. O negócio vem para reforçar a estratégia global da gigante dos alimentos brasileira, que recentemente também fez uma aquisição na área de carne suína na Austrália.

De acordo com a JBS, o conselho de administração da Pilgrim’s aprovou o negócio, que é avaliado em mais de US$ 950 milhões (ou cerca de R$ 4,75 bilhões). Entre as marcas comercializadas pela Kerry Group estão Denny, Richmond e Fridge Raiders. O presidente global da JBS, Gilberto Tomazoni, disse, em comunicado, que a aquisição reforça a plataforma da empresa na Europa e a capacidade de inovação para atender às necessidades dos clientes.

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De acordo com a JBS, a aquisição inclui a Kerry Meats, líder na produção de alimentos à base de carnes e produtos prontos para o consumo no Reino Unido e na Irlanda, e a Kerry Meals, líder na produção de refeições prontas congeladas e resfriadas no Reino Unido. Combinados, os negócios registraram cerca de US$ 1 bilhão receita durante 2020 e possuem mais de 4,5 mil colaboradores.

De acordo com a JBS, a conclusão desta aquisição é esperada para o quarto trimestre de 2021 e está sujeita a aprovações regulatórias usuais nesse tipo de transação.

O Itaú BBA destaca que a Kerry é uma das maiores empresas de comida pronta no Reino Unida, com 9 unidades de produção em dois países, dona de marcas como Denny, Richmond e Fridge Raiders. Em sua avaliação, a compra eleva a exposição da Pilgrim em segmentos em expansão, como comida à base de plantas, DTC e snacks de carne, solidificando a empresa como uma líder no setor Europa. O banco vê o negócio como positivo, e mais um passo na estratégia de diversificação da JBS. O Itaú mantém recomendação outperform para a empresa, e preço-alvo para 2021 em R$ 47.

Ainda em destaque, a JBS comunicou que concluiu a aquisição da Vivera, terceira maior produtora de produtos plant-based (produtos à base de plantas) na Europa.

Segundo a empresa, a companhia adquirida oferece um amplo portfólio de produtos em mais de 25 países, com presença relevante nos mercados da Holanda, Reino Unido e Alemanha. A transação inclui três unidades produtivas e um centro de pesquisa e desenvolvimento localizados na Holanda.

Wiz (WIZS3, R$ 13,35, +2,93%) e Banco de Brasília (BSLI3, R$ 34,50, +0,73%)

O Banco de Brasília anunciou que a empresa de corretagem de seguros Wiz vai comprar participação de 50,1% em uma nova corretora que será formada com ativos do BRB. O valor do negócio é de R$ 585,2 milhões.

O preço envolve valor à vista de R$ 300 milhões, três parcelas anuais fixas de R$ 57 milhões e mais três parcelas anuais variáveis estimadas em R$ 38 milhões, informou o BRB em fato relevante. “A transação está alinhada ao planejamento estratégico do BRB que definiu como um de seus objetivos a realização de fusões, aquisições e parcerias estratégicas para acelerar a expansão, modernização e potencializar os negócios do conglomerado”, afirmou o BRB.

Petrobras (PETR3, R$ 28,74, +0,28%; PETR4, R$ 28,32, +0,68%)

A Petrobras protocolou o pedido de registro da oferta secundária (follow on) de 436.875.000 ações ordinárias de emissão de BR Distribuidora (BRDT3) que a petrolífera possui, a serem distribuídas no Brasil, com esforços de colocação no exterior.

Conforme prospecto preliminar da oferta, seu valor total pode chegar a R$ 11,542 bilhões, e o período de reserva termina em 29 de junho, com precificação prevista para o dia seguinte, 30.

O valor, meramente indicativo, considera a cotação de fechamento das ações no pregão de ontem, de R$ 26,42.

Segundo o documento, a oferta está sendo estruturada pelo Morgan Stanley (coordenador líder), Bank of America Merrill Lynch, Goldman Sachs, JPMorgan, Itaú BBA, Citi e XP.

A decisão do desinvestimento já tinha sido tomada no começo do ano passado, na gestão de Roberto Castello Branco, mas a operação foi atrasada por conta da pandemia, que afetou o preço das ações da companhia na Bolsa brasileira. Agora a operação também foi referendada pela administração de Joaquim Silva e Luna.

A estatal ainda informou que sua subsidiária integral Petrobras Bolívia (PEB) foi comunicada da decisão do Tribunal Agroambiental da cidade de Sucre que anulou a sentença de primeira instância que obrigava a PEB a pagar US$ 61 milhões, além de juros e custas, a título de indenização por uso de propriedade onde estão localizadas as instalações do campo de San Alberto, na Bolívia.

“A decisão do Tribunal indicou evidências de violação a direitos fundamentais e garantias constitucionais da PEB na sentença de primeira instância, e anulou todos os atos desde o início do processo, destacando a ausência de demonstração de propriedade da área por parte da autora da ação”, diz a Petrobras em fato relevante.

A sentença ainda extingue as medidas cautelares anteriormente impostas, impõe multa à juíza de primeira instância e determina que o Conselho de Magistratura local seja notificado. A petroleira diz que a sentença do Tribunal Agroambiental “reforça a confiança da companhia nas instituições da Bolívia, onde atua há 25 anos, sempre em respeito às leis e às comunidades”. O bloco San Alberto é operado pela PEB com 35% de participação, em parceria com a YPFB Andina S.A. (50%) e Total E&P Sucursal Bolivia (15%).

Vale (VALE3, R$ 109,09, +3,01%)

A Vale, por sua vez, anunciou a distribuição de R$ 2,177096137 por ação em dividendos aos seus acionistas. Esses proventos serão pagos aos investidores que possuírem papéis VALE3 em carteira no fechamento do pregão do dia 23 de junho. Para os  que possuírem os ADRs a referência será o dia 25 de junho na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

Diversos analistas destacaram o anúncio de dividendos da Vale. Yuri Pereira e Thales Carmo, da XP, ressaltam que o  anúncio da véspera não tem relação com os dividendos a serem pagos em setembro de 2021, de acordo com a política de dividendos atual.

Os analistas da XP estimam uma distribuição de dividendos de US$ 4,33 bilhões em setembro de 2021 (ou um dividend yield de 4,0%).

“Continuamos vendo uma diferença relevante entre geração de caixa e a distribuição de dividendos. Para 2021, esperamos um retorno com fluxo de caixa de 15%, considerando a média do minério de ferro de US$ 135 a tonelada (versus o preço atual de US$ 220 a tonelada), e isso se compara à nossa estimativa de dividend yield de cerca 6,0% em relação ao ano fiscal de 2021”, ressaltam.

Pereira e Carmo reiteraram recomendação de compra para VALE3 com preço-alvo de R$ 122 por ação, o que corresponde a um potencial de valorização de 15,20% frente o fechamento de quinta-feira. A recomendação é baseada na combinação de forte geração de caixa e valuation atrativo, mesmo na hipótese de queda do minério de ferro.

O Bradesco BBI, que possui recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ADRs com preço-alvo de US$ 25 (ou potencial de valorização de 18,6% frente o fechamento de quinta), também destacaram o anúncio como positivo.

Thiago Lofiego e Isabella Vasconcelos, analistas do banco, apontam que a distribuição de dividendos extraordinários  estava dentro de suas expectativas, tendo em vista as condições de mercado e a baixa alavancagem da mineradora.

A avaliação é de que possa haver uma outra distribuição de dividendos extraordinários no valor de US$ 3 bilhões nos próximos três trimestres. Isso levaria a uma distribuição entre US$ 15,7 bilhões e US$ 16,7 bilhões em dividendos entre junho de 2020 e março de 2022, também com o pagamento de dividendos mínimos.  Além disso, a Vale segue com seu programa de recompra de ações.

O Credit Suisse destaca que esses dividendos extraordinários vêm além dos valores mínimos esperados para setembro com base no primeiro semestre de 2021 e que reafirma o compromisso de aumentar os retornos de caixa. Os analistas veem espaço para mais. Atualmente, os analistas do banco suíço, assim como o BBI, têm recomendação outperform para os ADRs da companhia, com preço-alvo de US$ 25.

O Morgan Stanley vê o anúncio como positivo para os papéis da Vale, já que indica o comprometimento da empresa em devolver o excesso de caixa aos acionistas, além de mostrar uma alocação disciplinada de capital. O banco estima em US$ 12,8 bilhões o pagamento de dividendos pela Vale em 2021 e reitera sua avaliação overweight (exposição acima da média do mercado), com preço alvo de US$ 22, alta de 4,4% frente o fechamento de quinta.

BRF (BRFS3, R$ 28,95, +0,10%)

A BRF comunicou na sexta que a subsidiária BRF Pet, dedicada ao segmento de pet food, celebrou no mesmo dia contrato para compra de 100% do capital social das empresas que compõem o Grupo Hercosul. O custo será comunicado no fechamento da compra.

A BRF diz que a aquisição foi aprovada pelo conselho de administração e não depende da aprovação da assembleia geral, já que será realizada por meio da subsidiária BRF Pet. Mas ainda precisa ser aprovada por autoridades comerciais brasileiras.

A empresa destaca que o Grupo Hercosul se destaca ao segmento de rações para cães e gatos, por meio de marcas como Biofresh, Three Dogs, Three Cats, Primocão, Primogato, Apolo e Átila. Segundo a BRF, a compra fortalece e diversifica a companhia sobre o mercado de rações, permitindo que se torne uma das maiores empresas do setor no Brasil até 2025. Com a compra, a BRF passa a ter 4% desse mercado, segundo suas próprias estimativas, baseadas em dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação).

Yduqs (YDUQ3, R$ 34,47, -0,49%)

A Yduqs Participações comunicou nesta sexta que a subsidiária Athenas Serviços Administrativos celebrou contrato para a aquisição da QCX Serviços Educacionais Ltda., ou Qconcursos. A Yduqs afirmou que a empresa de educação continuada, cursos preparatórios, simulados e provas para concursos é 100% digital.

A empresa diz que, com a aquisição, ultrapassa a marca de 1 milhão de alunos e amplia sua presença digital.

Dasa (DASA3, R$ 62,70, -0,79%)

As ações da Dasa começam a negociar no Novo Mercado a partir de 23 de junho.

BR Partners

Ainda em destaque, o banco de investimentos BR Partners arrecadou R$ 364 milhões em oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de esforços restritos, com as units precificadas a R$ 16. Os papéis serão negociados na próxima segunda com o ticker BRBI11.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.