Ações da Coinbase caem após SEC ameaçar processar a empresa sobre produto de rendimento com cripto

SEC afirma que produto se enquadra como valor mobiliário, mas CEO da corretora acusa órgão de não dialogar e nem apontar soluções

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – As ações da corretora de criptomoedas (exchange) Coinbase caem mais de 3% na bolsa de Nova York nesta quarta-feira (8) após notícias de que a comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) ameaçou processar a companhia se ela seguir com seus planos de lançar um programa que permite a usuários ganhar juros emprestando criptoativos, chamado de “Lend”.

A informação foi dada pela própria Coinbase, que disse ainda que o órgão regulador do mercado americano emitiu um aviso “Wells”, uma forma oficial de informar a uma empresa que pretende processá-la.

Diante disso, o diretor jurídico da corretora, Paul Grewal, explicou que o lançamento desse produto de empréstimos será adiado pelo menos até outubro.

O “Lend” foi anunciado pela Coinbase já há alguns meses e permitirá que seus usuários ganhassem rendimentos com seus depósitos usando a stablecoin U.S. Dollar Coin (USDC) na plataforma. Esse tipo de opção se torna bastante atrativa porque consegue entregar mais do que as porcentagens oferecidas por bancos, especialmente em países com juros muito baixos.

É o caso dos Estados Unidos, que mesmo com a expectativa de alta das taxas até início de 2023, ainda possui juros bastante baixos. Além disso, o país também tem sido um dos mais críticos a esses novos produtos, argumentando, por exemplo, que eles deveriam se enquadrar como valores mobiliários, entrando nas regras da SEC.

Sobre isso, Brian Armstrong, CEO da Coinbase, criticou a postura do órgão regulador, dizendo que a corretora entrou em contato com a SEC, recebendo como resposta apenas que ele se enquadra como valor mobiliário, mas sem dar orientações sobre o que deveria ser feito.

Continua depois da publicidade

“[Integrantes da SEC] Se recusam a nos dizer por que acreditam que isso [Lend] é um valor mobiliário e, em vez disso, nos intimam inúmeros dados (e cumprimos), demandam testemunhos de nossos funcionários (e cumprimos) para nos dizer que irão nos processar se seguirmos adiante com o lançamento, não nos fornecendo explicação alguma do porquê”, disse Armstrong no Twitter.

Além disso, o executivo disse que a SEC se recusou a se encontrar com ele. O CEO da corretora afirmou que o órgão regulador se negou a conversar, afirmando que “não estamos nos encontrando com nenhuma empresa cripto”.

Vale lembrar que, em julho, o estado americano de Nova Jersey mandou a plataforma de criptomoedas BlockFi parar de oferecer contas que rendem juros que levantaram US$ 14,7 bilhões de investidores, um produto parecido com o que a Coinbase quer lançar.

Continua depois da publicidade

Às 13h30 (horário de Brasília), as ações da Coinbase negociadas em Wall Street registravam perdas de 2,41%, cotadas a US$ 260,41, após chegarem a cair para US$ 253,88 na mínima do dia.

Sobre o impacto nas ações, a equipe de analistas da Levante explica que, embora o serviço de empréstimos ainda estivesse em fase de desenvolvimento, a notificação da SEC significa um atraso no lançamento do projeto e consequentemente um atraso na extração de resultados sobre o que fora investido nos últimos meses.

Para entender como operar na bolsa através da análise técnica, inscreva-se no curso gratuito A Hora da Ação, com André Moraes.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.