Ações da Braskem (BRKM5) fecham em queda de 4,9% após resultado fraco; executivos esperam recuperação ao longo de 2023

Absorção de nova capacidade e reabertura da China são vistos como gatilhos para melhora do resultado ao longo do ano

Vitor Azevedo

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As ações preferenciais série A da Braskem (BRKM5) fecharam em queda de 4,91%, a R$ 16,64, nesta quinta-feira (23). O movimento negativo vem após a companhia publicar, mais cedo, seu resultado do quarto trimestre de 2022, que foi considerado fraco por analistas.

Na teleconferência de resultados, realizada na manhã de hoje, executivos da empresa, contudo, afirmaram que esperam uma melhora ao longo deste ano.

“Como esperado, os resultados da Braskem sofreram com a forte retração dos spreads de resinas iniciada no terceiro trimestre de 2022. Acreditamos que o ciclo de PE [polipropileno] e PP [polietileno] levará um tempo para se recuperar e, portanto, não esperamos que os resultados melhorem significativamente no primeiro semestre desse ano”, comentaram os analistas do Bradesco BBI, chefiados por Vicente Falanga, em relatório.

Bruno Montanari, analista do Morgan Stanley, vai na mesma linha, afirmando que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, negativo em R$ 32 milhões, foi pior do que o esperado.

“Enquanto esperávamos um Ebitda negativo no México, tínhamos uma visão mais benigna dos resultados do Brasil, onde as margens foram afetadas negativamente por volumes menores. A depressão do ciclo provou ser mais intensa do que o esperado”, explica a instituição americana.

O Morgan, contudo, está mais otimista para o futuro do que o BBI e vê que a nova capacidade de PE e PP já está sendo absorvida – o que, junto da reabertura da China, deve impulsionar a companhia até o final do ano.

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Os executivos da Braskem têm a mesma opinião do banco americano.

“Nossa visão sobre os spreads é de que 2023 será um ano de recuperação, mas isso deve se dar ao longo do ano”, disse Roberto Bischoff, CEO da petroquímica. “Não esperamos nenhuma alteração muito grande nos primeiros trimestres, mas deve se dar no meio do ciclo para o final; Há algumas notícias boas vindas da China. Economistas e analistas estão fazendo alterações para o crescimento do país, o que nos ajuda”.

Eles também comentam que a capacidade de produção do mercado está levemente absorvida e mencionaram que, para os próximos anos, não há iniciativas no mundo de aumento de produção dos plásticos – uma vez que o crédito mais caro fez os novos investimentos minguarem.

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“A capacidade de produção do mercado já está dentro daquilo esperado nos próximos anos. A China deve aumentar um pouco a oferta de PP e os Estados Unidos, de PE. O impacto na gente, contudo, está dentro do previsto”, defendeu o diretor.

Do lado dos gastos, a Braskem segue afirmando que está buscando uma gestão mais eficiente e chegou a reduzir o investimento previsto para o ano.

“É importante que nós reconheçamos que temos um cenário desafiador neste ano, mas para 2024 e 2025 a perspectiva é mais otimistas. Teremos crescimento de capacidade produtora e a oferta deve estar mais alinhada com a demanda”, disse Bischoff.

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O diretor da companhia afirmou que a alavancagem pode avançar no primeiro semestre de 2023 uma vez que o resultado deve ser mais fraco na comparação anual, mas mencionou que a companhia está com sua dívida estável.