B3 (B3SA3): ação chega a cair quase 8% com Ebitda decepcionante no 4º tri, mas fecha em alta de 1,51%

Dado abaixo veio principalmente por maiores despesas; foco principal dos investidores deve estar no nível sustentável de volumes, avalia BBI

Lara Rizério André Cabette Fábio

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O resultado da B3 (B3SA3) do quarto trimestre de 2021 não empolgou e as ações chegaram a registrar queda forte, de até 7,91%, a R$ 12,80, na sessão desta sexta-feira (18), com os analistas de mercado destacando principalmente os dados abaixo do esperado para o lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês).

Contudo, os ativos B3SA3 seguiram a melhora do ânimo do mercado e fecharam em alta de 1,51%, a R$ 14,11.

O Ebitda recorrente foi de R$ 1,654 bilhão, uma queda de 4,3%, com uma margem recorrente de 75,9%, ante 78,7% de um ano antes, 5,3% abaixo das estimativas do Credit Suisse e 6,4% abaixo do consenso.

O Credit ainda destaca que o lucro líquido recorrente da B3 veio 5,7% abaixo do consenso e 1,1% abaixo das projeções do banco. A operadora da Bolsa teve um lucro líquido de R$ 1,091 bilhão no 4º trimestre do ano passado, praticamente estável na comparação anual, com queda de 0,5% frente o mesmo intervalo de 2020.

O Ebitda abaixo do esperado foi impulsionado por maiores despesas operacionais, destaca o banco, com aumento na maioria das linhas, com destaque para outras despesas no valor de R$ 57 milhões (em grande parte devido a provisões de assessoria jurídica), seguido por pessoal e processamento de dados.

Orientação de despesas

Apesar das maiores despesas no trimestre, a administração reiterou sua orientação de despesas para 2022, que os analistas do banco consideram tranquilizadora. O banco mantém classificação outperform (projeção de desempenho acima da média do mercado) para B3, e preço-alvo de R$ 15 frente a cotação de quinta-feira (17) de R$ 13,90, ou potencial de alta de cerca de 8%.

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O Itaú BBA também ressaltou que, na linha da receita, os resultados da B3 não deveriam surpreender o mercado, dados os volumes divulgados anteriormente, mas as despesas operacionais ficaram acima das projeções do banco.

O Volume Médio de Negociações Diárias (ADTV, na sigla em inglês) se sustentou, ainda robusto em ações à vista, ficando estável em relação ao ano anterior e ao trimestre anterior. O Itaú BBA mantém recomendação outperform para o papel, com preço-alvo de R$ 17, ou potencial de alta de 22% em relação ao último fechamento.

O Bradesco BBI também apontou os dados de Ebitda abaixo do esperado, impactados pela aceleração do opex (gastos de manutenção), pois a inflação pesou nos custos de pessoal e a empresa continua investindo no negócio.

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Daqui para frente, os analistas continuam acreditando que o foco principal dos investidores deve estar no nível sustentável de volumes, uma vez que a taxa Selic continua subindo.

“Vemos a B3 sendo negociada em 17 vezes o preço sobre o lucro esperado para 2022, pouco espaço para uma reclassificação no curto prazo até que tenhamos maior visibilidade sobre o final do ciclo de aperto monetário e riscos potenciais na frente política/macro”, avaliam os analistas. A recomendação segue outperform, com preço-alvo de R$ 15.

Teleconferência de resultados da B3 (B3SA3)

Durante teleconferência com analistas, o CFO da B3, Daniel Sonder, destacou que a empresa pode rever guidance sobre despesas caso inflação fique além do previsto. Em caso de inflação fora do previsto, ele diz que a empresa tem uma margem em sua guidance já divulgada para lidar com as variações.

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O executivo reconheceu que há um impacto da inflação sobre as despesas, destacando o dissídio coletivo previsto para agosto, que pode influenciar a segunda metade do ano. Caso a inflação saia muito do esperado, é possível uma revisão da guidance sobre despesas.

Dividendos B3

Em teleconferência com analistas, Daniel Sonder, CFO da B3, afirmou que a empresa pretende continuar em 2022 com a política de dividendos que vem sendo implementada nos últimos anos. A guidance é de distribuição de 110% a 140% do lucro societário em 2022. A distribuição de juros sobre o capital próprio é sempre o máximo do permitido, complementando o payout com 100% do resultado de cada trimestre.

Ele afirmou que a B3 combina a política de distribuição com a de recompra de títulos em caso de excesso de caixa, que não é acumulado pela empresa, mas sim repassado aos acionistas, levando em conta, no entanto, o compromisso com investimentos para impulsionar o crescimento. Sonder disse esperar uma boa distribuição, a partir da expectativa para o caixa da empresa no ano.

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Finanças

Quanto à receita financeira, o CFO da B3 afirmou que a relação entre dívida e caixa foi “bastante alta” no quarto trimestre. Mas disse que o caixa já está preparado para vencimentos neste ano, em um ambiente de juros altos, em que espera uma receita financeira grande.

A perspectiva é que a relação entre dívida e caixa não fique muito acima de duas vezes. A empresa diz que espera realizar pagamentos de títulos com o caixa que tem em mãos, mas não descarta realizar rolagens a depender do desempenho do câmbio.

Sobre o vencimento da debênture BSA312 em maio, Sonder afirmou que há caixa o suficiente para não realizar a rolagem, mas que as condições de mercado e o cenário serão avaliados.

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Juros e cenário

Daniel Sonder afirma que o crescimento desacelerado e juros mais altos e escassez de veículos vêm trazendo dificuldades para o financiamento. Ele ponderou que essa linha é sujeita ao cenário macroeconômico, mas não é a mais relevante da empresa.

Em tecnologia e serviços, afirmou que a empresa vem se saindo bem, crescendo bastante em número de clientes que pagam anuidades recorrentes. Em market data, afirmou que a empresa está exposta a variações cambiais, já que a cobrança pelo serviço é em dólar.

Quanto a OTC (mercado de balcão), avaliou que este mercado está protegido da taxa de juros, historicamente, considerando que os instrumentos são roláveis e vinculados às flutuações. Em anos com juros altos e crescimento baixo, há menor volume de emissões, mas aumento no volume nominal dos estoques.

Em anos com taxas de juros altas e mercado deprimido, os títulos de renda fixa tiveram bom desempenho, protegendo a empresa mesmo em um ambiente mais desafiador em outras linhas de atuação da B3, afirmou.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.