Ações da Avon saltam 20% após rumor de interesse da Natura; brasileira nega negociação

Possibilidade de proposta da empresa brasileira levanta preocupações de analistas com alavancagem 

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Depois de comprar a The Body Shop em setembro de 2017, a Natura (NATU3) estaria avaliando novas aquisições no exterior e teria sondado recentemente a Avon, segundo informações do jornal The Wall Street Journal, mas as conversas ainda são incipientes, segundo fontes próximas. O rumor foi suficiente para fazer as ações da Avon dispararem até 20% no pregão de segunda-feira (17) nos Estados Unidos. Ao fim do dia, o papel desacelerou e fechou em alta de 11%.

À Bloomberg, a Natura informou que não existem negociações em curso sobre possível aquisição da Avon, mas segundo o Valor Econômico, o interesse é real e faz parte da estratégia de internacionalização da empresa. A Avon teria recebido propostas também de outras empresas, segundo o The Wall Street Journal.

Vale lembrar que a Avon enfrentou recentemente grandes desafios na operação brasileira, principalmente na integração do negócio de vendas diretas da empresa com o e-commerce e na melhoria da eficiência de sua logística. O desempenho mais fraco do que o esperado levou a perdas de participação de mercado nos últimos trimestres.

Para fazer frente às dificuldades, a empresa anunciou mudanças em sua alta administração na região, com a nomeação de José Marino como o novo gerente geral no Brasil em 8 de agosto. Marino é um executivo com ampla experiência como gerente geral, em venda, consumo e planejamento estratégico dentro de organizações globais. Ele também tem vasta experiência na Natura, onde trabalhou pela última vez como diretor de operações.

Para os analistas do Itaú BBA, será um grande desafio para a Natura integrar os ativos da The Body Shop, que ampliou significativamente a capilaridade da Natura em termos de canais e novas geografias. Além disso, a aquisição do varejista londrino deixou a empresa com uma alavancagem atual de 3.3x dívida líquida/Ebitda dos últimos 12 meses e esse endividamento aumentará com a eventual aquisição da Avon. 

Considerando as posições patrimoniais da Natura e da Avon no final do segundo trimestre, o valor de mercado da Avon é de US$ 920,1 milhões. Em um cenário em que a Natura adquire 100% das ações da empresa com uma taxa de câmbio de R$ 4,13, a empresa seria alavancada em 3,9x dívida líquida/Ebitda em 12 meses, segundo cálculos do Itaú BBA. 

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“Mesmo para uma empresa com um perfil gerador de caixa como a Natura, isso implicaria uma alta alavancagem para a empresa combinada, além dos desafios operacionais de integrar um grande ativo com vendas no Brasil, América Latina, África, Oriente Médio e Europa”, escrevem os analistas em relatório.

Embora a Natura tenha negado qualquer negociação em andamento, esse endividamento pode representar uma preocupação no futuro, segundo os analistas, pois aumentaria o risco de um processo de captação de recursos para financiar a transação. “Um cenário que poderia pesar sobre as ações da empresa no curto prazo”, destaca o Itaú BBA. 

No cenário atual, o Itaú BBA mantém a recomendação outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) com preço justo de R$ 40 ao fim de 2018, valor 43,1% acima do último fechamento. 

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