Petrobras (PETR4) sai da lista do Bradesco BBI de top picks do setor de petróleo e gás; Vibra (VBBR3) é a preferida

Fatores para mudança são perspectivas de potencial estagflação nos Estados Unidos e volatilidade com eleição presidencial no Brasil

Lara Rizério

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O Bradesco BBI reorganizou as suas preferências para as empresas do setor de petróleo e gás, de forma a buscar proteção ante a potencial estagflação nos Estados Unidos (junto com uma desaceleração na China) e também à proximidade da eleição presidencial do Brasil.

Como resultado, os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka decidiram colocar as ações da Vibra (VBBR3) na lista de top picks, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 34 (ou potencial de alta de 95% frente o fechamento da véspera). Já a ação PN da Petrobras (PETR4) saiu do rol de preferidas.

A mudança ocorre devido a uma ligeira mudança de setores cíclicos globais para cíclicos domésticos (proteção contra uma desaceleração americana/chinesa) e também porque a ação poderia se beneficiar relativamente de uma possível mudança de governo.

Assim, Vibra aparece como uma das principais opções para trazer alguma proteção aos portfolios, avaliam os analistas do BBI. “No geral, pensamos que o setor de distribuição deve apresentar melhor dinâmica nos próximos meses, por três motivos: (1) é esperado que os resultados do 2T22 (segundo trimestre de 2022) sejam sequencialmente mais fortes, com maiores volumes e melhores margens; (2) os cortes de impostos sobre combustíveis aprovados no Congresso devem trazer algum alívio incremental às margens; (3) caso se confirme uma desaceleração econômica nos EUA e na China, os preços dos combustíveis provavelmente terão uma queda, acrescentando algum alívio para o capital de giro e também para as margens”, apontam.

Além disso, no Brasil, é provável que o setor tenha elementos de proteção ante uma possível mudança no governo. Se, com um novo governo os preços dos combustíveis ficarem estruturalmente abaixo da paridade, isso favoreceria os grandes distribuidores ante os distribuidores de bandeira branca em termos de quota de mercado.

“Embora também gostemos da Cosan CSAN3) e da Raízen (RAIZ4) (preferimos a Cosan entre as duas), são nomes mais intimamente ligados aos preços do petróleo quando comparados aos distribuidores de combustíveis. Também, em meio a uma possível mudança de governo, um teto nos preços da gasolina limitaria os retornos relativos do etanol e potencialmente aumentaria a oferta global incremental de açúcar”, reforçam os analistas.

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A segunda preferência agora é pelas ações da 3R Petroleum (RRRP3), com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 111 (upside de 227%). Os analistas avaliam que, embora a empresa tenha que garantir o financiamento para adquirir o Polo Potiguar em meio a condições econômicas mais difíceis (um marco importante), o preço de suas ações teve um desempenho muito fraco recentemente e seu valuation agora é barato, enquanto também veem um impulso operacional e de governança positiva.

Falanga e Sadka destacam que, junto com a Petrobras, a 3R teve o pior desempenho de ações nos últimos 30 dias entre as companhias de petróleo, quando os papéis do setor pelo mundo foram corrigidos devido a temores de que a estagflação nos EUA pudesse impactar a demanda de petróleo, além de maior aversão ao risco com ameaças de impostos inesperados sobre os lucros na América do Norte.

Globalmente, num cenário em que os preços do petróleo possam corrigir e as taxas de juros continuem subindo, empresas que têm uma agenda de fusões e aquisições e investimentos de capital (capex) mais intensa pela frente sofreram mais. O risco de financiamento aumentou no último mês e, portanto, o BBI acredita ser fundamental as garantias da 3R a seu financiamento de dívida de US$ 1 bilhão para a aquisição da Potiguar.

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“Continuamos confiantes de que a 3R será capaz de fazê-lo e, portanto, o baixo desempenho deve abrir uma janela para uma oportunidade de compra para a empresa. Além disso, o operacional sólido deve persistir ao longo de 2022, pois a empresa já começou a consolidar o Polo Recôncavo e em breve começará a consolidar Peroá, Pescada, Faz, Belém e Papa-Terra. A injeção de água em Macau deverá também começar no 3T22, o que pode impulsionar seu desempenho nesse campo”, avaliam. Portanto, projetam os analistas, é provável que os resultados e o fluxo de caixa melhorem fortemente para a empresa ao longo dos próximos 9-12 meses.

Além disso, a nova diretoria da 3R começou a anunciar medidas de eficiência que devem ajudar a melhorar a percepção da governança. O BBI também destaca gostar de PetroRio (PRIO3), com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 45 (upside de 112%). “Porém, sob o risco de uma possível retração nos preços do petróleo, preferimos nomes mais baratos”, aponta o banco, vendo o valuation para 3R como menos esticado.

Por fim, as ações PN da Petrobras foram retiradas da lista de top picks, ainda que sigam com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 50 (upside de 85%), destacando principalmente a volatilidade com a proximidade das eleições.  Ainda assim, Falanga e Sadka veem oportunidades para o ativo, com riscos fortemente enviesados para o lado positivo.

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“Retiramos a ação da nossa lista de top picks, mas ainda é uma aposta possível para a eleição, com riscos inclinados para o lado positivo se o atual presidente vencer. Ao nos aproximarmos da eleição no Brasil, a volatilidade deve ficar cada vez maior. No entanto, prevemos o pagamento de cerca de US$ 8 bilhões nos dividendos trimestrais relacionados aos resultados do 2T22”, apontam.

Do lado positivo, uma Petrobras privatizada, tese que ganharia força com a reeleição de Jair Bolsonaro, poderia trazer um aumento de aproximadamente 150% no preço atual das ações, enquanto uma mudança de governo poderia implicar em mais 15% de queda.

Os analistas veem a Petrobras negociada a múltiplos baixos, enquanto possui uma perspectiva forte de fluxo de caixa. “O balanço da Petrobras atingiu um nível de força em que pode resistir a vários golpes. No entanto, no cenário de uma mudança de governo, precisaríamos parar e reavaliar nossa tese de investimento para a ação”, apontam.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.