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As ações da SLC Agrícola (SLCE3) subiram 3% nesta sexta-feira (7), a R$ 19,18, após a empresa anunciar a aquisição de 100% da Sierentz Agro Brasil por US$135 milhões. A operação inclui a compra de 96 mil hectares de terras arrendadas nos estados do Maranhão, Piauí e Pará, com potencial para expansão para 135 mil hectares ao considerar a segunda safra. O anúncio foi bem recebido pelo mercado, com analistas destacando a importância estratégica da transação.
O acordo de arrendamento de terras, um modelo preferido pela SLC para impulsionar seu crescimento, segundo a empresa resultará em um aumento de 100 mil hectares na área plantada, o que representa um crescimento de 13% em relação à área atual da companhia.
O JP Morgan, em seu relatório, diz que a transação deve aumentar o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa em cerca de 8%, dado que as novas terras estarão voltadas principalmente para soja, milho e, gradualmente, para algodão. A análise aponta que a diversificação geográfica para estados do Norte e Nordeste quer reduzir riscos climáticos, uma estratégia consistente com a busca por uma base mais sólida para a companhia.
O Bradesco BBI também vê a transação como positiva e alinhada com a estratégia da SLC, que prioriza o crescimento por meio de arrendamentos. Segundo o banco, a aquisição superou a meta oficial da companhia, que pretendia adicionar aproximadamente 35 mil hectares por ano.
A expansão supera, portanto, as expectativas do mercado, com um desembolso de aproximadamente R$ 588 milhões. A integração das terras deve adicionar R$ 200 milhões ao Ebitda projetado para 2026, o que representa um incremento de cerca de 7% no lucro da empresa.
Para o Itaú BBA, o acordo expande a área cultivada da SLC e também mantém o equilíbrio entre terras arrendadas e próprias, com a empresa mantendo uma estratégia de crescimento controlado.
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Apesar do aumento no tamanho da operação, o banco acredita que a SLC manterá uma alavancagem confortável, atualmente em torno de 2x, e não há expectativas de um crescimento acelerado no curto prazo. O foco da empresa será incorporar as novas propriedades e otimizar a produção nas novas áreas, o que pode resultar em uma desaceleração do crescimento imediato.
Riscos para o Investimento
Apesar da recepção positiva do mercado, os analistas alertam para alguns riscos que podem impactar o desempenho da SLC. O JP Morgan aponta que a variação nos preços das commodities pode afetar o Ebitda da empresa. Uma mudança de 10% nos preços da soja, milho ou algodão poderia provocar uma variação de até 13% no Ebitda.
O Itaú BBA também alerta que os preços das commodities agrícolas ainda representam um risco para a performance das ações, uma vez que uma perspectiva mais otimista sobre os preços seria necessária para justificar uma avaliação mais alta das ações.
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Outro ponto destacado é o câmbio. A SLC tem 100% de suas receitas em dólares, mas cerca de 60% de seus custos estão também denominados na moeda americana. Uma variação de 10% no câmbio (real versus dólar) pode impactar o Ebitda em até 6%, conforme o JP Morgan.
Além disso, a SLC precisa lidar com condições climáticas imprevisíveis, especialmente nas regiões do Maranhão, Piauí e Pará, onde as variáveis climáticas podem afetar a produtividade das safras, como destacado pelos três bancos.
Recomendações
Após a divulgação da transação, as recomendações dos bancos para as ações da SLC variam. O JP Morgan mantém sua recomendação neutra, com um preço-alvo de R$ 23 para o final deste ano, acreditando que as perspectivas para a safra 2024/25 já estão precificadas e que os preços das commodities podem pressionar as margens no curto prazo.
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O Bradesco BBI também mantém a recomendação neutra, com um preço-alvo de R$ 22,00, destacando que o crescimento da SLC deve desacelerar no curto prazo devido ao foco na integração das novas áreas.
Por outro lado, o Itaú BBA vê as ações da SLC com perspectiva positiva, recomendando outperform (desempenho acima da média do setor), com um preço-alvo de R$ 25 para o final deste ano.