Ações de Petrobras e bancos caem mais de 2% após fala de Bolsonaro; Magalu sobe com programa de recompra de ações

Confira os destaques do noticiário corporativo na sessão desta quarta-feira (26)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em um sessão com queda intensificada para o Ibovespa após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que rejeitou a proposta do Renda Brasil do ministro Paulo Guedes até uma nova conversa, os bancos e estatais, como Petrobras (PETR3, R$ 22,76, -2,86%; PETR4, R$ 22,22, -2,84%) e Eletrobras (ELET3, R$ 36,40, -4,71%; ELET6, R$ 36,92, -4,00%), caíram forte.

No setor financeiro, Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 23,79, -2,10%), Bradesco (BBDC3, R$ 19,16, -2,24%; BBDC4, R$ 20,73, -2,08%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,45, -2,41%) e Santander (SANB11, R$ 28,40, -2,54%) caíram todos mais de 2%.

No início da sessão, quem ganhou destaque foi a ação da Qualicorp (QUAL3, R$ 29,90, -2,61%), que chegou a subir mais de 3% após o resultado, mas logo amenizou e virou para queda. A companhia divulgou ontem à noite lucro líquido de R$ 126,7 milhões no segundo trimestre de 2020, alta de 21,5% ante o mesmo período do ano anterior. O resultado foi beneficiado por ganhos não recorrentes com a venda de ativos.

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Outro destaque ficou com o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI3, R$ 72,88, +3,24%), que acertou a compra do Grupo Medisinitas por R$ 1 bilhão e viu suas ações liderarem os ganhos do índice.

Já a Vale (VALE3, R$ 61,75, +0,21%) praticamente zerou os ganhos de cerca de 1% registrados mais cedo. O minério de ferro, após a queda da véspera, teve recuperação e fechou em alta de 1,4%, a US$ 123,25 a tonelada, segundo cotação da commodity spot negociada no porto de Qingdao.

Ainda no noticiário da Vale, o  governo de Minas Gerais, o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União, entre outros órgãos, entraram com petição judicial em que buscam bloquear até R$ 26,68 bilhões em contas da Vale por danos socioeconômicos causados pelo rompimento de uma barragem da companhia em Brumadinho em 2019.

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O Ministério Público em Minas Gerais disse que o pedido de bloqueio bilionário tem como base um estudo feito pela Fundação João Pinheiro sobre impactos da tragédia, que deixou 270 mortos. Os procuradores disseram ainda que os danos morais coletivos e sociais foram calculados na ordem de R$ 28 bilhões, para os quais a petição requer indenização ou compensação.

“Este valor corresponde ao lucro líquido distribuído aos acionistas em 2018, montante que poderia ter sido aplicado na garantia da segurança das barragens”, defendeu o MP-MG, em nota.

Quem ganhou destaque também foram as ações foi o Magazine Luiza (MGLU3, R$ 90,15, +2,44%), que sobe forte após anúncio de um novo programa de recompra de ações.

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Fora do Ibovespa, a Tecnisa (TCSA3, R$ 12,79, -0,85%) chegou a ver suas ações saltarem 9%, mas zerarem os ganhos em meio ao ambiente de maior aversão ao risco do mercado. A companhia convocou duas assembleias extraordinárias relativas à proposta de fusão entre a companhia e a Gafisa (GFSA3, R$ 5,26, -1,31%) a pedido do Bergamo Fundo, cujas cotas são detidas pela Gafisa.

Entre as recomendações, a Gerdau (GGBR4, R$ 19,54, -0,05%) chegou a ver suas ações subirem, mas perdeu força, após os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia terem a recomendação elevada para neutra, com os analistas destacando a resiliência da demanda de aço no Brasil. Já as ações da Enauta (ENAT3, R$ 12,17, -3,87%) caíram quase 4% após terem a recomendação reduzida pelo UBS de compra para neutra.

Confira os destaques:

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Rumo (RAIL3, R$ 22,30, -3,84%)

Começam hoje as negociações das novas ações da Rumo, depois de a empresa realizar uma oferta primária. Segundo a empresa, o preço foi definido em R$ 21,75 por ação no seu follow on. Com isso, a operação somou R$ 6,4 bilhões, com 294,2 milhões de ações.
Os recursos serão destinados para o pagamento de outorgas e projetos estratégicos.

Qualicorp (QUAL3, R$ 29,90, -2,61%)

A Qualicorp divulgou ontem à noite lucro líquido de R$ 126,7 milhões no segundo trimestre de 2020, alta de 21,5% ante o mesmo período do ano anterior. O resultado foi beneficiado por ganhos não recorrentes com a venda de ativos.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, em inglês) ajustado foi de R$ 233,5 milhões, queda de 1,9% na comparação anual. Já a receita líquida caiu 2,8% para R$ 483,7 milhões.

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A dívida líquida da empresa chegou a R$ 594,8 milhões no final do trimestre, bem acima dos R$ 20,8 milhões computados um ano antes. Mesmo assim, houve uma melhora ante o primeiro trimestre de 2020, quando a dívida líquida atingiu R$ 777,9 milhões.

Segundo a empresa, a melhora foi consequência da forte geração de caixa e da não distribuição de dividendos no trimestre.

Além do resultado, a empresa divulgou um programa de recompra de até 10 milhões de ações ON, volume equivalente a 3,5% das ações em circulação. O prazo final para a operação é o dia 17 de fevereiro de 2022.

Os recursos disponíveis para aquisição das ações de emissão da própria Companhia no Programa de Recompra totalizam o montante de cerca R$ 530 milhões.

Em relatório, o Credit Suisse destacou o crescimento de 1,1% de beneficiários ante o primeiro trimestre e a revisão de custos e despesas (que caíram 17% na comparação anual). De acordo com o banco, a sustentabilidade dos novos níveis de custos e despesas deve ser acompanhado de perto pelo mercado daqui para frente.

O relatório destacou a queda de 4% na receita líquida ante o primeiro trimestre, atribuída ao foco em novas iniciativas de vendas. Segundo o Credit, os problemas da empresa com governança provocaram um desconto em suas ações, mas a crise já foi superada. Além disso, o banco avalia que a empresa é uma forte geradora de caixa, mesmo que o ritmo de crescimento seja lento.

“Este trimestre mostra que a empresa voltou aos trilhos, tanto comercialmente quanto administrativamente, permitindo que o valor seja destravado.” O banco manteve a recomendação de Outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 38,00.

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 90,15, +2,44%)

O Magazine Luiza encerrou o programa atual de recompra de ações e criou um novo, podendo comprar até 10 milhões de ativos ON, equivalentes a 1,49% dos papéis em circulação, por um período de até 18 meses.

A aprovação do novo programa pelo conselho de administração da companhia vem após encerramento de recompra anunciada em fevereiro do ano passado, no qual foram adquiridas 6.767.500 ações, com preço médio de R$ 34,75 por papel.

JBS (JBSS3, R$ 23,35, -1,81%)

A JBS informou a antecipação de R$ 389,5 milhões em recebíveis junto ao Banco Original, que é controlado por integrantes da família dos maiores acionistas indiretos da empresa. Segundo documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários, a JBS cedeu ao Banco Original recebíveis detidos contra determinados clientes, do mercado interno ou externo.

As cessões de crédito foram efetuadas sem coobrigação. Ou seja, houve a transferência definitiva dos riscos de não pagamento pelos clientes ao Banco Original. A taxa de deságio praticada na operação foi mais vantajosa à JBS do que outras alternativas disponíveis para antecipação de recebíveis, segundo o comunicado.

Eneva (ENEV3, R$ 50,02, +1,79%)

A Eneva anunciou um acordo de acionistas entre as gestoras de fundos de investimentos Atmos, Dynamo e Velt. De acordo com fato relevante, gestoras compartilham visão semelhante em relação ao investimento na Eneva.

“O acordo permitirá a formação de um bloco de acionistas independente, ágil e articulado, formado pelas três gestoras, que atuará em benefício do melhor interesse de longo prazo da Eneva”, afirmaram.

As três gestoras destacaram que não pretendem exercer o controle acionário da companhia ou alterar a estrutura da administração da Eneva. O acordo tem prazo inicial de 36 meses e pode ser prorrogado.

CSN (CSNA3, R$ 14,61, -1,55%)

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou que avalia um IPO (oferta pública de distribuição de ações) da CSN Mineração. Esta não é a primeira vez que a empresa manifesta o projeto, que está em pauta há anos.

O jornal Valor Econômico noticiou que a empresa contratou bancos para fazer a operação, mas a empresa disse que avalia “constantemente alternativas de captação de recursos no mercado de renda fixa ou variável.”

Petrobras (PETR3, R$ 22,76, -2,86%; PETR4, R$ 22,22, -2,84%)

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou ontem à CNN que nem o governo nem o Congresso são favoráveis a uma privatização da petrolífera estatal. O executivo, no entanto, declarou ser “conceitualmente” a favor.

“Não há disposição do governo e do Congresso em privatizar a Petrobras”, disse. Ele afirmou ainda que não há interferência de nenhum tipo do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na empresa.

A Petrobras informou ontem que realizou o pré-pagamento parcial de suas linhas de crédito compromissadas (revolving credit lines), no montante de US$ 2,1 bilhões. Com este pré-pagamento, a companhia dispõe atualmente para novos saques nas linhas compromissadas denominadas em dólares norte-americanos, de US$ 5,6 bilhões, e de R$ 4 bilhões, nas linhas em reais.

Segundo a empresa, a operação permitirá maior eficiência na gestão do caixa, em linha com a estratégia de otimização do capital da companhia.

 Tecnisa (TCSA3, R$ 12,79, -0,85%) e Gafisa (GFSA3, R$ 5,26, -1,31%)

A Tecnisa convocou duas assembleias extraordinárias relativas à proposta de fusão entre Gafisa e Tecnisa a pedido do Bergamo Fundo, cujas cotas são detidas pela Gafisa.

A primeira, marcada para 10 de setembro, deve discutir a revisão o mecanismo de proteção à dispersão acionária do capital social (poison pill), assim como a mudança de regras relativas à alienação do controle acionário.

Esta assembleia também propõe o aumento do capital social no montante de R$ 500 milhões e do limite de capital autorizado da companhia para 200 milhões de ações. Além disso, este encontro incluirá a análise do prosseguimento dos estudos para potencial integração de negócios entre a Tecnisa e a Gafisa.

Já a segunda assembleia deve ocorrer em 25 de setembro. A proposta do Bergamo para esta assembleia é a eleição de um novo conselho de administração, assim como a possibilidade de adoção de voto múltiplo na possível eleição do novo conselho.

A administração da Tecnisa se posicionou de forma contrária às propostas do fundo Bergamo, incluindo a avaliação da união com a Gafisa. “Uma eventual combinação de negócios, nesse momento, com uma outra companhia que possivelmente se apresenta em estágio menos consistente do que a companhia, traz receios significativos para a administração.”

NotreDame Intermédica (GNDI3, R$ 72,88, +3,24%)

O Grupo NotreDame Intermédica acertou a compra do Grupo Medisinitas por R$ 1 bilhão. O acordo de intenção de compra e venda foi assinado em 25 de agosto, segundo fato relevante.

O valor da transação foi fixado em R$ 1 bilhão. O preço de aquisição será pago à vista, na data de fechamento da transação, acrescido do caixa líquido, sendo que R$ 100 milhões serão destinados a constituição de uma conta garantia para contingências futuras. O pagamento será feito com recursos próprios e linhas de crédito já alinhadas com instituições financeiras.

Localiza (RENT3, R$ 48,42, -1,53%)

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) assinaram, acordo de leniência com a Car Rental, após confirmar irregularidades pontuais relacionadas ao pagamento de vantagens indevidas a servidor público no ano de 2010. A empresa tomou a iniciativa de realizar autodenúncia voluntária e procurou a CGU em 2016.

A Localiza comprou as operações da empresa em 2017, e também é signatária do acordo, assumindo, solidariamente, a responsabilidade pelo pagamento dos valores acordados.

Segundo o Itaú BBA, o acordo tem efeito neutro sobre as ações da empresa. “O montante a ser pago às autoridades brasileiras é de R$ 750 mil, valor que não vai impactar a companhia”, declarou o banco em relatório.

Plano & Plano

Outro IPO em pauta é o da construtora Plano & Plano, que pode movimentar mais de R$ 1 bilhão. De acordo com o aviso ao mercado publicado nesta terça-feira, a faixa estimativa de preço do negócio é de R$ 11,75 a R$ 15,25 por ação.

Considerando o preço médio dessa faixa, de R$ 13,50, e que a companhia venda todos os papéis ofertados, incluindo lotes suplementar a adicional, num total de 86,17 milhões de ações, a oferta movimentaria R$ 1,16 bilhão, segundo a Reuters. A precificação da oferta está prevista para 15 de setembro e estreia das ações na B3 no dia 17, sob a sigla PLPL3.

A Mosaico, dos comparativos de preços Zoom e Buscapé, pediu registro de IPO na CVM.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.