Ações de Azul, Gol e Embraer caem mais de 8%; IRB tem queda e Petrobras recua apesar de virada do petróleo para alta

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (10)

Lara Rizério

(Crédito: Shutterstock)
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SÃO PAULO – A sessão foi novamente de queda para o Ibovespa, com os investidores seguindo o exterior após a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Antes do discurso, os índices americanos chegaram a zerar as perdas com a decisão do banco central americano de manter os juros, mas voltaram a piorar em seguida.

Novamente, as ações do IRB (IRBR3, R$ 12,96, -1,97%) abriram com ganhos mais expressivos, de cerca de 4%, mas viraram para queda, enquanto os shoppings diminuíram os ganhos registrados no início da sessão com a expectativa pela reabertura do setor em São Paulo, seguindo o movimento da véspera, ainda que com alta mais modesta.

A Braskem (BRKM5, R$ 26,78, -0,81%), por sua vez, abriu com alta de cerca de 3%, mas virou para queda. No radar da companhia, ela e a Petrobras (PETR3, R$ 22,02, -2,95%; PETR4, R$ 21,40, -1,47%) renovaram o contrato de fornecimento de nafta para a petroquímica nas unidades da empresa na Bahia e Rio Grande do Sul.

Já sobre a Petrobras, os papéis recuaram mesmo após o petróleo virar para alta. Os contratos do petróleo WTI e brent tiveram leves ganhos após chegarem a cair forte com a alta de estoques da commodity nos EUA, segundo pessoas que tiveram acesso a relatório da API ouvidas pela Bloomberg, o que evidencia as dificuldades para o mercado encontrar um equilíbrio entre oferta e demanda. No final da manhã, foi reportado os dados do Departamento de Energia, com alta de 5,72 milhões de barris, ante expectativa de queda de 1,85 milhão.

As aéreas, caso de Azul (AZUL4, R$ 23,50, -8,84%) e Gol (GOLL4, R$ 20,24, -9,64%) também passaram a cair forte, liderando as perdas do dia, assim como Embraer (EMBR3, R$ 9,33, -9,51%) e CVC (CVCB3, R$ 22,98, -4,45%). Na véspera, aéreas (que subiram muito durante o rali da bolsa de 23 de março até 8 de junho), já tinham registrado forte queda.

Confira os destaques:

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Azul (AZUL4, R$ 23,50, -8,84%)

A companhia área Azul registrou uma alta da demanda em maio na comparação com abril. A empresa terminou o mês passado com 115 voos diários.

Segundo a companhia, houve uma alta de 51,6% na demanda e de 44,8% na oferta. Já a taxa de ocupação das aeronaves ficou em 72%, alta de 3,2 pontos percentuais.

A empresa informou ainda que espera ampliar sua malha de operações no próximo mês. A expectativa é chegar a 240 decolagens diárias nos dias de maior demanda.

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Ainda em destaque no noticiário da companhia, a Azul apresentou uma proposta ao Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) para garantir a estabilidade dos empregos de pilotos e comissários por 18 meses, mediante redução de jornada e salários. A iniciativa segue na esteira do acordo firmado entre a categoria e a Gol, anunciado na quinta-feira da semana passada, dia 4. O setor aéreo tem sido um dos mais atingidos no mundo pela pandemia do novo coronavírus, com algumas aéreas totalmente impossibilitadas de operar.

O acordo vale por 18 meses, com redução média de 16% na remuneração, levando em conta o corte no salário e na ajuda de custo.

De forma bruta, a redução de salário será de 45% entre o terceiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, quando o porcentual começa a cair. No quarto trimestre de 2021, a redução na remuneração será de 25%. Considerando a ajuda de custo, as reduções líquidas vão de 23% no terceiro trimestre de 2020 para 3% de queda na remuneração no quarto trimestre de 2021.

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Santander Brasil (SANB11, R$ 30,33, -4,89%)

O Santander Brasil negou na noite de terça-feira que tenha planos de reduzir seu quadro de funcionários em cerca de 20% do total, embora tenha admitido ter feito demissões pontuais. “Essa informação não é verídica”, afirmou o banco em comunicado.

Na tarde de terça, a edição online do jornal Folha de S.Paulo publicou que a filial no país do espanhol Banco Santander preparava a demissão de cerca de 9,4 mil funcionários, o que representa cerca de 20% do quadro de empregados da instituição no país.

Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, o banco demitiu 15 funcionários da área de asset management em São Paulo, além de outros seis da financiadora Aymoré.

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O Santander Brasil afirmou no comunicado que fez parte do movimento de empresas chamado Não Demita e que o compromisso valia até o final de maio.

Em análise, o Bradesco BBI destaca que a maioria dos grandes bancos que operam no país se comprometeu a não se envolver em demissões significativas durante a crise.

Os analistas apontam que a rotatividade natural de funcionários dos bancos provavelmente deve resultar em um número menor de funcionários até o final do ano, pois as instituições não devem substituir os funcionários que estão deixando a empresa durante a pandemia.

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“Em nossa opinião, uma das maiores oportunidades decorrentes dessa pandemia para os bancos seria ter uma estrutura mais eficiente, reduzindo o número de agências, otimizando processos e tendo mais pessoas trabalhando em casa. Observamos, no entanto, que o momento é importante. Essa crise global não nasceu dentro dos limites financeiros e os bancos têm uma oportunidade única de fortalecer suas imagens com suas comunidades. Demitir pessoas exatamente durante o momento mais grave da crise provavelmente prejudicaria a imagem dos bancos. Preferimos esperar que os bancos em geral se envolvam em mais otimizações materiais e significativas de suas estruturas até 2021 e 2022 do que em 2020, como sugerem as notícias. É quando acreditamos que alguma vantagem do lado dos custos deve ser vista”, avalia o BBI.

Petrobras (PETR3, R$ 22,02, -2,95%; PETR4, R$ 21,40, -1,47%) e Braskem (BRKM5, R$ 26,78, -0,81%)

A Petrobras prorrogou para 18 de junho o prazo para manifestação de interesse na sua participação em blocos exploratórios na Bacia do Espírito Santo, segundo comunicado ao mercado.

A Petrobras está vendendo uma parcela de sua participação nos blocos exploratórios pertencentes às concessões ES-M-596_R11, ES-M-598_R11, ES-M-671_R11, ES-M-673_R11 e ES-M743_R11. Permanecem inalteradas as demais condições do processo de venda. A empresa que já tenha manifestado interesse, não precisa fazer uma nova notificação.

Ainda no radar da companhia e também da Braskem, as duas empresas renovaram o contrato de fornecimento de nafta para a petroquímica nas unidades da empresa na Bahia e Rio Grande do Sul.

Esses novos contratos entram em vigor no vencimento do atual, ou seja, em dezembro de 2020. O prazo é de cinco anos.

O volume mínimo a ser fornecido é de 650 mil toneladas e, por opção da Petrobras, o adicional poderá ser de até 2,8 milhões de toneladas por ano. O preço foi fixado em 100% da cotação da nafta no Noroeste da Europa (ARA).

A Braskem também renovou os contratos de tancagem com a Petrobras Transporte, garantindo assim o acesso ao sistema logístico de nafta no Rio Grande do Sul.

Os analistas do Morgan Staley lembram que no contrato em vigor, o preço está fixado em 102,1% desse referencial.

Os analistas não viram a notícia como uma surpresa, já que a Braskem já sinalizava que o novo acordo seria feito por regiões. “Embora as duas empresas ainda precisem concluir as negociações para a região sudeste, o anúncio de hoje ajuda a abrir caminho para o desinvestimento de algumas refinarias da Petrobras”, avaliaram.

Localiza (RENT3, R$ 41,10, -4,20%), Unidas (LCAM3, R$ 16,19, -5,60%) e Movida (MOVI3, R$ 13,44, -7,05%)

O Itaú BBA revisou suas projeções para o segmento de locadora de veículos, mas manteve a recomendação de “outperform” para Localiza, Unidas e Movida. Os preços-alvo dos papéis, no entanto, foram reduzidos.

No caso da Movida, o preço-alvo foi caiu de R$ 27,50 para R$ 19,50. Na Unidas, o valor foi revisado de R$ 32 para R$ 25. Já o novo preço-alvo da Localiza foi fixado em R$ 50, ante R$ 58

“A Unidas provavelmente enfrentará a crise causada pela pandemia de forma mais fácil que seus pares, dada a sua maior exposição à divisão de gerenciamento de Frota que é mais resiliente”, explicaram os analistas.

Na Unidas, 56% da receita de aluguel da Unidas em 2019 foi gerada por essa divisão. Essa fatia foi de 28% na Movida e 24% na Localiza.
As novas projeções incluem o desempenho dessas empresas no primeiro trimestre do ano, o desempenho operacional de abril e considera a atualização do cenário macroeconômico.

BR Distribuidora (BRDT3, R$ 22,40, -4,31%)

A BR Distribuidora anunciou que o pagamento dos juros sobre capital próprio (JCP), que seria realizado até o dia 30 de junho, foi adiado para até o dia 30 de dezembro de 2020.

A medida já era esperada. A companhia reforçou que o adiamento tem caráter “precaucional, em face das incertezas trazidas pela atual conjuntura”.

Light (LIGT3, R$ 16,83, -2,94%)

O fundo de investimento em ações Samambaia Master aumentou sua participação em ações da Light  para 20,01%, segundo o documento enviado ao mercado na terça. O fundo passa a deter 60.817.410 papéis da companhia.

“Conforme a correspondência enviada pelo Fundo, sua participação acionária detida tem por objetivo o investimento na Companhia sem a intenção de alterar a sua composição de controle ou estrutura administrativa e não visa atingir nenhum percentual de posição acionária em particular”, afirmou a Light.

Shoppings

O comércio de São Paulo inicia a sua reabertura mesmo com o avanço dos casos de coronavírus. As lojas de rua voltam a abrir nesta quarta-feira e, na quinta-feira, será a vez dos shoppings. A prefeitura determinou algumas regras para o funcionamento desses estabelecimentos, como a limitação do horário aberto ao público de quatro horas.

Segundo dois estudos relatados em reportagem da “Folha de S.Paulo”, em situações de taxa de contágio do coronavírus elevadas, o impacto recessivo ocorre sem ou com quarentena. Isso seria consequência do temor do consumidor em ter contato com o vírus.

O presidente da Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, espera que o movimento para o Dia dos Namorados, comemorado na sexta-feira, caia pela metade.

Vale ressaltar que, na véspera, as ações de empresas do setor de shoppings subiram em média 4% ontem, reagindo ao noticiário de reabertura do comércio na cidade de São Paulo.

Conforme destaca análise da XP Investimentos, a cidade está entre as mais representativas para as operadoras de shoppings sob cobertura, com representatividade para a Iguatemi de cerca de 19% da sua ABL própria de shoppings e cerca de 38% da Receita de Aluguel de 2019, de 11% e 19%, respectivamente, para Multiplan e de 24% e 45% para a CCP (com base na receita por ativo de 2018 da companhia). Já para a brMalls, a cidade representou 9% da sua ABL própria e 13% de seu NOI (resultado operacional líquido) de 2019. Os números mencionados não incluem shoppings localizados na Grande São Paulo.

No radar do setor, o Bradesco BBI fixou o preço-alvo para as ações da Aliansce Sonae (ALSO3, R$ 29,55, -5,59%) em R$ 44, ante R$ 31,30. Para os analistas, embora parte do consumo esteja migrando para o comércio eletrônico, o setor de shoppings continua resiliente no Brasil e a administradora de shoppings é a com maior potencial de valorização.

A avaliação é que a Aliansce Sonae tem um bom histórico de administração e tem a incorporar as sinergias das fusões, embora esse processo possa demorar um pouco mais.

“Continuamos confiantes de que esse setor permanecerá resiliente e sólido no Brasil, oferecendo opções de compras muito mais seguras do que as lojas de rua, enquanto também oferece áreas de experiência e lazer em um país que não possui esse tipo de espaço público”, avaliaram.

B3 (B3SA3, R$ 50,74, -0,65%)

A B3 anunciou que atingiu em maio 2,511 milhões de investidores ativos no segmento de ações. O número representa um crescimento de 123,8% na comparação com igual mês de 2019. Em relação a abril, a alta foi de 4,1%.

Com mais investidores, o volume financeiro médio diário do mercado à vista de ações ficou em R$ 25,409 bilhões em maio, um crescimento de 73,9% em 12 meses, mas uma queda de 8,7% na comparação com abril.

Os dados operacionais, no entanto, mostrando que o número de empresas listadas segue praticamente estagnado. Era 391 em maio, ante 393 em abril e o mesmo número de 391 em maio de 2019.

Para a B3, a receita média por contrato no segmento de juros, moedas e mercadorias foi de R$ 2,022, um crescimento de 20,6% em 12 meses e expansão de 9,3% na comparação com abril.

Educação

A pandemia do novo coronavírus deve acelerar a expansão do ensino a distância na graduação, segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”. A expectativa da consultoria Educa Insights é que as matrículas na modalidade on-line superem a presencial em 2022. Antes da pandemia, a expectativa é que isso fosse acontecer só em 2023.

Segundo último levantamento do Ministério da Educação, referente ao ano de 2018, o ensino superior privado tem 4,5% milhões de alunos em cursos presenciais e 1,8 milhão na graduação online.

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(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.