Ação da Heineken desaba após balanço frustrar: qual a leitura para a Ambev no Brasil?

Apesar de resultado geral da Heineken frustrar, no Brasil não houve grandes surpresas no cenário competitivo; Ambev divulga números no dia 1 de agosto

Equipe InfoMoney

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 As ações da cervejaria holandesa Heineken caíram cerca de 10% nesta segunda-feira, depois que um esperado aumento nas vendas de cerveja impulsionado por eventos esportivos não se concretizou, e a empresa assumiu um encargo de 874 milhões de euros (US$ 948 milhões) sobre seu investimento na China.

A fabricante da cerveja mais vendida na Europa elevou sua previsão de lucro operacional para o ano inteiro, mas alguns analistas disseram que isso também não era tão otimista quanto esperavam.

A empresa relatou um aumento de 12,5% no lucro operacional para os primeiros seis meses do ano, um pouco abaixo da previsão de 13,2% dos analistas de um consenso compilado pela empresa. Sua receita e volumes do primeiro semestre também ficaram ligeiramente abaixo das expectativas.

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A Heineken agora espera um crescimento orgânico do lucro operacional de entre 4% e 8% em 2024, em comparação com sua orientação anterior de crescimento entre um dígito baixo e um dígito alto. Isso permanece abaixo do crescimento de 8,2% que os analistas esperam atualmente.

O diretor financeiro da empresa, Harold van den Broek, disse que a orientação refletiu os fracos meses de junho e julho na Europa, onde o clima mais frio afetou o desempenho da Heineken e o esperado impulso dos eventos esportivos não se concretizou.

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A Heineken e outras cervejarias europeias esperavam vender mais cerveja este ano, ajudadas por eventos como a Eurocopa de futebol, na Alemanha, e a Olimpíada, que estão realizadas em Paris.

As ações das rivais da Heineken caíram em seu rastro na segunda-feira, com a Carlsberg caindo 4% e a Anheuser-Busch InBev caindo 0,8%. Elas ainda não divulgaram os resultados do semestre.

Os investidores estavam ansiosos para que a Heineken atualizasse suas previsões desde que decepcionou o mercado em fevereiro ao definir uma perspectiva ampla para o crescimento dos lucros, recebendo críticas por ser excessivamente cautelosa.

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A longo prazo, a Heineken está bem posicionada para o crescimento, mas pequenas decepções recorrentes ofuscam esse quadro, disse Louis Jamieson, analista sênior de ações globais da Sanlam Investments. “É difícil obter o impulso dessa história se houver sempre esses pequenos problemas”, disse.

A Heineken reduziu o valor de sua participação de cerca de 20% na China Resources Beer, gerando um prejuízo líquido. Van den Broek disse que isso estava relacionado apenas a um declínio no preço das ações da empresa, que, de outra forma, estava tendo um bom desempenho.

E o Brasil? As leituras para a Ambev e setor

Ao olhar para o Brasil, o Itaú BBA ressalta que a Heineken divulgou seus resultados do primeiro semestre de 2024 com crescimento de receita de um dígito alto no país. Houve um crescimento de volume de um dígito baixo no primeiro semestre, após um crescimento de volume de um dígito alto no primeiro trimestre, indicando uma desaceleração no crescimento consolidado de volume no trimestre.

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O portfólio premium da empresa continuou a crescer em um dígito baixo, fortalecendo ainda mais a posição de liderança da Heineken nesse segmento. No portfólio mainstream (marcas mais comuns), houve uma leve queda no volume, devido ao crescimento de um dígito baixo da Amstel, que foi compensado por um desempenho mais fraco da Devassa. Por fim, o portfólio econômico teve uma queda de volumes de dois dígitos, devido à competição desafiadora nesse segmento.

Os resultados da Heineken indicam a persistência de um ambiente competitivo, especialmente no segmento econômico. Enquanto a competição mais acirrada com a Heineken no segmento premium não é uma novidade para os investidores, o recente crescimento da Amstel como a marca número 1 no segmento mainstream de malte puro reforça a paisagem competitiva em todos os segmentos.

A Heineken também destacou a intensificação da competição de preços no segmento econômico, provavelmente impulsionada por estratégias mais agressivas da Petrópolis (dona das cervejas Itaipava e Petra), em recuperação judicial.

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Em relação à Petrópolis, as verificações em canais do Itaú BBA indicam que a empresa tem operado com um preço cerca de 20% abaixo dos concorrentes, buscando ganhos de volume e diluição de custos. Consequentemente, uma estratégia de preços mais agressiva parece ter contribuído para a recuperação da participação de mercado da Petrópolis em relação ao ano anterior.

“Embora reconheçamos que margens mais saudáveis sejam provavelmente uma solução de longo prazo para a Petrópolis, abrindo caminho para dinâmicas de rentabilidade mais favoráveis ​​em toda a indústria, também observamos que as tendências de preços de curto prazo podem continuar desafiadoras para o setor”, avaliam os analistas do BBA.

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Dito isso, o noticiário está alinhado com a compreensão atual do cenário competitivo da cerveja brasileira e não implica em nenhuma mudança das previsões atuais do BBA para a Ambev no segundo trimestre de 2024, esperando-se um aumento de volume de 3% em relação ao ano anterior e um aumento de 2,0% na receita/hl no segmento de cerveja do Brasil.

A Ambev divulga seus resultados no próximo dia 1 de agosto, antes da abertura. O BBA espera um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) consolidado de R$ 5,5 bilhões, com margem de 28,5% (+0,6 ponto percentual, ou pp, em um ano e -3,8 pp trimestralmente). Além disso, projeta um lucro líquido de R$ 2,7 bilhões, o que representa um aumento de 7% na comparação anual e uma contração de 28% em base trimestral.

Já a XP projeta que as operações do Brasil da Ambev apresentem números sólidos – a casa estima que os volumes de cerveja do Brasil permaneçam estáveis em relação ao ano anterior, enquanto a ROL [receita operacional líquida]/hl deve aumentar pouco, principalmente devido à premiumização, embora parcialmente compensada por impostos mais altos. Do lado negativo, projeta resultados fracos no Canadá e na LAS (América Latina Sul), já que a Argentina ainda não “chegou ao fundo do poço”, apesar dos melhores números de inflação na região.

Após um benefício não recorrente no primeiro trimestre, a taxa de imposto efetiva da empresa deve se recuperar para o consenso (projetamos 23% no trimestre). Do lado positivo, os resultados financeiros devem melhorar substancialmente devido aos menores custos de hedge relacionados à exposição cambial da Argentina. No total, estimamos uma queda não empolgante de 0,7% em relação ao ano anterior no lucro por ação (LPA).

(com Reuters)