Ação da Hapvida (HAPV3) fecha com derrocada de 11% após onda de corte de recomendações

Analistas veem desafios para integração após aquisições e têm visão mais cautelosa sobre as margens após os resultados do terceiro trimestre de 2022

Lara Rizério

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A ação da Hapvida (HAPV3) teve um dia de forte queda, de mais de 10%, e acumula uma das maiores perdas do índice no acumulado de janeiro, em meio a uma onda de corte de recomendações dos ativos. Os papéis HAPV3 caíram na sessão desta segunda-feira (9) 11,02%, a R$ 4,20.

Na manhã desta segunda, o Bradesco BBI cortou a classificação da ação para “neutra” e reduziu o preço-alvo de R$ 9,50 para R$ 6,50, citando entre as razões uma visão mais cautelosa para as margens.

Os analistas do banco justificam o corte principalmente devido a: uma visão mais cautelosa sobre as margens após os resultados do terceiro trimestre de 2022 (3T22), a indicação da empresa de um MLR (índice de sinistralidade) maior do que o esperado anteriormente para 2023 (ou seja, mais de 67,5% para empresas adquiridas até 2021 e até um adicional de 1,5-2% para aquisições recentes), uma piora do cenário macro, além de ver um valuation pouco atrativo.

Os analistas cortaram as projeções de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em 18%, para R$ 3,65 bilhões, e do lucro líquido ajustado em 40%, para R$ 965 milhões. A projeção para o lucro líquido está 7% abaixo do consenso Bloomberg, mas muitos ajustes podem distorcer significativamente a comparação.

Também nesta segunda, o banco americano Bank of America também cortou a recomendação da empresa de compra para ‘neutro’, reduzindo o preço-alvo de R$ 10 para R$ 6.

Para o BofA, “o mercado quer acreditar na tese da empresa, mas que os sinais são negativos”. Os resultados, avaliam os analistas, estão se deteriorando significativamente desde a fusão e aquisição com a NotreDame Intermédica e eles acreditam que a companhia está passando por mudanças estruturais, especialmente em termos de MLR.

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“Continuamos acreditando na força do modelo verticalizado (de baixo custo) para o longo prazo, mas a recomendação neutra reflete melhor os riscos de curto e médio prazo”, aponta o banco.

Cabe ressaltar que na semana passada, os analistas do JPMorgan cortaram a recomendação para a ação da Hapvida para ‘neutra’, com preço-alvo reduzido de R$ 9,50 para R$ 5,50. Os analistas Joseph Giordano e Estela Strano enxergam ventos contrários mais fortes ao crescimento e à lucratividade, citando por exemplo que o mercado de trabalho provavelmente mais fraco no meio do ano deve prejudicar a expansão da base de membros.

Além disso, acrescentaram, o ambiente desafiador de precificação para recompor os níveis históricos de sinistralidade deve permitir a normalização da rentabilidade apenas no segundo semestre de 2024, mesmo com sinergias esperadas da aquisição da Intermédica.

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“Embora ainda vejamos a empresa como uma estruturante ganhadora de market share nos planos privados de saúde, principalmente se tivermos uma perspectiva positiva para o mercado de trabalho, acreditamos que os próximos 24-30 meses serão mais desafiadores do que o mercado espera.”

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.