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SÃO PAULO – O famoso slogan “faz um 21” da Embratel quase se fez presente nas ações da companhia na Bovespa. Com um movimento muito fora da normalidade, os papéis ordinários da empresa (EBTP3) terminaram esta segunda-feira (5) com alta de 81,82%, saltando de R$ 11,00 para R$ 20,00 – maior patamar da ação desde seu ingresso no mercado de capitais, no final de 1998.
Com uma alta mais “tímida”, os ativos preferenciais (EBTP4) subiram 30,40%, para R$ 14,80. Diferente da EBTP3, ela não renovou sua máxima histórica, chegando apenas à sua maior cotação na Bovespa desde julho de 2008.
Novo investidor na área?
Empresas tão pouco negociadas na Bolsa, como é o caso da Embratel, tendem a apresentar movimentos bruscos no mercado sempre que um grande investidor se posiciona na ação ou se desfaz do investimento, já que sua baixa liquidez proporciona uma forte queda nos preços para achar um comprador interessado – ou uma forte alta para encontrar um vendedor. Esse talvez pode ser o motivo da disparada do papel, já que a empresa não enviou nenhum comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Algo que corrobora para isso está em outro dado disponibilizado na Bovespa: o volume financeiro e número de negócios realizados com as ações da Embratel. Tanto para os papéis ON quanto para os PN, a disparada nos preços veio apenas no leilão de fechamento – último momento de negociação antes do encerramento do pregão – com praticamente todas as compras intermediadas pela mesma corretora: a Liquidez. Isso pode justificar que o responsável por impulsionar os preços tenha sido um único investidor endinheirado.
Volume acima da média
Explicitando em números o movimento da Embratel hoje na Bolsa: o último negócio realizado com as ações ordinárias antes do leilão de fechamento foi às 16h, ao preço de R$ 11,00 – esse havia sido apenas o 4º negócio envolvendo o papel. No leilão de fechamento, às 17h16, 31 negócios foram realizados, Planner Corretora e Novinvest intermediando a compra de 1 negócio cada e os 29 restantes feitos pela Liquidez. Ao final do dia, o papel EBTP3 movimentou R$ 880,4 mil – a média dos 21 dias anteriores era de R$ 151 mil -, com a Liquidez responsável por comprar praticamente R$ 800 mil destas ações.
Para EBTP4, o movimento foi semelhante: 4 negócios até às 16h e 28 no leilão de fechamento. Destes 32 trades, a Liquidez apareceu no lado comprador em 30 deles – os outros dois foram intermediados pela Planner. O volume financeiro final foi de R$ 500,1 mil, com a Liquidez respondendo por quase R$ 495 mil das compras.
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Procurado pelo InfoMoney, o departamento de Relações com Investidores da Embratel disse não haver nenhuma novidade que justificasse o desempenho atípico. Já Liquidez Corretora disse que estava autorizada a se pronunciar sobre as compras, nem mesmo se elas foram feitas pelo mesmo CPF.
Mico? Barsi e Slim estão por trás da empresa
Se não houve uma notícia que justificasse a alta desenfreada desta segunda-feira, é válido ter em mente o histórico da Embratel na BM&FBovespa. Mesmo com baixíssima liquidez, a ação é tida como uma das preferidas de Luiz Barsi, conhecido como “Rei da Bovespa” por ser uma das maiores investidores pessoa física do mercado brasileiro.
Em entrevista ao InfoMoney em julho do ano passado, Barsi classificou a companhia de telecomunicações como uma das mais baratas da bolsa brasileira – na época, tanto EBPT3 quanto EBTP4 eram cotadas na faixa entre R$ 7,00 e R$ 8,00, bem abaixo dos patamares atuais. O megainvestidor também elogiou a generosa política de dividendos da empresa, que em 2013 chegou a uma quantia bilionária.
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Outro ponto a ser lembrado: a Embratel faz parte do grupo América Móvil, maior empresa de telecomunicações da América Latina e presidida por ninguém menos que Carlos Slim, 2º homem mais rico do mundo, atrás apenas do Bill Gates, segundo ranking de bilionários da Bloomberg.
Resultados do 1º trimestre
Por fim, é válido reforçar que a Embratel divulgou seus resultados do 1º trimestre de 2014 no último dia 29 de abril. Durante o período, a companhia teve uma receita líquida de R$ 5,639 bilhões, crescimento de 11,1% frente aos mesmos três meses de 2013. Os custos e despesas, no entanto, cresceram mais forte que as vendas – alta de 13,9% na mesma base comparativa -, totalizando R$ 4,195 bilhões, informa a companhia.
Já o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) subiu apenas 3,6%, para R$ 1,444 bilhão. O lucro líquido, por sua vez, caiu forte nestes 12 meses: de R$ 253,3 milhões para R$ 79,9 milhões, impactado sobretudo pelo aumento de 91,1% do prejuízo financeiro, que somou R$ 246,5 milhões entre janeiro e março.