Ação da Azul seguirá volátil enquanto aérea negociar dívidas, diz analista

Pedro Bruno, head de Transportes da XP, diz que câmbio, petróleo e nova renegociação com arrendadores de aviões influenciaram a variação forte do preço do papel

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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A Azul (AZUL4) tem dado o que falar nas últimas semanas, e nos próximos dias devem continuar os rumores sobre como a companhia aérea deve fechar uma nova rodada de negociação com os seus credores.

Pedro Bruno, head de transportes da XP, participou nesta segunda-feira (23) do Morning Call da XP, e fez uma breve retrospectiva da situação.

Histórico de renegociação de dívidas

Ele contou que desde a pandemia a Azul já havia renegociado suas dívidas jogando para frente uma parcela importante de seus vencimentos, principalmente com os arrendadores dos aviões da companhia aérea.

“No meio do ano passado, quando os vencimentos se aproximaram, eles fizeram uma nova negociação. Aquela negociação foi superpositiva. A Azul teve bastante sucesso em renegociar os seus compromissos com seus credores”, disse.

“Porém, tem um fator ali que vem causando uma preocupação bastante grande nos investidores. É que parte dessas dívidas a Azul se comprometeu a pagar em ação e não em dinheiro”, ressaltou.

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Pagamento com ações

“Isso é bom, porque limita o risco de liquidez que eventualmente a Azul poderia ter”, disse. “Porém, o compromisso financeiro foi acordado de ser pago com a ação a R$ 36. Só que a ação da Azul – no momento dessa negociação – estava entre R$ 12 e R$ 15, já era um nível muito abaixo de R$ 36. E qualquer valor abaixo dos R$ 36 poderia custar uma diluição bastante relevante das ações”, explicou.

Nesta segunda-feira (23), por volta das 11h30, o preço da ação estava valendo R$ 5,11, recuando 2,85%. Em 2024, o papel acumula queda de 68% e de menos 64,5% em 12 meses.

O analista pontou que, com a ação abaixo de R$ 36, terá que se emitir uma quantidade maior de papéis para pagar aos credores. Segundo ele, isso causou preocupação para os acionistas correntes.

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Somada a essa situação, existe o fato de o setor de aviação tender a ser volátil na bolsa por conta do câmbio e do preço do petróleo. Nos dois casos houve forte volatilidade, principalmente do real.

Renegociação do ano passado venceu

“Esses dois fatores favoreceram a queda das ações, que entrou em uma espiral negativa”, destaca. Ele lembra que a ação acabou batendo a mínima de R$ 4/ação, há algumas semanas.

O analista acrescentou que, mais recentemente, houve uma valorização dos papéis, por conta de notícias envolvendo uma nova renegociação, “porque aquele compromisso de pagar em ações tinha um período de carência e esse período de carência venceu”.

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“Os pagamentos começariam agora no terceiro trimestre. Então, alguma coisa tem que acontecer: ou a empresa tem que começar a pagar em ações e essa diluição (das ações) poderá acontecer ou voltar a renegociar”, complementa.

Enquanto isso, a XP mantém recomendação neutra para o papel.