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As ações da companhia aérea Azul (AZUL4) registraram uma sessão de fortes emoções na Bolsa brasileira nesta quinta-feira (29). Mais cedo, os papéis chegaram a cair até os R$ 5,35, ou baixa de 26,21% (e com queda de mais de 20% durante toda a manhã), após notícia da Bloomberg, citando fontes, de que a aérea estaria avaliando opções que vão desde uma oferta de ações a um pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos, chamado de “Chapter 11″, enquanto luta para cumprir obrigações de dívida com vencimento iminente.
Com a demanda por esclarecimentos, os ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) da Azul tiveram a sua negociação interrompida às 13h47 (horário de Brasília) e as ações AZUL4 na B3 tiveram pregão suspenso às 14h16 com a iminência de fato relevante da aérea. Os papéis AZUL4 reabriram por volta das 14h50 mantendo forte queda, fechando em baixa de 24,14%, a R$ 5,50.
A companhia arquivou o comunicado de esclarecimento na CVM às 14h22, dizendo que a notícia publicada pela Bloomberg foi “mal-interpretada”.
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A aérea reafirmou uma série de negociações que havia divulgado anteriormente envolvendo ações para melhoria de sua estrutura de capital.
A Azul não mencionou as alternativas citadas pela matéria; em vez disso, a empresa citou uma série de ações que a empresa já havia divulgado anteriormente, como negociações para uma combinação de negócios com a rival Gol (GOLL4) e que tem capacidade de captação de recursos utilizando a unidade Azul Cargo como garantia primária em montante de até US$ 800 milhões.
“A companhia está em negociações ativas com seus principais ‘stakeholders’ para otimizar a estrutura de equity acordada no plano de otimização de capital do ano passado. Em linhas gerais, os ‘stakeholders’ estão demonstrando apoio e as negociações estão avançando na direção de melhores resultados para todas as partes”, afirmou a Azul no fato relevante.
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Em entrevista à Reuters, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, afirmou que a companhia aérea está saudável financeiramente, recebendo novas aeronaves e não tem planos de fazer um pedido de recuperação judicial.
“Não temos uma empresa aérea quebrada. Temos uma empresa aérea super saudável, que vai negociar com seus parceiros”, afirmou o executivo em entrevista à Reuters. Um pedido de recuperação judicial (chamado de Chapter 11 nos Estados Unidos) “não é nosso plano. Não é meu plano, não é o plano dos parceiros. Estamos trabalhando em uma discussão amigável com todo mundo como sempre fizemos”, acrescentou o executivo, que negou reportagem publicada na véspera pela Bloomberg que citou entre as opções da companhia um eventual pedido de recuperação judicial.
Alternativas no radar
Mais cedo, a Bloomberg afirmou que, embora um pedido de Chapter 11 estivesse sendo considerado, a Azul pretenderia evitá-lo e estaria trabalhando com o Citigroup para uma potencial oferta de ações, conforme disse uma das fontes ouvidas pela agência.
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A companhia também estaria trabalhando com o Citi como consultor sobre o potencial contrato de fusão com a Gol. Outra opção que vem sendo estudada é a emissão de novas dívidas por meio da unidade de carga da Azul. Representantes do banco americano e da Azul não comentaram.
A aérea também trabalha para acelerar a eventual fusão com a Gol, para assim convencer os credores de que uma nova companhia combinada teria níveis mais baixos de dívida e melhores perspectivas de crescimento, disse uma das pessoas. Mas essa abordagem é vista como menos atraente, considerando as urgentes necessidades de caixa da Azul e os fracos resultados financeiros.
A Gol entrou com pedido de Chapter 11 nos EUA, tendo que lidar com US$ 2,7 bilhões em passivos de curto prazo e realizar mais de uma dezena de trocas de dívidas. Três outras companhias aéreas da região – Avianca, Latam Airlines e Grupo Aeromexico – entraram com o pedido em 2020, com seus respectivos processos se arrastando por anos. Desde então, transportadoras menores como a InterJet, no México, e a Viva Air, da Colômbia, também encerraram operações.
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A Azul foi o única entre o trio de companhias aéreas dominantes do Brasil que não pediu proteção contra credores após a pandemia de covid-19, que dizimou a indústria de viagens.
Em vez disso, a empresa conseguiu empurrar os vencimentos por meio de uma troca de títulos em junho de 2023. Mas ainda está enfrentando obrigações de leasing e altos pagamentos de juros sobre sua elevada dívida.
Com o real mais fraco, as despesas da companhia foram infladas, incluindo pagamentos de leasing em dólares e custos de combustível atrelados à moeda americana. A empresa possui R$ 382 milhões de títulos de 2024 a serem pagos este ano, além de US$ 550 milhões a serem pagos nos próximos quatro anos.
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As ações da Azul caíram recentemente depois que a companhia registrou perdas líquidas de R$ 3,87 bilhões no segundo trimestre, além de um aumento em sua dívida líquida. O nível de alavancagem da empresa subiu para 4,5 vezes seus ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ante 3,7 vezes no trimestre anterior, de acordo com suas mais recentes informações financeiras publicadas.
Analistas do UBS BB lembraram em relatório a clientes nesta quinta-feira do plano de reestruturação da ordem de US$ 800 milhões foi fechado com arrendadores, com parte do pagamento ocorrendo com emissão de ações a R$ 36.
Ao mesmo tempo, Alberto Valerio e equipe acrescentaram que a Azul tem feito esforços para lançar uma nova debênture e aumentar sua liquidez.
(com Bloomberg e Reuters)