Ação da Americanas (AMER3) desaba 42,5% e vai a R$ 1 com pedido de recuperação judicial e anúncio de saída de índices

As dívidas da empresa somam R$ 43 bilhões e envolvem credores financeiros, trabalhistas e fornecedores; em 6 pregões, a baixa acumulada é de 91,67%

Equipe InfoMoney

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As ações da Americanas (AMER3) tiveram uma queda forte na sessão desta quinta-feira (19), dia marcado pelo pedido de recuperação judicial da companhia. Os papéis caíram 42,53%, fechando a simbólicos R$ 1,00, em uma sessão novamente marcada por diversos leilões devido a oscilações extremas. Em seis pregões, as ações saíram de R$ 12,00 para R$ 1,00, ou uma baixa de 91,67%, uma derrocada desde que as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões no balanço foram reveladas, na noite do último dia 11 de janeiro.

Cabe destacar que, nesta tarde, a B3 informou que vai retirar as ações da Americanas de 14 índices da Bolsa de Valores, sendo o principal deles o Ibovespa, em meio ao pedido de recuperação judicial. Além do Ibovespa, as ações da Americanas deixaram os índices IGCX, ICO2, ICON, IBXX, IGCT, IGNM, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL e GPTW. A medida vale após o pregão desta sexta-feira (20). De acordo com a Bolsa brasileira, a participação dos papéis da varejista será redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes da carteira dos índices.

No pedido de RJ, a companhia informou que suas dívidas somam R$ 43 bilhões e envolvem credores financeiros, trabalhistas e fornecedores e é o quarto maior caso já registrado no país.

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“A Americanas informa que deu entrada hoje em seu pedido de Recuperação Judicial na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Dado o pedido de Recuperação Judicial da empresa, a Administração da Americanas vem a público informar que seguirá operando normalmente dentro das novas regras da recuperação judicial, cujo um dos objetivos principais é a própria manutenção de empregos, pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral”, afirmou a companhia em comunicado.

A empresa também afirmou que, para tanto, o grupo de acionistas de referência informou ao presidente do Conselho de Administração que pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, Americanas.com, da AME e suas coligadas.

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A varejista também pediu o engajamento dos “colaboradores nesta nova fase e principalmente dos fornecedores com quem temos relações históricas. A história da Americanas segue com determinação rumo a uma nova fase, com o compromisso com a sociedade e disposta a construir soluções que possam vir atender aos credores da empresa”.

Durante a tarde, o juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, aprovou o pedido. 

Redução de caixa

No início do dia, a varejista já tinha afirmado que avaliava entrar com um pedido de recuperação judicial em caráter de urgência “nos próximos dias” ou “nas próximas horas” diante de sua posição de caixa. Com isso, os papéis já abriram a sessão em forte queda, que se intensificaram após a confirmação do pedido.

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No documento em que destacou a iminência (depois confirmada) do pedido de recuperação judicial, a Americanas citou a decisão da Justiça do Rio de Janeiro na quarta-feira que reverteu entendimento anterior que protegia a companhia contra credores por 30 dias. O caso envolveu o BTG Pactual (BPAC11) e uma dívida de R$ 1,2 bilhão.

Na véspera, a Americanas ainda informou que o Bradesco (BBDC4) reteve mais de R$ 450 milhões do caixa da companhia, o que, segundo a varejista, descumpria a proteção que a empresa obteve da Justiça contra o bloqueio de bens.

Assim, a recuperação judicial é uma trégua que a companhia pede à Justiça para não pagar suas dívidas enquanto tenta se recuperar.

Cabe destacar que, além de pedir recuperação judicial à Justiça do Rio de Janeiro, a defesa da Americanas solicitou que BV, Bradesco, Itaú (ITUB4) e Safra sejam obrigados em seis horas a devolver recursos que bloquearam em contas da varejista. A peça afirma que a varejista possui apenas cerca de R$ 250 milhões em caixa para honrar com os pagamentos de obrigações.

Os advogados destacaram que, na última quarta, a companhia possuía apenas R$ 800 milhões em recursos, mas a quantia caiu diante dos bloqueios de recursos feitos por bancos credores.

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“A situação, que já era gravíssima, piorou. De forma ilícita, arbitrária e ilegítima, o Safra, o Bradesco e o Itaú também promoveram resgates e bloqueios indevidos no caixa do Grupo Americanas”, afirmou a peça enviada à Justiça nesta tarde.

Segundo a defesa da companhia, o Bradesco teria bloqueado R$ 474.160.121,11, enquanto o BV reteve R$ 206.995.074,40, o Safra, R$ 95.078.544,76, e o Itaú, R$ 45.698.227,67. O texto afirma que não há decisões judiciais que permitam aos bancos de fazer estes congelamentos. São cerca de R$ 822 milhões ao todo.

O único banco que obteve decisão favorável depois da cautelar que impedia o vencimento antecipado de dívidas tinha sido o BTG Pactual. “Mas essa decisão, evidentemente, favorece somente o BTG, e não se estende aos demais credores, porque cingiu-se a avaliar as peculiaridades daquela hipótese específica e determinou, inclusive, o bloqueio dos valores na conta da referida instituição financeira”, afirmaram os advogados da Americanas.

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Hoje, a defesa da companhia afirmou que Safra e Itaú descumpriram a decisão sem se manifestarem sobre os efeitos da liminar.

“A situação do Grupo Americanas tem se agravado a cada dia, o que coloca em risco grave a continuidade das operações e, consequentemente, sua sobrevivência”, prosseguiu a defesa da varejista.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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