Ação da Ambev (ABEV3) fecha em alta de 5,66% após JPMorgan elevar recomendação, mesmo projetando balanço sem brilho no 2º tri

Analistas têm recomendação equivalente à compra pela primeira vez desde 2018; já o resultado do 2º tri seguirá pressionado por inflação de custos

Equipe InfoMoney

(shutterstock)
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A ação da Ambev (ABEV3) se destacou como a maior alta do Ibovespa na sessão desta quarta-feira (13), fechando com ganhos de 5,66%, a R$ 14,57.

O movimento ocorre após o JPMorgan elevar a recomendação das ações da fabricante de bebidas de neutra para overweight (exposição acima da média do mercado) pela primeira vez desde que iniciou cobertura para o papel, em 2018.

O preço-alvo, por sua vez, foi elevado de R$ 15 para R$ 17 ao final de 2023, o que corresponde a um potencial de valorização de 23% em relação ao fechamento da véspera.

“Nós enxergamos os preços de commodities mostrando alívio – indicando um ponto de virada nas margens em 2023 – como a peça que faltava no quebra-cabeça para um ‘upgrade’ tático”, apontam os analistas.

Eles citam que o rastreamento de preços do banco indica que a execução da receita está “no ponto”, com a empresa elevando os preços sem perda significativa de elasticidade ou volume.

Acompanhamento do JP mostra que a companhia elevou os preços da cerveja em 12% no canal off-premise (supermercados) nos últimos 12 meses; e em 10% nos canais on-premise (bares e restaurantes) nos últimos seis meses.

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Os analistas do banco também citam a projeção de que a demanda por cerveja no Brasil no segundo semestre deva ser sustentada pelo aumento das transferências de renda para a população, Copa do Mundo e melhora do clima em julho, entre outros fatores.

Os analistas afirmam ainda ver a marca Heineken superando o desempenho do mercado em razão do seu forte valor de marca e aumento da capacidade de produção. Mas destacam que sua pesquisa com consumidores mostra que a preferência pela marca Ambev vem se recuperando, impulsionada pela inovação.

“Além disso, vemos que a Ambev está bem posicionada para competir no segmento de mercado ‘core plus’ [intermediário entre as marcas populares e as marcas premium] de rápido crescimento com Brahma DM e Spaten apresentando bom desempenho”. Os analistas avaliam que as estratégias digitais BEES e Zé Delivery devem ajudar a resiliência da Ambev nesses canais.

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Para o JP, a concorrência está finalmente se tornando uma preocupação secundária para a tese de investimento da companhia.

Os analistas elevaram a projeção para o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de 2022 da Ambev em 1%, para R$ 23,283 bilhões, com margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) de 28,9% e lucro líquido consolidado de R$ 12,74 bilhões. Eles apontam que as projeções são conservadoras, já que implicam estimativa de crescimento orgânico do Ebitda de 8%, enquanto a companhia espera ao menos 11%.

Para 2023, eles aumentaram em 13% a projeção para o Ebitda, a R$ 26,439 bilhões, com margem de 29,8%. A projeção para o lucro líquido consolidado aumentou em 14%, para R$ 14,188 bilhões.

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2º trimestre sem tanta empolgação

O JP também divulgou suas projeções para o resultado do segundo trimestre da Ambev – a companhia divulgará seus números do período no dia 28. Para os analistas do banco, o período não será ruim, mas não será tão incrível (ainda).

A projeção para os meses de abril a junho é de um Ebitda de R$ 4,523 bilhões, crescimento de 11% na base anual e semelhante ao visto no primeiro trimestre. Em termos de receitas, as estimativas ficam 13% acima do consenso, em R$ 17,893 bilhões.

“Muito do nosso sentimento de alta é apoiado pelo segmento de cerveja brasileira, que deve ter um crescimento para o Ebitda de 16% na base anual (com margens estáveis), impulsionado pelo crescimento esperado de 5% para os volumes”, afirma o relatório do JPMorgan.

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A XP apontou que, após apresentar um primeiro trimestre de 2022 fraco e apesar de alguns sinais de melhora dos preços das commodities, o segundo trimestre não deve animar os investidores. Isso porque, mesmo com crescimento na receita líquida por hectolitro, os custos ainda serão um vento contrário, ainda com um aumento nas despesas gerais e administrativas pressionando o resultado final.

“Esperamos um aumento nas vendas de cerveja no Brasil, seguindo a tendência do setor reportada até maio (índice IBGE), mas CAC [América Central e Caribe] e Canadá estão atrasados, enquanto LAS [América Latina Sul] é misto”, avaliam os analistas.

Contudo, a casa ressalta que a companhia sempre foi um forte player nas embalagens retornáveis, cujas vendas já estão acima de 2019, apesar de ainda atrás para a garrafa de 600 ml. Assim, à medida que o on-trade (bares e restaurantes) continua se recuperando e com as perspectivas das eleições e da Copa do Mundo, os analistas seguem otimistas.

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A XP tem recomendação de compra para o ativo com preço-alvo de R$ 18,80 (potencial de alta de 36% frente o fechamento da véspera).

Já o Itaú BBA segue com recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 18 (ainda um potencial de alta de 30,5%).

Os analistas do BBA avaliam que, diante do aumento dos volumes vendidos, a Ambev deverá reportar receita acima do esperado no segundo trimestre, sobretudo na divisão de Cerveja Brasil.

No entanto, a inflação de custos, que atingiu a indústria como um todo, deverá pressionar a rentabilidade (margens) da companhia.

“Desta forma, vemos para o trimestre um resultado operacional consolidado (Ebitda) de R$ 4,4 bilhões, aumento de 8,4% em um ano, mas com redução de margem para 24,6%”, apontam.

(com Reuters)

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