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As ações da Americanas (AMER3) tiveram uma nova sessão de queda, intensificada na reta final do pregão, em meio às notícias de que uma recuperação judicial deve ser anunciada nos próximos dias, além dos últimos desdobramentos na Justiça sobre a proteção contra vencimento antecipado de dívida dos credores. Os ativos fecharam em queda de 8,42%, a R$ 1,74, nesta quarta-feira (18), acumulando baixa de 85,50% desde que a inconsistência contábil de R$ 20 bilhões no balanço foi anunciada, na quarta da semana passada, após o fechamento do mercado.
Nesta tarde, o BTG Pactual (BPAC11) conseguiu na Justiça o direito de bloquear R$ 1,2 bilhão da Americanas sob custódia do banco, conforme decidiu o desembargador Flávio Marcelo Fernandes, da segunda instância do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). A decisão desta quarta é liminar, uma vez que o pedido do banco ainda será apreciado pelo tribunal.
Segundo a decisão obtida pelo InfoMoney, o magistrado apontou que a proteção obtida pela Americanas contra credores antes de uma possível recuperação judicial não pode garantir que a empresa tenha livre acesso ao recurso, em especial em um contexto em que há risco de calote. “Há necessidade de diligência com o fim de se evitar a utilização do instrumento [proteção] como meio de fraude a credores, sob pena de se esvaziar o próprio intuito da Lei”, escreveu Fernandes.
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Cabe destacar que a obtenção dessa tutelar contra credores acabou gerando descontentamento dos credores com relação à companhia.
Segundo noticiado pelo jornal O Globo, na coluna de Lauro Jardim, a decisão de Americanas entrar na Justiça com o pedido de recuperação judicial já está tomada e o mais provável é que o pedido seja impetrado entre segunda-feira e terça-feira da próxima semana, de acordo com advogados envolvidos na operação.
Na mesma linha, o jornal Folha de S. Paulo apontou que a Americanas deve entrar com pedido de recuperação judicial nos próximos dias uma vez que os acionistas de referência, grupo formado pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, não chegaram a um acordo para injeção de capital. Eles propuseram R$ 6 bilhões, porém os bancos queriam, no mínimo, R$ 10 bilhões.
Cabe ressaltar que, na última terça, a companhia anunciou a contratação de Camille Loyo Faria para o cargo de diretora financeira e de relações com investidores.
Analistas de mercado destacaram que Camille atuou como CFO da Oi (OIBR3) por 2 anos durante seu processo de recuperação judicial em 2019, o que traz indicativos sobre o seu papel na varejista.
Cabe destacar que as ações do Magazine Luiza (MGLU3) e de Via (VIIA3) também registraram baixa na sessão, com o Magalu no segundo dia de perdas após acumular ganhos de 27% em três pregões. MGLU3 teve queda de 6,07% (R$ 3,56) e Via teve desvalorização de 6,67% (R$ 2,38).
A visão é de que uma recuperação judicial pode levar a Americanas a diminuir o ritmo de suas operações e ceder fatia de mercado mas, ao mesmo tempo, o cenário segue sendo de bastante cautela para as companhias do setor em geral, com o cenário macro difícil no radar e visão de juros altos por mais tempo.
“Tenho uma visão conservadora para o varejo”, aponta Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research. Ela destaca que o mercado também não se mostra muito animado com varejistas, mas companhias como o Mercado Livre (MELI34) chamam atenção. Os ativos, que negociam na Nasdaq, fecharam em uma queda bem menos expressiva, de 0,10%, nesta sessão, a US$ 1.068,92.