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A semana pós rumores de que a Gol (GOLL4) estaria prestes a pedir recuperação judicial nos EUA (pelo Chapter 11) é difícil para as ações da companhia, que amargam perdas de 12,63% em quatro pregões, a maior desvalorização do Ibovespa na semana até a última quinta. Em 2024, até o pregão do último dia 18, os papéis já caíram 26%, a segunda maior queda do índice.
Em nota ao mercado também nesta semana, a companhia aérea disse que ainda estava discutindo com os stakeholders financeiros sobre como chegar a uma reestruturação “consensual” e que ainda não tem uma definição de como a reestruturação seria implementada. Ela ressaltou seu compromisso com a captação de recursos para fortalecer sua posição de caixa.
A empresa tem lutado com dívidas elevadas e no mês passado contratou a Seabury Capital para ajudar a estabelecer uma revisão da estrutura de capital que abordaria gestão de passivos, transações financeiras e outras medidas para aumentar a liquidez.
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A Gol encerrou o terceiro trimestre com uma relação dívida líquida/Ebitda (ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 7,9 vezes, que ainda é bastante alta em comparação com seus pares diretos, mas bem abaixo dos níveis de alavancagem máxima da pandemia (10,1 vezes no 1T22). A empresa tem mais de R$ 20 bilhões em dívidas de financiamento, incluindo R$ 3 bilhões com vencimento no curto prazo, e atualmente enfrenta uma escassez de caixa para cumprir essas obrigações. Mas a empresa informou que “segue cumprindo as suas obrigações em todos os seus empréstimos e financiamentos, sem nenhum atraso nas parcelas de juros ou amortização”.
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A Gol tem uma pequena presença nos EUA e uma possibilidade aventada seria entrar com pedido de recuperação judicial no Brasil, conforme apontou o Citi.
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A entrada no “Chapter 11” nos EUA funcionou bem para a LATAM, par direto da Gol, avalia o BTG Pactual, mas a chilena entrou no processo de reestruturação com muito melhor liquidez, o que geralmente aumenta o poder de barganha com os detentores de crédito durante o processo de reestruturação. O banco lembra que restrições de capital estavam entre as razões pelas quais os analistas da casa rebaixaram a recomendação da Gol para neutro no ano passado.
A visão é de que restrições globais de fornecimento, refletidas em atrasos contínuos nas entregas de peças de reposição, particularmente motores, e aumento de custos em todo o setor de aviação, exercem pressões financeiras adicionais sobre a companhia aérea. A Gol, em seu mais recente Investor Day, apontou que atrasos do fabricante de aeronaves Boeing estão prejudicando suas perspectivas de crescimento. Ela esperava terminar 2023 com 57 aeronaves Boeing 737-MAX, mas a projeção foi reduzida para 39. Os problemas globais de manutenção de motores agravam esses desafios, pois os fabricantes de peças de reposição lutam para atender à demanda.
Na visão dos analistas do banco, como ocorre em reestruturações, a capacidade da Gol pode sofrer ajustes dependendo do nível de reestruturação de capital necessário, lembrando ainda que os últimos números operacionais da empresa já mostravam que a Gol estava reduzindo a oferta total (ASK) anual, indicando uma redução de frota.
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A maior sobreposição de rotas da Gol é com a LATAM, particularmente em hubs movimentados como Congonhas, Guarulhos, Santos Dumont e Brasília. Por outro lado, dada a necessidade de melhorar a rentabilidade, o BTG vê que o ajuste deve se concentrar em rotas menos premium, como destinos no interior, oferecendo assim oportunidades para empresas como a Azul (AZUL4). “No entanto, não esperamos uma redução drástica da capacidade, pois o mercado doméstico brasileiro já mostra uma dinâmica melhorada de oferta e demanda, elevando as tarifas para níveis recordes”, afirma.
Se pode haver alguma oportunidade para a Azul, há quem veja o setor em geral com grande cautela. Danielle Lopes, analista da Nord, ressalta que o setor de aviação é altamente sensível a eventos externos, como a pandemia, que fez o governo liberar enormes volumes de dinheiro para ajudar o setor a ficar de pé, além do alto impacto nas flutuações do preço do petróleo (combustível é um dos maiores custos operacionais).
“Os custos da companhia cresceram em média 20% após todos esses fatores e a sua receita não acompanhou. Além disso, o setor tem enfrentado uma enorme competição nos últimos anos”, avalia a analista. No caso da Gol, a combinação da pandemia, disparada nos preços de petróleo e dólar em alta pesou excessivamente em seus custos. Com receitas majoritariamente em reais e competição crescendo, as dívidas aumentaram, aponta.
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A cautela se reflete nas recomendações do mercado para os ativos. De acordo com compilação LSEG com nove casas que cobrem a ação GOLL4, sete possuem recomendação neutra e duas de venda, ainda que o preço-alvo médio seja de R$ 8,77, ou potencial de alta de 32% frente o fechamento de quinta (levando em consideração também a queda recente dos ativos). Já para a Azul, o mercado está mais dividido: de dez casas que cobrem a ação, cinco recomendam compra e cinco manutenção, com preço-alvo médio R$ 20,41, ou upside de 62%. No ano, as ações AZUL4 caem 21,17%, a terceira maior baixa do Ibovespa, enquanto registram baixa de 9,66% na semana até quinta.
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