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Com entrada do capital estrangeiro, temporada de resultados positiva e visão de economia forte, o Ibovespa atingiu máximas históricas em agosto e fechou agosto com o melhor desempenho mensal do ano, ao subir 6,54%.
Entre as maiores altas, o destaque ficou para o IRB (IRBR3), enquanto Azul (AZUL4) registrou a maior baixa do período com queda de mais de 30%, enquanto só mais duas fecharam com desvalorização de mais de 10%: Vamos (VAMO3) e Alpargatas (ALPA4).
Confira abaixo os destaques de alta e baixa do Ibovespa no mês:
Maiores altas
IRB (IRBR3): +65,06%
A divulgação de resultados do segundo trimestre de 2024 do IRB no último dia 14 foi o catalisador para a disparada das ações do ressegurador. A companhia teve lucro líquido de R$ 65,2 milhões no segundo trimestre, um salto de 225% na comparação ano a ano e acima das previsões de analistas.
Na teleconferência sobre o resultado, o IRB(Re) compartilhou uma mensagem otimista para os próximos trimestres, segundo destacaram os analistas do Citi. “Eles (IRB) acreditam que a maioria das reivindicações sobre Rio Grande do Sul será concentrada no segundo trimestre e que o ‘buffer’ de capital atual permite que eles acelerem (o crescimento) – desde que encontrem demanda a preços certos”, acrescentaram os analistas do Citi em relatório a clientes, reiterando recomendação de “compra” para as ações.
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Após o balanço, o BTG Pactual elevou a recomendação das ações de neutra para compra. “Os resultados do segundo trimestre do IRB foram uma grande surpresa positiva”, afirmaram os analistas do banco. Eles destacaram que a companhia conseguiu registrar tal resultado mesmo com os R$ 257 milhões (antes dos impostos) em sinistros adicionais decorrentes das enchentes no Rio Grande do Sul, que incluem R$ 107 milhões em provisões para sinistros futuros esperados.
Petz (PETZ3): +38,86%
O principal catalisador para as ações no mês foi o acordo para união dos negócios com a Cobasi, anunciado em 16 de agosto, logo na sequência de um balanço pouco animador do 2T24. O Bradesco BBI destaca a materialização de um gatilho-chave aguardado para a Petz.
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A Genial também ressalta que este é um evento bastante positivo para a companhia e que vem em um bom momento − uma vez que “burburinhos” de que a transação poderia não acontecer começavam a ecoar no mercado. “Após finalizado e aprovado pelo CADE, o qual deve trazer alguns remédios antitrustes, principalmente na região metropolitana de São Paulo, o M&A (fusões e aquisições) cria um novo gigante brasileiro no mercado pet e traz uma reprecificação de lucro esperado para NewCo já em 2025”, avalia a casa.
Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3): altas de 28,74% e 24,55%
Os resultados também foram destaque para os frigoríficos. A BRF reportou o seu resultado do segundo trimestre de 2024 (2T24) com uma receita líquida total de R$ 14,9 bilhões, 5,1% acima das projeções da Genial Investimentos e 22,3% superior ao resultado reportado um ano antes.
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Segundo a Genial, a apreciação da taxa de câmbio contribuiu para a melhoria na competitividade das exportações, que por sua vez, impulsionou a receita. Apesar das altas expectativas do mercado, o BBI avaliou que a empresa conseguiu entregar um bom conjunto de resultados no 2T24. O banco explica que, como de costume com os ciclos de proteína, a direção das oscilações de margem é mais fácil de avaliar do que sua magnitude, e os resultados da BRF têm sido uma prova disso. A XP Investimentos também comentou que a BRF teve outro trimestre forte e ressalta o bom desempenho da empresa no mercado internacional, impulsionado pelo maior poder de arbitragem devido às novas habilitações e à perspectiva favorável de oferta e demanda.
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Já sobre a Marfrig, que tem 50,49% da BRF, a companhia apresentou um trimestre sólido e melhor do que o esperado, impulsionado pelos resultados mais fortes do que o esperado em National Beef, que ampliou sua diferença em relação aos seus pares, segundo a XP.
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Lojas Renner (LREN3): alta de 28,28%
A varejista divulgou seus resultados dia 8 e também trouxe mais otimismo para os investidores, com a visão de que ela está pavimentando um melhor caminho para a segunda metade do ano.
“Temos falado abertamente sobre um ponto de inflexão na história da Renner, e os resultados do segundo trimestre corroboram essa percepção”, afirmaram analistas do Itaú BBA liderados por Thiago Macruz, em relatório a clientes, enxergando um perspectiva melhor para a companhia. Na avaliação do Bradesco BBI, os resultados do 2T24 mostram progresso nos resultados de varejo e serviços financeiros, apesar do ambiente desafiador já conhecido (enchentes no estado do Rio Grande do Sul e inverno mais quente do que o esperado).
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Bradesco (BBDC3;BBDC4): ON sobe 26,14% e PN avança 26,02%
O Bradesco também avança na sequência dos resultados do 2T24. O Itaú BBA e o Goldman Sachs elevaram a recomendação das ações para equivalente à compra após o balanço do banco, no início do mês.
Para a equipe de análise do BBA, o Bradesco passou por um período desafiador durante o qual perdeu participação de mercado em volumes de crédito, enquanto os últimos números divulgados confirmaram que atuação da gestão está gerando frutos em relação ao crescimento lucrativo da carteira de crédito. Para o segundo semestre de 2024, o BBA espera um crescimento contínuo dos lucros, fortalecendo a credibilidade da gestão. A equipe de análise elevou as estimativas para o Bradesco pela primeira vez em anos.
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O Goldman Sachs destacou que os números foram melhores do que o esperado, vê que a qualidade dos ativos é um vento favorável e a inflexão no NII (margem financeira) do cliente é um sinal positivo. Para os analistas, há recuperação cíclica e primeiros sinais de melhoria estrutural. “Acreditamos que o banco está no caminho certo para entregar ROE [retorno sobre o patrimônio líquido] pelo menos em linha com seu custo de capital nos próximos trimestres, à medida que o crescimento dos empréstimos acelera, a margem líquida de juros (NIM) se expande e a qualidade dos ativos melhora”, avaliou o Goldman.
Confira as maiores altas do Ibovespa em agosto:
Maiores quedas
Azul (AZUL4): queda de 32,63%
Resultados ruins, alta do dólar e discussões sobre reestruturação da dívida fizeram as ações desabarem em agosto.
A aérea encerrou o segundo trimestre com prejuízo líquido ajustado de R$ 744,4 milhões, alta de 31,3% sobre a perda de um ano antes, com queda no resultado operacional e forte impacto de variação cambial, com os números sendo divulgados no dia 12. A empresa ainda cortou projeções (guidance) de desempenho para este ano, revisando para baixo a perspectiva de crescimento de oferta e de Ebitda e ampliando a projeção de alavancagem.
Mas o grande baque foi no fim do mês. AZUL4 teve uma derrocada de 24% no dia 29 em meio à notícia da Bloomberg de que a aérea estaria considerando diversas opções para lidar com sua dívida (incluindo uma oferta de ações e a solicitação de proteção contra credores nos EUA, conhecida como Chapter 11), analistas de mercado revisitaram o cenário de investimentos da companhia e também avaliaram as falas mais recentes dos seus executivos.
Durante a teleconferência de resultados do 2T24, a gestão da Azul já havia comentado sobre as preocupações com os passivos diferidos do período da pandemia e as renegociações necessárias com os credores, dado que o preço das ações da Azul estava significativamente abaixo do valor de R$ 36 acordado para a conversão da dívida em equity. Com um balanço mais fragilizado pela desvalorização do real, a notícia de que a empresa cogitaria uma recuperação judicial nos EUA gerou uma forte reação imediata e negativa no mercado, apontam os analistas.
A Azul agiu e realizou uma reunião com analistas e investidores para esclarecer os eventos que levaram à queda acentuada das ações da companhia, sendo conduzida pelo CEO (John Rodgerson) e CFO (Alexandre Malfitani) da Azul, que detalharam as estratégias da empresa. Eles afirmaram que a empresa não tem planos de solicitar proteção contra credores sob o Chapter 11 nos EUA, sendo que a notícia publicada pela Bloomberg, que sugeriu o contrário, foi considerada por eles uma “representação errônea” da situação. Contudo, analistas ainda veem um cenário de incerteza para a companhia.
Vamos (VAMO3): baixa de 11,94%
Os resultados também afetaram a Vamos. No começo do mês – mais precisamente, dia 5 – a companhia divulgou que os números ajustados vieram em linha com as estimativas do mercado. Porém, houve um dado negativo, com surpresas relacionadas a inadimplência, conforme apontou a Genial.
Para a XP, houve fortes resultados de aluguel (Ebitda em alta anual de 37%), embora com dois contratempos, sendo (a) resultados sequencialmente mais fracos das concessionárias, e (b) altos níveis de retomada de ativos alugados (ou seja, conforme destacado pela XP, maiores taxas de inadimplência esperadas). Após o balanço, a XP atualizou seu modelo alcançando um lucro líquido 13% maior esperado em 2024 e números inalterados a partir de 2025 (já que cortou a estimativa de investimento líquido para 2024 em 11%).
Alpargatas (ALPA4): desvalorização de 10,47%
A visão de juros altos por aqui abala empresas do setor de varejo e consumo doméstico, ainda mais aquelas que estão em processo de virada, caso da Alpargatas.
A dona da Havaianas relatou os principais resultados do 2T24, com Ebitda aquém do consenso. Já o lucro líquido foi de R$ 23 milhões (R$ 11 milhões abaixo do esperado pelo BBI) foi uma recuperação acentuada do prejuízo líquido do 2T23, atribuído principalmente a um Ebitda anualmente mais alto e melhores resultados financeiros e patrimoniais líquidos da Rothy’s.
Para o BBI, os resultados do 2T24 da Alpargatas foram amplamente neutros, com o progresso em sua recuperação compensando um pouco a piora do Ebitda principal. O custo por par continua em sua tendência de queda, agora por quatro trimestres consecutivos e apoiando a expansão da margem bruta.
Em geral, o banco destacou achar que os resultados negativos (ainda impactados por efeitos pontuais) compensam o progresso positivo na recuperação da empresa. O banco vê progresso na recuperação e espera ver a evolução em (i) recuperação de volume no Brasil e no exterior, (ii) redução do custo por par (a gestão comentou que a operação da fábrica não está atualmente em escala total) e (ii) o quanto de baixas contábeis ainda faltam para serem limpas -acreditamos que essas são as métricas mais relevantes para a tese, neste momento, com a recomendação seguindo neutra.
Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3): baixas de 9,96% e 9,87%
Os dados do 2T24 pouco empolgantes no geral para o setor de educação e o cenário de juros altos no Brasil seguiram afetando as empresas do segmento.
Conforme destaca a XP, durante o 2T24, foram observados resultados de neutros a negativos, com o crescimento da base de alunos seguindo o forte desempenho de captação do 1T24, em conjunto com taxas de evasão de certa forma estáveis, além do momentum positivo dos segmentos premium. “Por outro lado, observamos pressões de ticket médio e números mistos de PDD [Provisão de Devedores Duvidosos], dependendo da empresa, o que pode estar parcialmente relacionado à maior participação de calouros nas bases de alunos das empresas”, avalia.
Outra questão é que a alavancagem financeira (considerando os aluguéis e excluindo as opções de renovação) continua consumindo o lucro das empresas, acima de 3 vezes o Ebitda ajustado em alguns casos.
Natura&Co (NTCO3): queda de 9,24%
A Natura&Co reportou, em meados de agosto, aumento no prejuízo no segundo trimestre, além de ter informado o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos da subsidiária não operacional Avon Products (API), da qual é a maior credora.
A Natura apoia o processo com um DIP de US$ 43 milhões e uma oferta de crédito inicial de US$ 125 milhões para os ativos operacionais da API, caso o leilão ocorra. Para a XP, embora existam riscos relacionados ao Chapter 11 da API, a crença é que o resultado mais provável é que ele seja aprovado e concluído até o final de 2024.
“Além disso, os resultados da Natura&Co LatAm têm melhorado consistentemente, em linha com nossa visão construtiva sobre a integração da Natura e da Avon. Por fim, consideramos o valuation da NTCO atrativo”, avalia a XP.
Confira as maiores baixas do Ibovespa em agosto: