6 ações sobem mais de 15% e 5 caem mais de 10%: os destaques do Ibovespa em fevereiro

Petz e Usiminas foram destaque de alta, enquanto Cogna e Grupo Soma tiveram as maiores baixas

Lara Rizério

Publicidade

O Ibovespa encerrou fevereiro em alta de 0,99%, mas ainda acumula perdas em 2024, uma vez que o primeiro mês do ano foi bastante fraco, com os investidores de olho principalmente nas projeções de corte de juros pelo Federal Reserve.

Neste cenário, no segundo mês do ano, seis ações registraram ganhos acima de 15%, enquanto cinco papéis caíram mais de 10%. Confira as maiores altas e baixas do índice em fevereiro:

Maiores Altas

Petz (PETZ3): +27,13%

O grande destaque entre as maiores altas do Ibovespa ficou com a Petz (PETZ3), que teve a maior alta do Ibovespa em fevereiro, mas ainda cai mais de 30% no acumulado de doze meses. Em meio às recentes quedas das ações com sinais de maior concorrência e o consumo mais restrito, o fundador e CEO da Petz, Sergio Zimerman, aumentou sua participação na empresa de cerca de 29% para quase 43%, conforme revelado em comunicado no último dia 20. Ainda neste mês, a rede de pet shops organizou visita guiada em sua flagship (loja conceito da marca) renovada e promoveu reunião de seus executivos com analistas do setor. A ocasião reforçou a impressão positiva sobre o potencial da companhia para consolidar sua participação no mercado, enquanto as visões de analistas sobre o futuro da companhia na Bolsa são diversas.

Usiminas (USIM5): +20,46%

No segmento de matérias-primas, Usiminas (USIM5) apareceu entre os destaques de alta. A companhia também divulgou resultado, que superou as projeções por conta do segmento de mineração. Ainda que a reação na sessão pós-balanço não tenha sido positiva, analistas têm destacado melhores projeções para a companhia. Esse foi o caso do Goldman Sachs, que elevou a recomendação para USIM5 de neutra para compra, à medida que investidores ganham convicção no aumento da produção do alto-forno recentemente reformado e na consequente melhoria nos custos.

Alpargatas (ALPA4): +18,53%

A Alpargatas (ALPA4), por sua vez, apesar de mais um resultado fraco do quarto trimestre e que foi divulgado este mês, registrou um dos maiores ganhos em fevereiro, com analistas vendo que o plano de negócios mostrado junto com o balanço como “assertivo”. O Bradesco BBI também viu tendências positivas no Brasil no balanço, excluindo eventos pontuais, tais como a alta da margem bruta ajustada e da margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida), além da redução trimestral de R$ 265 milhões na dívida líquida. Grandes bancos como o Citi, Bradesco BBI e JPMorgan, contudo, possuem recomendação neutra para ALPA4, vendo um complexo de reestruturação.

Braskem (BRKM5): +18,14%

A Braskem (BRKM5), por sua vez, divulga seus resultados apenas em 6 de março, com expectativa apenas de recuperação lenta das operações petroquímicas, mas a ação avançou em fevereiro em meio às especulações de interessados pela fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na companhia. Em destaque, estiveram as notícias de que Saudi Basic Industries Corp (Sabic), que faz parte do grupo Saudi Aramco, demonstrou interesse em fazer uma oferta individual pela Braskem. Além disso, Jean Paul Prates, presidente da Petrobras (PETR4), disse ao longo do mês que a empresa petroquímica estatal do Kuwait, PIC, também “perguntou sobre a Braskem.” Prates disse ainda que a petroleira brasileira pode exercer o seu direito de preferência, mas que esta não é a sua opção número um, pois quer um sócio na Braskem, intenção que reiterou algumas vezes. Por enquanto, em meio a tantas incertezas, analistas como do BBI e do BTG Pactual possuem recomendação neutra para os ativos.

Continua depois da publicidade

Carrefour (CRFB3): +16,14%

Do setor de varejo e consumo como a maior alta do Ibovespa, está o Carrefour (CRFB3), na sequência de resultados do quarto trimestre que, apesar mistos, trouxeram tendências positivas. A companhia registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 565 milhões, em grande parte afetado por despesas e uma baixa contábil envolvendo o fechamento de mais de 100 lojas entre dezembro e o início deste ano, já que a administração avaliou que a performance dos pontos estava abaixo das expectativas. Apesar do prejuízo consolidado, os analistas de mercado destacaram que a empresa iniciou 2024 “de casa limpa”. “A despeito de um impacto não-recorrente substancial, avaliamos que o conjunto consolidado pelo grupo foi positivo, o que vai confirmando a nossa perspectiva de que o 3º trimestre de fato tenha sido o ponto de inflexão para a rentabilidade da companhia”, avalia a Genial Investimentos.

CVC (CVCB3): +15,12%

As ações da CVC tiveram um mês de recuperação. Os papéis são sensíveis a juros e repercutiram a prévia da inflação (IPCA-15) abaixo do esperado. Além disso, recentemente, o Itaú BBA destacou a companhia de turismo como uma boa oportunidade de compra. Segundo os analistas do banco, após processo de reestruturação interna da companhia e retomada do setor de turismo para níveis pré-pandemia, o momento é de “céu aberto”. A expectativa da divisão de análise é que o mercado passe a revisar as estimativas de lucro para a empresa, considerando a entrega de resultados melhores no terceiro trimestre de 2023.

Confira as maiores altas do Ibovespa em fevereiro:

Continua depois da publicidade

EmpresaTicker PreçoVariação percentual
PetzPETZ3R$ 4,17+27,13%
UsiminasUSIM5R$ 11,07+20,46%
AlpargatasALPA4R$ 10,17+18,53%
BraskemBRKM5R$ 21,04+18,14%
Carrefour BrasilCRFB3R$ 12,09+16,14%
CVCCVCB3R$ 3,35+15,12%

Maiores quedas

Cogna (COGN3): -13,70%

A ação da Cogna (COGN3) apareceu como uma das maiores baixas no mês, com os investidores de olho na regulação do governo sobre ensino a distância e também na expectativa pelos números da companhia para 2024. Os analistas de mercado possuem, em sua maioria, recomendação neutra, segundo consenso LSEG (6 recomendações neutras, 1 de compra e 1 de venda). Dentre as casas com recomendação neutra, está a XP: os analistas, contudo, apontam, após conversa com executivos da empresa, que o processo de captação da Kroton está praticamente na metade, mas a Cogna espera que volumes positivos tanto para o presencial quanto para o digital. A Cogna divulga seus resultados do quarto trimestre em 20 de março, após o fechamento do mercado.

Grupo Soma (SOMA3): -11,62%

Enquanto isso, após ser um dos destaques de janeiro no setor de varejo, subindo 6,31%, a ação do Grupo Soma (SOMA3) fechou fevereiro em forte queda, em parte por conta de realização de lucros. No último dia de janeiro, as ações tiveram uma disparada em meio a conversas para combinação de negócios com a Arezzo (ARZZ3), com os termos acertados posteriormente. No curto prazo, o mercado se animou ao apontar que o negócio faz sentido estratégico já que a combinação entre as empresas foi vista como o caminho mais curto/rápido para consolidar o mercado de moda de alta renda, com um portfólio de marcas altamente complementar (principalmente Arezzo direcionado para calçados femininos e Soma para vestuário feminino). Por outro lado, os investidores monitoram os próximos passos e os desafios de sinergias das operações.

CSN Mineração (CMIN3): -10,74%

Entre as empresas de matéria-prima, os papéis da CSN Mineração (CMIN3) tiveram mais um mês de queda, acumulando perdas de cerca de 20% em 2024, mas ainda acumulando avanços de cerca de 50% em doze meses. Por conta dessa alta dos últimos meses, o Citi segue neutro com os ativos, vendo que as ações negociam a múltiplos considerados justos para o ano. A companhia divulga seus números do quarto trimestre no dia 6 de março, após o fechamento do mercado. O BBA antecipa um aumento de 26% no resultado operacional na comparação trimestral, com melhores preços de minério de ferro mais que compensando menores volumes e custos um pouco piores; a recomendação do banco para CMIN3 também é neutra.

Continua depois da publicidade

Bradesco: BBDC4 cai 10,44%; BBDC3 cai 10,02%

Já seguindo a temporada de balanços, as ações ON e PN do Bradesco (BBDC3;BBDC4) apareceram como as maiores baixas do índice, muito por conta da reação pós-resultado do quarto trimestre e da apresentação do plano de negócios, no dia 7 de fevereiro. O banco perdeu R$ 24 bilhões de valor de mercado em apenas uma sessão, com os dados dos últimos três meses de 2023 frustrando as projeções e o plano estratégico mostrando que não haveria uma “bala de prata” para a recuperação dos resultados. Ainda assim, após a forte baixa, algumas casas passaram a adotar uma posição mais positiva para os ativos. Enquanto o Morgan Stanley seguiu com recomendação equivalente à compra, o Goldman Sachs elevou a recomendação para neutra, vendo os “riscos já precificados”.

Azul (AZUL4): -9,78%

Os ativos da Azul (AZUL4), por sua vez, tiveram mais um mês de queda e acumulam baixas de mais de 20% no ano. O movimento ocorre mesmo com analistas destacando que a companhia poderia ser uma beneficiária do “Chapter 11” (espécie de recuperação judicial nos EUA) da Gol (GOLL4), anunciado no fim de janeiro. No radar da empresa e do setor como um todo, estão as conversas de aéreas e associações de medidas visando redução de custos para as companhias no país. Segundo o vice-presidente regional para as Américas da Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos), Peter Cerdá, a ajuda financeira do governo e uma solução para baixar o preço do combustível de aviação devem ser apresentadas em até 9 semanas. Há também expectativa pelo programa “Voa Brasil” do governo, que prevê passagens a R$ 200 para aposentados, pensionistas e estudantes de baixa renda, mas cujo lançamento vem sendo constantemente adiado. A nova previsão é de que ele seja anunciado em março, trazendo um efeito positivo para o setor.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em fevereiro:

Continua depois da publicidade

EmpresaTicker PreçoVariação percentual
Cogna COGN3R$ 2,52-13,70%
Grupo SomaSOMA3R$ 7,00-11,62%
CSN MineraçãoCMIN3R$ 6,07-10,74%
Bradesco PNBBDC4R$ 13,73-10,44%
Bradesco ONBBDC3R$ 12,30-10,02%
AzulAZUL4R$ 12,09-9,78%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.