5 ações sobem mais de 14% e 7 caem mais de 8%: os destaques do Ibovespa em julho

Embraer está mais uma vez entre os destaques positivos do benchmark da Bolsa, enquanto Usiminas foi de longe o maior destaque negativo

Lara Rizério

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O Ibovespa fechou o mês de julho com performance positiva de cerca de 3%, com a volta às compras de investidores estrangeiros em meio a um movimento global de rotação de ações na esteira de expectativas relacionadas ao banco central dos Estados Unidos.

Entre os maiores destaques de alta e baixa do Ibovespa, porém, muitas tendências dos últimos meses se mantiveram, como o destaque de alta para Embraer (EMBR3) e WEG (WEGE3), enquanto Cogna (COGN3) seguiu em queda, mas com a maior desvalorização sendo Usiminas (USIM5).

Confira as maiores altas e baixas do benchmark da Bolsa em julho:

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Maiores altas

Embraer (EMBR3, +21,19%)

Destaque de alta também do ano, a Embraer (EMBR3) teve um mês de julho movimentado, marcado pelo evento do Farnborough Air Show 2024 e inauguração de centro de manutenção de motores. Os anúncios na feira de aviação por si só não empolgaram o mercado, mas a alta antes do evento e as expectativas para a companhia positivas guiaram os ganhos para os papéis EMBR3 no mês.

A companhia ainda fechou o mês com “chave de ouro”, com uma possível boa notícia. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a LATAM Airlines está na fase final de negociações para comprar cinco aeronaves E2 da Embraer. Na visão do Bradesco BBI, a notícia é positiva para a Embraer, com os pedidos podendo adicionar US$ 430 milhões ao backlog (lista de pedidos) da Embraer, ou aumento de 2% em comparação ao backlog consolidado de US$ 21,1 bilhões no 2T24 (aumento de 4% ao backlog de aeronaves comerciais especificamente). O BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) com preço-alvo para o ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de NY) de US$ 40 e de R$ 52 para as ações.

WEG (WEGE3, +20,22%)

Outra ação que já contava com uma visão positiva e que foi confirmada no fim do mês foi a WEG. Mesmo vista como cara, ela tem convencido e ganhado espaço na tese positiva de vários analistas nos últimos tempos. Neste mês, tanto o Bank of America (BofA) quanto o Research da XP elevaram a recomendação para a companhia de neutro para compra. No caso da XP, com preço alvo de R$ 54,00 por ação e, do BofA, em R$ 52. Parte do motivo é a participação da companhia no movimento de renovação de infraestrutura elétrica e a exposição da companhia ao aumento de demanda de energia no mundo todo. As principais frentes da WEG, em especial o segmento de Transmissão & Distribuição (T&D) nos EUA, favorecem a reavaliação para o nome, na visão da XP.

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Já no último pregão do mês, WEGE3 saltou, renovando máximas históricas, após o balanço do segundo trimestre da fabricante de motores elétricos mostrar resultado operacional medido pelo Ebitda de R$ 2,12 bilhões, com avanço de receita e no retorno sobre capital investido, surpreendendo até os mais otimistas com a empresa.

Sabesp (SBSP3, +17,70%)

A ação da Sabesp figurou entre as maiores altas do Ibovespa no mês que marcou a oferta de ações que levou a sua privatização. Com a operação, o Estado de São Paulo levantou R$ 14,77 bilhões com a venda de ações, uma oferta executada ao preço de R$ 67 por papel. A Equatorial Energia (EQTL3), que até então atuava em saneamento apenas por meio de uma pequena operação no Amapá, tornou-se investidor estratégico da Sabesp no final de junho sem enfrentar concorrência, ficando com fatia de 15% na companhia em um investimento de cerca de R$ 7 bilhões.

Após a operação, a XP atualizou as estimativas, reiterando compra e elevando o preço-alvo de SBSP3 de R$ 110 para R$ 123. Os analistas da casa acreditam que a Equatorial como acionista de referência impulsionará o processo de turnaround da Sabesp devido à sua experiência em recuperação operacional no setor. Por outro lado, vê que o principal risco para a Sabesp agora é implementar o agressivo plano de Capex exigido pelas autoridades. Também após a privatização, o JPMorgan reiterou a Sabesp como sua principal escolha no segmento de saneamento brasileiro, com compra e preço-alvo de R$ 125. “Os próximos trimestres devem apresentar ao mercado uma nova administração, um novo plano de negócios, medidas de eficiência de custos e aceleração de investimentos”, destacou o banco.

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Vivara (VIVA3, +14,85%)

As ações da Vivara registraram um mês de recuperação, mas ainda caem cerca de 30% no acumulado de 2024 com questões sobre governança corporativa. Julho foi marcado por algumas retomadas de cobertura para VIVA3, caso do Itaú BBA, que decidiu no fim do mês retomar o papel com uma classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e um preço-alvo de R$ 32. Apesar de reconhecer os riscos inerentes de execução relacionados ao ajuste da estrutura corporativa, o BBA disse que saiu do encontro confiante no foco da empresa nos principais motores de geração de valor.

Antes disso, a XP Investimentos reiterou recomendação de compra para rede de joalherias. O time de análise da corretora justifica que, apesar das recentes mudanças de gestão terem elevado a percepção de risco em relação a tese, adicionando preocupações ao desempenho de médio prazo, com potenciais mudanças estratégicas, expansão internacional e alta rotatividade de talentos internos, a companhia continua sendo um negócio resiliente e rentável, com forte posicionamento de marca. A companhia divulga resultados no próximo dia 8 de agosto, com o BBA esperando tendências de receitas decentes no geral (aumento de 14% anual).

Vamos (VAMO3, +14%)

A companhia de aluguel de veículos pesados Vamos dará início a temporada do segundo trimestre para o setor no dia 5 de agosto e, segundo os analistas do Bradesco BBI, o período deve ser um divisor de águas para a companhia, que deve registrar lucro líquido anualizado de R$ 804 milhões.

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A reapropriação de frota deve aumentar 67% no trimestre, e as margens das concessionárias devem cair novamente à medida que a Vamos reduz os estoques.

Vibra (VBBR3, +12,98%)

A Vibra também teve boas notícias na reta final do mês. Nos últimos dias de julho, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) publicou os volumes vendidos do mês anterior pelos maiores players da distribuição de combustíveis brasileira. Os dados mostram que a Vibra ganhou participação de mercado em venda de diesel na base mensal, levando a um aumento de 0,5 ponto percentual (p.p.) desde janeiro. Segundo o Itaú BBA, a notícia é positiva uma vez que, desde o início do ano, a Vibra tem falado abertamente sobre sua intenção de recuperar gradualmente as perdas de participação de mercado registradas em 2023 (especialmente em diesel), mantendo níveis saudáveis ​​de lucratividade. O desempenho da participação de mercado desde janeiro sinaliza uma materialização da recuperação gradual da empresa de volta aos níveis observados no final de 2022 (28,7%), sem prejudicar as margens no caminho.

A divulgação de resultados é no dia 6 de agosto e o Bradesco BBI espera que a companhia seja um dos destaques positivos da temporada do segundo trimestre de 2024 (2T24) para o setor. “Estimamos que o Ebitda aumente 9% no trimestre, principalmente devido a maiores volumes (+3% trimestre) e uma margem ligeiramente superior de R$162/m³(versus uma margem recorrente de R$157/m³no 1T24), com pouco ou nenhum impacto da variação de estoques. Enquanto isso, esperamos R$ 580 milhões de lucro líquido, vindo de uma forte base comparativa de R$789 milhões no 1T24, quando o lucro incorporou alguns ganhos de crédito fiscal relacionados à LC 192”, avalia o banco.

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Confira as maiores altas do mês de julho:

EmpresaTicker PreçoVariação percentual
Embraer EMBR3R$ 43,81+21,19%
WEGWEGE3R$ 50,66+20,22%
Sabesp SBSP3R$ 88,24+17,70%
Vivara VIVA3R$ 24,05+14,85%
Vamos VAMO3R$ 8,63+14%
VibraVBBR3R$ 23,16+12,98%

Maiores baixas

Usiminas (USIM5, -21,37%) e CSN (CSNA3, -8,13%)

Destaque de queda do mês, as ações da Usiminas tiveram forte desvalorização na reta final do mês, após uma grande baixa na lucratividade no segundo trimestre (2T24) e com projeções decepcionantes. Apenas na sessão pós-balanço, a ação teve uma derrocada de 23%.

As visões para as ações da companhia são diversas. Os analistas do Bank of America rebaixaram a recomendação de USIM5 para venda após o balanço, com o preço-alvo sendo cortado de R$ 9 para R$ 6. Eles ressaltaram que estavam incorporando anteriormente uma redução de 6% do custo do produto vendido (CPV)/tonelada na divisão de aço no 3T24, dados os ganhos de eficiência da reforma do alto-forno 3 e a queda de 9,5% nos preços no 2T. No entanto, agora estão menos convencidos de que isso se materializará, dado que a Usiminas inferiu em seu relatório de resultados e teleconferência que o impacto negativo da depreciação do real no CPV poderia compensar os efeitos positivos das placas e da reforma do alto-forno. Já o Itaú BBA reiterou compra para os papéis, ainda que cortando o preço-alvo, de R$ 12 para R$ 8,50 ao fim de 2025.

O Itaú BBA espera que a dinâmica de custos da companhia melhore gradualmente no segundo semestre e projeta um resultado operacional (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de R$ 1,9 bilhão para 2024. Para 2025, analistas projetam resultados mais fortes diante de uma melhora no mercado de aço brasileiro e da dinâmica de custos da empresa, ganhos de eficiência do Alto Forno 3 e de uma melhora na competição no mercado brasileiro.

A CSN, que divulga resultados dia 13 de agosto, também registrou queda no mês, de 8,13%, ainda que bem menos expressiva que USIM5. O mercado espera que os resultados do segmento siderúrgico no geral sejam negativos no 2T24, mas o BBA estima um aumento no Ebitda de 22% trimestralmente para CSNA3, devido aos resultados mais fortes na divisão de mineração. No segmento de siderurgia, projeta resultados levemente melhores na comparação trimestral.

Cabe destacar ainda um imbróglio envolvendo as duas companhias. No início desta semana, a Usiminas afirmou que a CSN não cumpriu decisão judicial de vender a participação que detém na rival, conforme determinado em acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo a Usiminas, termo de ajustamento de “compromisso de desempenho” assinado pela CSN com o Cade em 2014 determinava a redução da participação da rival na empresa de 12,9% “para menos de 5% do capital social”. A CSN rebateu e informou que não está descumprindo decisão judicial, argumentando que não houve o decurso do prazo estipulado pelo juízo para a alienação dos papéis.

Cogna (COGN3, -14,12%)

As ações da Cogna seguem pressionadas neste início de segundo semestre, após uma primeira metade do ano de queda de cerca de 49% para os ativos da companhia, por conta da pressão de juros sobre o balanço (ainda alavancado), que afetou o setor como um todo. As atenções se voltam para o resultado do 2T24 no próximo dia 7 de agosto.

O BBA estima que a Kroton (voltada ao segmento de ensino superior) entregará mais um trimestre positivo, impulsionado pelo crescimento da receita no grupo de consumo do período, caracterizado por um crescimento de receita líquida de meio dígito em relação ao ano anterior. Quanto à rentabilidade, espera expansão de margem para a Kroton, uma vez que a pressão das despesas de marketing deverá ser mais que compensada pela diluição de provisão para devedores (PDA) e despesas de pessoal. A expectativa é que Vasta e Saber sofram pressão de margem, que deverá ser contrabalançada pela melhora da Kroton. No início do mês, cabe ressaltar, o BBA manteve recomendação equivalente à compra para COGN3, mas cortou o preço-alvo de R$ 4 para R$ 3.

Já o Morgan Stanley aponta que a Cogna pode ter um trimestre pouco inspirador, devido (i) à perspectiva de demanda mais fraca, (ii) despesas de marketing ainda elevadas (embora não tão altas quanto no 1T24), não apenas afetando as margens, mas sinalizando dificuldades de atração de estudantes e (iii) falta de suporte sazonal da Saber e Vasta. “Além disso, o consenso espera uma recuperação material dos lucros com base no guidance para o exercício de 2024, que acreditamos que só deverá ocorrer no 2S24”, avalia.

São Martinho (SMTO3, -9,88%)

Entre os destaques de baixa do mês, a São Martinho teve a recomendação recentemente reduzida de compra para neutro pela XP Investimentos, que ressalta que o mercado global de açúcar está atualmente passando por incertezas significativas. Assimetria difícil, potenciais revisões negativas dos lucros e valuation pouco atrativo levaram a casa a rebaixar o papel. Embora o início da temporada de colheita no Brasil tenha superado as expectativas, o mix de açúcar foi menor do que o esperado, e a perspectiva de rendimento sugere uma tendência de queda acentuada na moagem juntamente de uma entressafra antecipada, avaliam os analistas.

“Os preços do açúcar, tanto à vista quanto no mercado futuro, estão em uma tendência de baixa, impulsionados por um excedente global aparentemente inevitável, deixando um gosto amargo, embora uma recuperação de curto prazo seja altamente esperada”, ressalta a equipe de análise, vendo assim riscos significativos de queda no consenso quando incorporados os preços mais baixos do açúcar em seu modelo.

Totvs (TOTS3, -8,81%)

A cautela permanece para a ação da Totvs, que se destacou em julho entre as maiores baixas do índice. Em meados deste mês, o Goldman Sachs iniciou a cobertura para as ações com recomendação neutra, apontando que os catalisadores para os papéis são limitados levando em conta o patamar da ação. Para os analistas, seria necessário concretizar iniciativas para um aumento relevante nas projeções; contudo, há incertezas relativamente altas em termos de execução e timing, mesmo com premissas estratégicas sólidas.

Olhando para o curto prazo, a companhia divulga seus resultados do 2T24 no próximo dia 7. O BBA espera um resultado neutro para a tese, com desaceleração de receita no trimestre, principalmente devido ao menor crescimento na divisão de gestão e à menor originação na operação techfin (divisão de serviços financeiros). Isso, somado ao vento de Universo Totvs e dissidio no estado de SP, deve contribuir para rentabilidade pressionada. O lucro líquido foi revisado para baixo devido ao menor caixa e maior depreciação. Contudo, o banco tem postura construtiva em relação à Totvs devido ao seu perfil de crescimento composto, com taxa de crescimento anual composta (CAGR) estimado de 14% em três anos, reiterando assim recomendação de “compra”, com preço-alvo de R$ 34 ao fim de 2025.

Marfrig (MRFG3, -8,50%)

Neste mês, o temor sobre foco da doença de Newcastle em uma granja comercial de aves localizada no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, abalou as ações não só da Marfrig, mas de empresas de proteínas em geral, uma vez que poderia afetar as exportações de frango. A doença de Newcastle é uma enfermidade viral, aguda, altamente contagiosa, que atinge tanto aves domésticas quanto silvestres, provocando inicialmente sintomas respiratórios e, posteriormente, manifestações nervosas, diarreia e edema na cabeça nestes animais. Poucos dias depois, contudo, o Brasil informou o fim do foco da doença, trazendo alívio para o setor. As expectativas ficam para os resultados do 2T24, no próximo dia 14, com o BBI apontando que, na América do Norte, como a sazonalidade é melhor no 2T em comparação ao 1T, isso deve contribuir para um aumento sequencial de 0,8 ponto percentual (pp) na margem para 2,9%, embora o aperto no fornecimento de gado ainda deva resultar em uma contração anual de 2,3pp. Na América do Sul, espera que a receita líquida da empresa acelere trimestralmente devido a uma expansão de volume de dois dígitos, como ciclo favorável levando a margem Ebitda para 9,9% (aumento de 0,3 pp no trimestre e queda de 0,1pp em base anual).

Confira as maiores baixas do mês de julho:

EmpresaTicker PreçoVariação percentual
UsiminasUSIM5R$ 6,22-21,37%
CognaCOGN3R$ 1,52-14,12%
São MartinhoSMTO3R$ 29,06-9,88%
Totvs TOTS3R$ 27,75-8,81%
MarfrigMRFG3R$ 11,31-8,50%
CSNCSNA3R$ 11,86-8,13%
Magazine LuizaMGLU3R$ 11,07-8,13%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.