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O Ibovespa fechou o mês de outubro em baixa de 1,6%, o seu segundo mês seguido no vermelho e o sexto de queda em 2024. Contudo, algumas ações, como o Carrefour Brasil (CRFB3), registraram queda bem mais expressiva, enquanto educacionais e frigoríficos estiveram entre as maiores altas do índice. Entre os ativos que compõem o Ibovespa, 5 papéis caíram ao menos 10%, enquanto 6 subiram ao menos 10%.
Confira abaixo os destaques do outubro:
Maiores baixas do Ibovespa
Carrefour Brasil (CRFB3): baixa de 19,03%
O ambiente operacional desafiador segue sendo um peso para o Carrefour Brasil, ainda que os dados prévios do 3T24 tenham dado algumas boas sinalizações para a varejista de alimentos (que também opera no atacarejo com o Atacadão).
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Neste mês, o JPMorgan manteve recomendação neutra para os ativos. O banco vê que a companhia deve se beneficiar do aumento gradual das conversões e de ciclos de integração que aconteceram ano passado. No entanto, a análise alerta para incertezas em diversas frentes, como recuperação do banco e níveis de margem Ebitda.
Outro fator que afetou o desempenho foi a previsão de que a ação da companhia pode ser excluída da próxima revisão do índice MSCI Brasil, conforme projetou o Bank of America (BofA). A mudança será anunciada em 6 de novembro, para entrar em vigor no dia 26 do mesmo mês.
Hypera (HYPE3): queda de 15,75%
Outubro foi um mês movimentado para as ações da fabricante de medicamentos. A sessão do dia 18 foi emblemática, com HYPE3 caindo até 17% no início daquele pregão após a empresa anunciar mudanças para otimização do capital de giro, descontinuando seu guidance para 2024, que não foram bem recebidas pelo mercado.
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Porém, no mesmo dia, os ativos chegaram a saltar 5%, uma vez que no mesmo dia a EMS sugeriu uma combinação de negócios com a Hypera para “criar o maior laboratório farmacêutico do Brasil”, em proposta que envolvia uma oferta pública de aquisição (OPA) de até 20% das ações da Hypera por R$ 30 e o restante em troca de ações. Contudo, a companhia recusou a oferta e, no dia 31, a EMS retirou a proposta de combinação de negócios.
O JPMorgan afirmou que a retirada da proposta pela EMS não é uma surpresa, pois o conselho da Hypera já havia rejeitado a transação, com os motivos indicados afastando um possível acordo dos termos propostos. O banco afirmou que a retirada da proposta pela EMS, não é uma surpresa, pois o conselho da Hypera já havia rejeitado a transação na quinta-feira passada, com os motivos indicados afastando um possível acordo dos termos propostos.
Hapvida (HAPV3): baixa de 12%
As ações da Hapvida também registraram queda acentuada no mês. Apesar de HAPV3 aparecer como um dos destaques do setor na preferência dos analistas, o mercado ainda vê recuperação gradual para a companhia no 3T24.
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Conforme ressalta a Genial Investimentos, a Hapvida divulgará os resultados do 3T24 no dia 12 de novembro, após o fechamento do mercado e as expectativas são neutras, em linha com a sazonalidade desfavorável típica das operadoras de planos de saúde nesse período, além de uma esperada perda líquida de beneficiários, o que a casa de research considera negativo, pois impacta diretamente a capacidade de crescimento da receita da companhia.
“Projetamos que os reajustes no preço dos planos da HAPV3 para o trimestre sigam em um ritmo mais moderado”, avalia a Genial. Essa desaceleração permitirá que a empresa concentre esforços em sua estratégia de maior retenção de clientes, à medida que os níveis de sinistralidade retornam aos padrões observados antes da pandemia. Além disso, a Genial tem uma visão otimista quanto à capacidade de geração de caixa da Hapvida e à redução de seu indicador de dívida líquida/Ebitda.
Braskem (BRKM5): queda de 11,89%
Após registrarem uma das maiores altas de setembro, os papéis tiveram uma das maiores quedas do Ibovespa em outubro.
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A companhia divulgou dados operacionais para o 3T24 que não agradaram muito o mercado em alguns pontos. A petroquímica teve queda de 2% nas vendas de resinas no Brasil no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado e citou que o recuo deveu-se a estoques maiores de polietileno e PVC na indústria de transformação. Segundo o JPMorgan, os dados foram um pouco mais fracos do que o esperado.
Na comparação com o segundo trimestre, porém, as vendas da maior petroquímica da América Latina subiram 6%, impulsionadas por polipropileno e PVC diante da retomada de operações da fábrica da companhia no Rio Grande do Sul, maior demanda dos setores de higiene e limpeza e atividade aquecida nos setores de construção civil e saneamento.
Apesar dos números prévios, a visão é positiva para o resultado financeiro da petroquímica, a ser divulgado em 6 de novembro. A XP espera uma melhora sequencial significativa com receitas de R$ 20,7 bilhões (+9% trimestralmente, +24% anualmente) e Ebitda de R$ 2,3 bilhões (cerca de US$ 419 milhões), um aumento de +39% ante o 2T24 e +152% frente o 3T23.
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“Embora o aumento percentual no Ebitda seja muito substancial, ele ocorre em uma base de comparação deprimida. Os mercados petroquímicos ainda estão em um ciclo baixo, mas com tendência de alta. Os principais spreads petroquímicos melhoraram sequencialmente no 3T24, ajudados por fatores conjunturais, como o aumento das taxas de frete no Mar Vermelho”, avaliam os analistas da XP.
TIM (TIMS3): desvalorização de 11,48%
Apesar da expectativa de bons números no 3T24, as ações TIMS3 tiveram queda em outubro, também de olho na pressão competitiva, como no caso do lançamento da NuCel, a operadora do Nubank.
Conforme destaca a XP, do ponto de vista dos preços, é difícil dizer que os planos da NuCel irão perturbar o atual ambiente competitivo. Entretanto, como a equipe de analistas da corretora ressaltou em seu relatório de maio, a Nu possui fatores diferenciais relevantes além do preço, tais como (i) uma estratégia de execução distinta com custos operacionais e de aquisição mais baixos; e (ii) uma experiência de usuário (UX) diferenciada proporcionada por uma abordagem 100% digital e uma marca bem conceituada. Além disso, o banco digital tem um forte canal de vendas, e o foco que ele colocar nessa implementação será crucial para avaliar sua capacidade de atrair e converter clientes nesse novo setor.
Caso a NuCel ganhe espaço, o Goldman Sachs vê um impacto negativo maior para a TIM do que para a Vivo, dada a maior exposição da TIM ao celular (e ao pré-pago), com exposição muito mais limitada para a América Móvil, dona da Claro (que é menos exposta ao Brasil e é a operadora de rede, o que lhe rende parte das receitas dos planos).
Já para o 3T24, a XP espera resultados positivos tanto da Vivo quanto da TIM, continuando a tendência de forte crescimento das receitas, com as da TIM sendo impulsionadas por aumentos de preços e dinâmica competitiva favorável. “Esperamos que a TIM alcance um crescimento de lucro líquido de +13,8%, atingindo R$ 824 milhões”, afirma a equipe de análise.
Confira as maiores baixas do Ibovespa em setembro:
Maiores altas
Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3): altas de 15,45% e 10,16%
Além dos rumores, ainda que vistos com conclusões improváveis, de fusão entre Yduqs e Cogna (rumores estes que se estendem o fim de setembro), a visão é de um 3T24 mais positiva para as companhias do setor de educação. Apesar da alta no mês, YDUQ3 cai 51,84% no ano e COGN3 tem baixa de 59,60%.
A Cogna é apontada por analistas como um grande destaque positivo para o setor. O Bradesco BBI espera, para a companhia, forte desempenho da Kroton mais do que compensando os resultados fracos da Saber como resultado do adiamento de algumas receitas do PNLD. A Kroton deve crescer fortes 12% devido ao crescimento das matrículas no ensino presencial e à distância (EAD) e ao aumento dos tickets do produto de financiamento PMT e ao aumento de preços acima da inflação para os alunos existentes. O banco espera que a dívida líquida diminua R$ 230 milhões no comparativo trimestral para R$ 3,1 bilhões.
Já para a Yduqs, a visão é de números mistos. O BBI aponta que todos os olhos devem estar voltados para a geração de caixa, para a qual espera um bom FCFE (fluxo de caixa livre para os acionistas) de R$ 270 milhões. No lado negativo, estima um crescimento estável da receita, 1% (versus 11,5% no 1T24) devido a um declínio nas receitas no segmento presenciais e EAD.
Por sua vez, as matrículas no presencial e EAD devem ficar estáveis, enquanto o ticket deve cair devido ao mix do presencial e financiamento DIS no EAD. A margem Ebitda da empresa deve melhorar 1 ponto percentual (pp) para 37%, com G&A (gerais e administrativas, principalmente pessoal) mais do que compensando a dívida inadimplente ligeiramente maior. “Esperamos que as despesas financeiras sejam um destaque positivo devido à gestão de passivos, nenhum impacto negativo de swaps e amortização de dívidas, e podem surpreender”, avalia.
Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3): avanços de 15,03%, 13,85% e 10,91%
A visão de mais um trimestre forte para os frigoríficos no 3T24 esteve entre os motivos para o avanço do setor; no ano como um todo, as ações das companhias também registram fortes ganhos, com alta de 91% para BRFS3, 63% para MRFG3 e 55% para JBSS3.
Os analistas da XP projetam trimestres fortes em todas as empresas do setor, principalmente para players expostos a Suínos e Aves, como JBS e BRF.
“Embora os destaques provavelmente sejam em Suínos e Aves devido ao forte momentum do ciclo, as operações de carne bovina na América do Sul (Minerva BEEF3 e Marfrig, além de JBS) também devem apresentar resultados positivos”, avalia a casa.
Ainda na última sessão do mês, a BRF Arabia, joint venture formada pela empresa brasileira alimentos e a saudita Halal Products Development Company (HPDC), anunciou contrato que prevê a aquisição de 26% da Addoha Poultry Company, empresa avícola da Arábia Saudita, por US$ 84,3 milhões.
Para o Bradesco BBI, embora este seja um pequeno investimento para a BRF, o acordo traz mensagens importantes. Em primeiro lugar, o acordo é um sinal de que, após a desalavancagem de seu balanço, a BRF voltou a crescer. Em segundo lugar, o negócio ressalta o plano estratégico da BRF de reforçar seu posicionamento único e participação de mercado no Oriente Médio (atualmente em cerca de 38%), o que só pode ser feito aumentando a produção local. “Para concluir, apesar da visão positiva sobre o racional estratégico por trás do acordo, continuamos sem visibilidade sobre onde as margens da BRF se normalizarão quando o ciclo avícola mudar, o que, sob as avaliações atuais, ainda é o principal motivo para nossa classificação neutra”, aponta o banco.
CVC Brasil (CVCB3): alta de 10,22%
A CVC Brasil (CVCB3), mesmo ainda com desafios no setor de viagem intensificados pela alta do dólar, teve uma boa notícia ao ter aprovado o reperfilamento das debêntures de quarta e quinta emissões neste mês, após ter alcançado acordo com debenturistas no mês passado.
As aprovações ocorreram em assembleias gerais de debenturistas (AGDs) e na reunião do conselho de administração da companhia, afirmou a empresa.
Confira as maiores altas do Ibovespa em setembro: