4 tokens que podem navegar a nova atualização do Ethereum, “Shanghai”

Mudança deve impulsionar adesão ao staking, e as plataformas intermediadoras - que têm seus tokens próprios - devem sair ganhando

Paulo Barros

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O Ethereum (ETH) está prestes a passar por uma nova atualização em abril (era esperada para março, mas foi adiada). Chamada de “Shanghai”, a mudança irá trazer mais melhorias para a tecnologia e complementar o upgrade realizado em setembro do ano passado, no evento conhecido como “Merge”.

Entre as principais novidades esperadas está a liberação dos saques de ETH trancados no protocolo desde dezembro de 2020 no mecanismo de renda passiva nativo conhecido como staking – nele, investidores depositam ativos para se credenciar como validadores de transações e, em troca, receber rendimentos em ETH.

“Essas pessoas colocaram como se fossem ‘ações’ que podem gerar mais ‘dividendos’, mas essas ‘ações’ ainda estão travadas, e vão ser liberadas agora”, explica o analista cripto e investidor anjo Vinícius Terranova, em participação no Cripto+ (assista à íntegra no player acima).

Com depósitos e rendimentos presos no Ethereum há mais de dois anos, investidores começaram a ficar receosos de que a atualização significaria um evento negativo, com maior pressão de venda sobre um ativo que, apesar de acumular alta de 35% em 2023, ainda está 66% abaixo da máxima histórica atingida em 2021.

No entanto, analistas começaram a observar que pode não ser bem assim. Se por um lado mais ETH será liberado, o entendimento entre especialistas é de que a maior adoção do staking e a consequente maior quantidade de ETH bloqueado deverá compensar a liberação do que já foi investido por quem começou lá atrás em 2020.

“Hoje em dia, 15% da rede Ethereum, ou 16 milhões de ETH, está em staking. Mas quando você olha Solana, por exemplo, 60% está em staking. AVAX tem 40%, e Binance Smart Chain, 97%”. Ainda há um upside de deixar o Ethereum trancado, e ganhando remuneração da rede, que é um yield acima do Tesouro americano”, pontua José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital, também ao Cripto+.

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Por outro lado, embora não seja esperado como um evento negativo, a atualização Shanghai tampouco deverá ser a catalisadora de preços que foi a Merge em 2022. O ETH ainda perde em desempenho para o Bitcoin em 2023, e seu resultado ainda parece, segundo analistas ouvidos pelo InfoMoney, muito atrelado às movimentações das bolsas globais.

No entanto, na visão de que acompanha o assunto, projetos cripto paralelos podem se beneficiar da atualização, na medida em que podem atrair mais usuários interessados em realizar o staking de Ethereum após a atualização Shanghai liberar saques a qualquer tempo.

4 tokens que podem surfar a onda do Ethereum Shanghai

Traders estão de olho no segmento chamado de liquid staking, ou staking líquido, apontado como principal beneficiário da popularização do staking de Ethereum que poderá vir após a atualização Shanghai em abril (segundo desenvolvedores, a mudança deve vir entre a primeira e segunda semana do próximo mês).

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Essas plataformas criam recibos do depósito de ETH em staking em forma de novos tokens, que por sua vez podem ser negociados no mercado – são tokens sintéticos que espelham unidades do ETH travado. A solução, portanto, dá liquidez ao investidor que aloca seu ETH em staking.

“[A plataforma de staking líquido] cria uma forma de você negociar o token que está preso, que está gerando ‘dividendo’. O liquid staking é o ‘dividendo’, o ‘yield’, que pode ser negociado”, explica Terranova.

Mesmo após o Ethereum liberar os saques de ETH, essas plataformas não devem perder popularidade. Isso porque, além de dar liquidez ao investimento, elas ajudam a fracioná-lo: em vez de ser obrigado a aportar o mínimo de 32 ETH (US$ 52,5 mil) exigido pelo protocolo, o usuário pode investir menos por meio desses intermediários, que agrupam ETH de várias pessoas e distribuem os lucros proporcionalmente.

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Há diversas vantagens para quem opta por esses serviços. Neles, os usuários:

  1. Obtêm o rendimento em cima do ETH;
  2. Recebem um token sintético que pode ser negociado a qualquer momento;
  3. E ainda levam um token extra de governança que costuma se valorizar na esteira do sucesso da plataforma.

Esses tokens de governança vêm sendo uma das principais apostas de traders de criptos em 2023, e podem ganhar novo impulso com a Shanghai, na medida em que mais usuários procuram intermediários de staking.

O principal deles é o Lido Finance (LDO), que já acumula US$ 9,4 bilhões em depósitos de investidores, segundo dados do agregador DefiLlama. Outros destaques são Frax Finance (FXS), com US$ 1,5 bilhão, Rocket Pool (RPL), com US$ 1 bilhão, e Ankr (ANKR), com US$ 162 milhões.

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Os preços dos tokens vêm acompanhando a adesão. Até aqui em 2023, o LDO já subiu 184%, o RPL avançou quase 130%, e FXS e ANKR saltaram 160% cada.

Quais são os riscos de investir? Vale entrar agora?

Do ponto de vista fundamentalista, esse tipo de projeto tem tudo para crescer em 2023, na visão de especialistas.

“As pessoas vão continuar usando liquid staking. Pelo fato de, na rede Ethereum, só 15% são validadores, enquanto na Solana é 60% e na BSC é 97%, tem muito espaço para crescer”, relembra o sócio da Fuse, José Gabriel Bernardes.

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No entanto, embora promissores, esses projetos podem não estar no momento mais propício para entrada no curto prazo. Analistas técnicos apontam que o mais adequado agora é esperar por um recuo antes de fazer um aporte.

“Se o investidor entrar agora, tem que entender que está entrando no preço mais caro que já pagaram por aquele token”, ressalta o trader Tasso Lago sobre o token LDO, da Lido Finance.

“Isso no gráfico nós chamados de topo histórico. Existe um padrão que é o rompimento de topo histórico que pode conduzir a novas máximas e entrar em euforia, mas o usuário mais leigo não terá a perícia técnica para gerenciar uma posição dessas agora”.

“Na minha opinião só deve entrar em Lido aquela pessoa que tem mais experiência em gráfico. Pessoas leigas devem ficar de fora”.

Lago comenta que o token LDO, da Lido, está em vias de romper o topo histórico, mas é preciso esperar uma confirmação técnica para que ele recomende a entrada.

“No semanal já rompeu, mas no gráfico diário, ele está brigando no topo histórico. Na minha visão não é ponto de compra. Mas se rompe, seria mais alta”, completa.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas