4 ações caem mais de 15% e 4 sobem mais de 10%: os destaques do Ibovespa em maio

Empresas de proteínas foram o grande destaque de alta, enquanto IRB figurou como a maior baixa do Ibovespa no mês

Lara Rizério

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O Ibovespa registrou o seu terceiro desempenho mensal negativo seguido, com baixa de 3%. O tema juros segue sendo o grande destaque: os investidores permanecem se questionando quando o Federal Reserve vai dar início ao processo de flexibilização da política monetária e este assunto segue ditando o rumo dos negócios.

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Por aqui, a desancoragem fiscal e a deflagração da proximidade do fim do ciclo de corte de juros penalizaram os ativos de risco em geral, o que afetou diversas empresas voltadas à economia doméstica, como varejistas e educacionais. A tragédia com as enchentes no RS também afetaram as empresas da Bolsa. Já entre as maiores altas, o grande destaque ficou com o setor de frigoríficos.

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Confira abaixo o que levou às maiores baixas e às maiores altas do mês.

Maiores baixas

IRB (IRBR3): baixa de 25,71%

As ações do IRB, que ficaram na lanterna do Ibovespa, foram bastante impactadas pela tragédia com as enchentes do Rio Grande do Sul entre ofim de abril e início deste mês – com as resseguradoras se destacando como aquelas com potencial de serem mais afetadas por conta do aumento dos sinistros. Em teleconferência após o balanço no início de maio, a companhia disse não haveria informações suficientes para avaliar a situação naquele momento, mas apontou que sua exposição estaria bem protegida por contratos (resseguro de resseguradores) e que o impacto líquido na empresa pode variar de R$ 80 milhões a R$ 160 milhões nos próximos meses/trimestres.

Até meados do mês, a empresa ainda não tinha recebido notificações, mas o BTG ressaltou ser importante lembrar o atraso inerente: o cliente comunica o sinistro à seguradora, que posteriormente notifica a resseguradora. As ações caíram forte, o que inclusive suscitou uma elevação de recomendação pelo JPMorgan, com o banco vendo o efeito como exagerado, ainda que veja a empresa como uma das mais afetadas – mas as ações seguiram em baixa.

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Petz (PETZ3): queda de 20,38%

Após figurar como um dos destaques positivos do Ibovespa em abril com o avanço da fusão com a Cobasi, as ações da Petz tiveram um mês de maio negativo, enquanto analistas ainda avaliam a operação. No fim deste mês, o Bank of America elevou o preço-alvo de PETZ3 de R$ 4,45 para R$ 4,80 e destacou que há “justificativas convincentes” para a fusão, mas reiterou recomendação neutra ao apontar algumas questões para a combinação de negócios. O banco americano pontuou riscos como os eventuais atrasos ou incapacidade da Petz de concluir a fusão nos termos anunciados. O BofA ressaltou desafios de execução e de integração, saída dos principais gestores e um cenário de menor demanda no setor, mas ponderou que há um risco antitruste limitado para a combinação dos ativos.

Yduqs (YDUQ3): desvalorização de 17%

O mês de maio foi marcado por uma montanha-russa para as ações da Yduqs. A ação caiu forte após o resultado, disparou após a divulgação de projeções para os próximos anos, sofreu pressão com novas definições sobre o Mais Médicos e ensino a distância e acabou encerrando o mês em expressiva queda. O papel também figura entre as maiores quedas do ano e recentemente teve a sua recomendação cortada para neutra pelo Citi. O banco cortou a recomendação elencando perspectiva de desaceleração da receita, aumento de inadimplência e despesas de marketing, além de perspectivas de fluxo de caixa mais fracos. Nesse cenário, os analistas também reduziram a estimativa de lucro para 2024 e 2025 em 16%. Os analistas citam ainda que, com o atual nível de preços, o valuation das ações continua atrativo no longo prazo, mas ressaltam como fatores que apoiam o corte na recomendação a falta de catalisadores no curto prazo, a assimetria regulatória negativa e o risco negativo para projeções de lucros e fluxo de caixa.

Suzano (SUZB3): baixa de 16,70%

A ação da Suzano foi bastante afetada neste mês em meio ao fluxo de notícias sobre um potencial acordo para a aquisição da International Paper, o que aumentou as preocupações sobre elevação do endividamento e dificuldades de sinergias. Após diversos rumores, a companhia brasileira confirmou interesse nos ativos da IP no fim do mês. Porém, ainda é incerto se a Suzano está interessada em toda a empresa ou apenas nos ativos de celulose. Embora mantenha recomendação de compra para as ações da Suzano, os analistas do BBI acreditam que elas poderão continuar pressionadas até que a visibilidade de sua estratégia de alocação de capital melhore.

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Lojas Renner (LREN3): queda de 14,42%

As ações da Renner sofreram no mês com o cenário de juros mais altos e também com analistas contabilizando os impactos das enchentes do RS nos seus números. No mês, a XP Investimentos rebaixou a ação LREN3 de compra para neutra, uma vez que o clima e o macro foram vistos como obstáculos para o crescimento e expansão de margem da varejista. Já o JPMorgan reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para o papel. No fim do mês, a decisão da Câmara pela taxação em 20% de imposto de importação sobre as compras internacionais de até US$ 50 gerou alívio para as varejistas nacionais, mas analistas não viram como um “divisor de águas” para as empresas nacionais.

Confira as maiores quedas do Ibovespa em maio:

EmpresaTickerValor da açãoQueda no mês
IRBIRBR3R$ 31,56
-25,71%
PetzPETZ3R$ 3,75
-20,38%
YduqsYDUQ3R$ 12,11
-17%
Suzano SUZB3R$ 48,70
-16,70%
Lojas RennerLREN3R$ 13,12-14,42%

Maiores altas

JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3): altas de 23,04%, 19,37% e 10,07%

As ações de três empresas de proteína são destaque entre as maiores altas de maio, com JBS, Marfrig e BRF em alta de ao menos 10% no período. Para o setor em geral, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, apontou a melhora do ambiente para o setor, ressaltando que muitos investidores estavam em uma situação significativamente mais difícil no início do ano passado, devido ao imbróglio relacionado à doença da vaca louca no norte do país. “Este ano, a situação está mais simplificada e houve avanços consideráveis em termos de permissões internacionais para que as plantas brasileiras possam exportar, especialmente para a China, algo que impulsionará o setor nos próximos anos”, avaliou.

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Mas também há fatores “micro”. Para a BRF, após o balanço do primeiro trimestre bastante positivo, o Bank of America chegou a elevar a recomendação de BRFS3 de underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para neutra. A equipe de análise viu um “impulso de lucros mais construtivo, puxado principalmente pelos preços internacionais mais elevados do frango e pela contínua redução dos custos de alimentação”. Já a XP elevou o preço-alvo e reiterou BRF como top pick, com iniciativas estratégicas implementadas pela nova administração, que impulsionaram os ventos favoráveis do setor.

A JBS também trouxe resultados robustos, além da indicação da administração de que seu processo de desalavancagem pode acelerar, o que animou o mercado. Enquanto isso, mesmo trazendo números menos animadores no 1T24, a Marfrig indicou sinais iniciais de um ciclo pecuário mais favorável nos EUA, com uma redução na participação de novilhas no abate (sugerindo retenção) e um aumento no número de vacas no rebanho devido à melhoria das condições do pasto. A companhia também se beneficia da sua participação na BRF.

Vamos (VAMO3): avanço de 14,06%

No início do mês, a Vamos reportou resultados do primeiro trimestre de 2024 acima da expectativa após seguidas decepções. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 820 milhões (avanço anual de 24%), 5% acima do consenso.

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Conforme ressaltou o Bradesco BBI, a companhia reportou resultados sólidos em seu negócio principal, com crescimento de Ebitda de aluguel no 1T24 de 41% no comparativo anual e uma taxa de locação mensal de 2,5% para novos contratos assinados no 1T24. “Os consistentes resultados de locação e consequentemente a mudança no mix de receitas explicam a expansão da margem Ebitda consolidada para 47,5%, de 39,2% no 1T23 e 45,5% no 4T23. No entanto, na nossa opinião, o principal gatilho para a reavaliação das ações parece ser uma recuperação na divisão de concessionárias, o que poderá impulsionar o crescimento do RoIC [retorno sobre o capital investido] e do lucro”, apontam os analistas. O banco mantém recomendação de compra para VAMO3. O BofA, por sua vez, manteve recomendação de neutra para a ação, apontando que o risco-retorno permanece equilibrado.

Engie (EGIE3): alta de 9,04%

Correndo “por fora”, esteve a ação da Engie. As ações da companhia subiram apesar de um resultado do primeiro trimestre considerado morno pelos analistas de mercado. O Ebitda ajustado (excluindo equivalência patrimonial) foi de R$ 1,519 bilhão, em linha com a estimativa do Itaú BBA de R$ 1,504 bilhão. No braço de geração, foi um trimestre fraco para a geração eólica, mesmo considerando a entrada em operação do complexo eólico Santo Agostinho. Numa base de ativos comparáveis, a produção eólica efetiva caiu 29% numa base anual, afetada principalmente por recursos eólicos fracos.

Além disso, os números foram afetados negativamente pela venda do ativo térmico Pampa Sul. A alavancagem aumentou ligeiramente no trimestre para 2,3 vezes a dívida líquida/Ebitda (de 2,1 vezes no quarto trimestre), permanecendo em um nível confortável. “Dito isso, projetamos um aumento na alavancagem da empresa daqui para frente (excedendo 3 vezes até o final de 2024) devido ao elevado nível de investimento”, apontou o banco. Conforme compilação do consenso LSEG, de 12 casas que cobrem a ação, 9 recomendam manutenção e 3 venda do ativo.

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Confira as maiores altas do Ibovespa em maio:

EmpresaTickerValor da açãoAlta no mês
JBSJBSS3R$ 28,84+23,04%
MarfrigMRFG3R$ 11,28+19,37%
VamosVAMO3R$ 8,11+14,06%
BRFBRFS3R$ 18,58+10,07%
Engie EGIE3R$ 43,34+9,04%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.