Sendo bull ou mero bear, The Independent vê seis motivos para confiar no início do rali

Economista Hamish McRae enxerga oportunidades únicas para comprar ações e explana porquês de tamanho otimismo

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SÃO PAULO – Se as companhias enfrentam dificuldade para obterem lucros em meio a uma recuperação lenta da economia, como isto pode ser consoante com forte alta das ações em bolsa? Para Hamish McRae, economista e articulista do periódico britânico The Independent, seis motivos podem explicar tal simultaneidade.

“O ponto de partida para a nossa análise é que partimos de um patamar tão baixo que não precisamos de uma recuperação forte para dar suporte a preços em níveis elevados”, explana, baseado na crença de que qualquer emersão do fundo do poço já será memorável para a renda variável.

Quanto ao segundo ponto, McRae acredita que países emergentes, assim como grandes investidores, estarão em posição favorável quando a recuperação econômica global chegar, dada a elevada posição de caixa de ambos. Como evidência, ele cita os recentes dispêndios da China em projetos de infraestrutura, bem como o crescimento da Índia.

Dividendos e defaults

“Muitos rendimentos vistos no mercado acionário originam-se de dividendos”, explana o economista, ao discorrer sobre a liquidez dos proventos em contraparte aos baixos retornos oriundos de títulos de maior segurança e outros ativos financeiros. “As ações devem produzir algum rendimento”, aposta, ressaltando ainda o custo de oportunidade de deter ativos confederados seguros, mas com retorno próximo a zero.

Já no tocante ao quarto pilar, o jornalista do The Independent alerta para o perigo de default pelo governo norte-americano, dadas as emissões de Treasuries para financiar o orçamento publico deficitário. No entanto, “levará ainda algum tempo”, discorre McRae, prevendo que o Federal Reserve deverá elevar a taxa básica de juro da economia apenas quando o desemprego recuar, daqui a “algum tempo, no próximo ano”.

Produtividade e fundo do poço

Conforme o olhar de muitos, o estopim de um caos pode ser o início de uma evolução. “As companhias estão forçadas na crise para aumentarem sua eficiência”, vê o economista, citando como evidência a indústria automobilística nos EUA e o setor de telecomunicações no Reino Unido. “Quando o crescimento retornar, a recuperação capacitará as companhias a mostrarem lucratividade razoável”, completa.

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Nas linhas finais do artigo, McRae explicita o sexto ponto a ser observado. Para o autor, os preços das ações permanecem a níveis tão baixos que a própria sobrevivência da instituição já justifica qualquer investimento. Como exemplo, ele refere-se ao caso do RBS (Royal Bank of Scotland), que viu seus ativos despencarem de £ 650,00 em agosto de 2007 para patamares próximos a £ 40,00 – desvalorização aproximada de 94%.