Em 2021, o Brasil ganhou 10 novos unicórnios, termo usado para nomear startups que ultrapassam valor de mercado de US$ 1 bilhão. Os setores de e-commerce, mídia, fintech, segurança e logística concentraram os negócios dessas companhias no ano passado.

Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, explica neste guia os conceitos das startups, dos negócios que viraram unicórnios, além de contar as trajetórias inspiradoras das companhias que alcançaram esse patamar no Brasil e no mundo.

Para início de conversa, o que é uma Startup?

O significado do termo startup é “empresa emergente”, já que a palavra é intraduzível ao pé da letra. Em suma, o termo remete ao ato de criar iniciar uma empresa e colocá-la em funcionamento a partir de um modelo de negócios repetível e escalável, tudo isso trabalhando em condições de extrema incerteza.

O conceito de startup também pode ser definido como uma empresa inovadora com custos de manutenção baixos, que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores.

O termo startup passou a ser usado no Brasil há cerca de duas décadas, embora já fosse bastante popular nos Estados Unidos antes disso. Foi durante a chamada bolha.com, ou bolha da internet, entre os anos 1996 e 2001, que o conceito se tornou mais utilizado.

É comum associar as startups com empresas tecnológicas estabelecidas no ambiente online. Mas nem sempre é assim, elas só são mais frequentes na internet porque é mais barato criar uma empresa de software do que uma de agronegócio ou biotecnologia, por exemplo. Mas isso não impede que haja startups em todos os setores.

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O aporte inicial das startups muitas vezes é realizado pelos chamados “investidores anjos”, pessoas ou fundos que acreditam na viabilidade da ideia.

Atualmente, as startups estão por todo lado e o termo é muito difundido. Para se ter uma ideia, as startups brasileiras bateram recorde de captação em 2021 e receberam o triplo de recursos, na comparação com o volume de investimentos em 2020.

O ano foi bom também na média mundial: a base de dados Crunchbase apontou que US$ 332 bilhões foram investidos mundialmente em negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos ao longo de 2020. O número subiu para US$ 646,8 bilhões em 2021. Ou seja, o volume mundial de aportes quase dobrou em um ano.

A origem do termo unicórnio

Talvez os empreendedores ainda não estejam familiarizados com o termo, mas com certeza todos gostariam de se tornar unicórnios. Afinal, este é o nome dado a startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

Mas, de onde vem essa expressão? Lá em 2013, a investidora anjo Aileen Lee usou o termo pela primeira vez ao escrever o artigo ‘Welcome to the unicorn club: learning from billion-dollar startups’,  que em tradução livre significa ‘Bem-vindo ao clube dos unicórnios: aprendendo com as startups de um bilhão de dólares’.

A ideia de associar o ser mágico ao mundo dos negócios ajuda a compreender o quão raras são essas empresas. Ainda que não existam unicórnios na vida real, o termo tem o objetivo de reforçar como essas startups são especiais e difíceis de serem encontradas.

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Para se ter uma ideia, em 2013, quando publicou o artigo, Lee mapeou 39 startups com status de unicórnio no mundo. Segundo a consultoria CB Insights, em fevereiro de 2022 eram ao menos mil unicórnios espalhados pelo globo.

E quem nomeia os unicórnios? Quando uma empresa ainda não tem capital aberto, como acontece com a maior parte das startups em fase inicial, a avaliação normalmente é feita pelos fundos que investem nela.

Esses fundos, a título de explicação, reúnem investidores e empresas que injetam dinheiro nas startups e estimam os próximos passos do negócio para decidirem a avaliação que será divulgada para o mercado.

Os primeiros unicórnios do mundo

Quando Lee fez a lista de unicórnios em 2013, ela mapeou 39 empresas. Entre elas estavam nomes como a rede social Instagram, o aplicativo de mobilidade Waze, o site Tumblr,  a plataforma de vídeo YouTube, a empresa de hospedagens Airbnb e a startup de transportes Uber. Ou seja, todas as gigantes que conhecemos agora, naquela época trilhavam caminho dos unicórnios. Na ocasião, 75% das empresas eram da área de tecnologia.

Pegando um exemplo na lista dos primeiros unicórnios, temos o Instagram. A ideia de adicionar filtros pré-fabricados às fotos e publicá-las no próprio celular, fez com que o aplicativo fosse vendido para o Facebook por US$ 1 bilhão um ano e meio após seu lançamento.

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Enquanto isso, o Waze, fundado em Israel, se tornou unicórnio há pouco mais de uma década após substituir o navegador GPS tradicional por um aplicativo de navegação que fornece dados complementares do mapa e outras informações de tráfego dos usuários. Poucos anos depois da criação, a ideia foi vendida ao Google por cerca de US$ 1,1 bilhão.

Os Estados Unidos concentram o maior número de startups unicórnios. Desde a década de 90, quando o Vale do Silício passou a ser destaque no cenário global, centenas de empresas já alcançaram e superaram (muito) a marca do US$ 1 bilhão.

Segundo a consultoria CB Insights, o país manteve sua participação líder de unicórnios, representando um pouco mais da metade deles (51%). A China aparece em segundo lugar (18,1%), enquanto a Índia reivindica o terceiro lugar com 5,4% e o Reino Unido abriga 4% dos unicórnios.

A história do primeiro unicórnio brasileiro: 99

A 99 foi fundada em 2012 — ano em que uma série de outros aplicativos de transportes começaram a chegar ao país — inicialmente para corridas de taxi. O empreendedor Paulo Veras, na época com quase 40 anos, construiu o negócio com dois sócios: Ariel Lambrecht e Renato Freitas, que tinham 29 anos.

Em entrevista ao podcast do Zero ao Topo, Veras contou sobre a trajetória profissional antes de fundar a 99. Confira o episódio abaixo.

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O trio trabalhou junto por quase seis anos, superando eventos complicados como a concorrência da Uber e a recessão da economia brasileira.

Talvez um dos pontos mais desafiadores, além de lidar com a concorrência, tenha sido lidar com as fraudes. A 99 teve muitos problemas e prejuízos até corrigir a questão de segurança, montar um time antifraudes e evitar golpes de pessoas más intencionadas que usavam o sistema da empresa para clonar cartões de crédito.

Mesmo com os desafios, a empresa se manteve competitiva a ponto de atrair o investimento bilionário da chinesa Didi Chuxing, que antes de adquirir a 99, injetou US$ 100 milhões na startup no começo de 2017.

Após a aquisição, a startup cresceu sete vezes. A plataforma possui cerca de 1 mil colaboradores em território nacional e conecta mais de 600 mil motoristas parceiros.

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Crescimento do número de unicórnios ao redor do mundo

No auspicioso dia 2/2/2022 o clube global de unicórnios atingiu quatro dígitos pela primeira vez, de acordo com a consultoria americana CB Insights, que monitora as empresas com valor superior a US# 1 bilhão. O rebanho saltou 70% em 2021 devido ao financiamento recorde de empreendimentos em todos os setores.

A Dune Analytics, uma plataforma baseada na Noruega para criar visualizações de blockchain, alcançou a avaliação de US$ 1 bilhão e foi a milésima empresa da lista de unicórnios.

Ainda de acordo com a consultoria, no total essas empresas valem quase US$ 3,3 trilhões. As fintechs somam a maior categoria de unicórnios, representando aproximadamente 1 em cada 5 empresas (21%). Em seguida vem as companhias de software e serviços de internet (18%), e depois e-commerce e direto ao consumidor (11%).

Apenas duas empresas da lista – Bytedance e SpaceX – atingiram o status “hectocórnios”, com avaliações de mais de US$ 100 bilhões. A primeira delas, ByteDance, opera plataformas como TikTok, Vigo, Toutiao e TopBuzz. Já a SpaceX, que traz o nome de Elon Musk na bagagem, projeta, fabrica e lança foguetes e naves espaciais, além de desenvolver um sistema de internet banda larga de baixa latência para atender às necessidades dos consumidores em todo o mundo, conhecido como Starlink.

Segundo a CB Insights, outras 46 empresas possuem avaliações de decacórnio (mais de US$ 10 bilhões), enquanto cerca de 31% dos unicórnios estão avaliados em exatamente US$ 1 bilhão.

Mas afinal, será que estar avaliada na casa do bilhão de dólares é sinônimo de sucesso? Nem sempre. Algumas empresas da lista são prova disso. Um exemplo conhecido é o Wework, startup de coworking, fundada em 2010, que chegou a valer US$ 47 bilhões, passou por nove rodadas de investimentos e em seis semanas quase foi à falência depois de anunciar seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em ingês) em 2019.

Há três anos, com a expansão global, a empresa estava presente em 29 países e apresentou sua documentação para fazer seu IPO. Contudo, o documento revelou que a startup estava queimando muito dinheiro e tinha obrigações de US$ 47,2 bilhões a pagar. Em poucos dias, o valor de mercado da empresa despencou mais da metade para US$ 20 bilhões.

Pouco depois, o fundador Adam Neumann deixou o cargo de CEO da empresa e o WeWork anunciou sua decisão de adiar seu IPO indefinidamente.

A derrocada parecia não ter fim até que o conglomerado de investimentos Softbank, que já tinha aportado US$ 12 bilhões na startup nas rodadas anteriores, decidiu assumir o controle de 80% do WeWork por US$ 5 bilhões, com uma avaliação de US$ 8 bilhões. A história tem tantos altos e baixos que virou até série na Apple TV.

É claro que esse exemplo extremo não resume a atividade dos unicórnios, mas a verdade é que muitos deles terão de se adaptar nos próximos anos para garantir a presença na lista de raridades.

Uma prova disso foi a recente fala de Larry Fink, CEO da corporação de investimentos BlackRock, que divulgou sua tradicional carta de 2022 aos CEOs que costuma guiar o mercado corporativo. No documento mais recente, ele destacou o papel que o capitalismo desempenha na economia agora e no futuro. Para ele, combater a crise climática é uma grande parte disso.

Fink disse que os próximos mil unicórnios não serão mais mecanismos de busca ou empresas de mídia social, mas sim “que ajudam o mundo a descarbonizar e tornar a transição energética acessível para todos os consumidores”.

“Precisamos ser honestos sobre o fato de que os produtos verdes geralmente têm um custo mais alto hoje”, disse Fink na carta. “Reduzir esse prêmio verde será essencial para uma transição ordenada e justa. Com a quantidade sem precedentes de capital em busca de novas ideias, os operadores precisam ter clareza sobre seu caminho para ter sucesso em uma economia líquida zero. E não são apenas as startups que podem e vão revolucionar as indústrias. Os incumbentes ousados ​​podem e devem fazê-lo também”.

Os unicórnios brasileiros e suas trajetórias

Pandemia, incertezas econômicas e instabilidade política não atrapalharam o fôlego dos investidores nas startups brasileiras. O ano de 2021 estabeleceu recordes de aportes com US$ 8,8 bilhões em 677 rodadas. Em 2020, esse volume havia sido de US$ 3,6 bilhões, de acordo com a Distrito, plataforma de inovação aberta.

O montante fez com que o Brasil fechasse o ano com dez novos unicórnios, as empresas avaliadas acima de US$ 1 bilhão. Entraram para o time: MadeiraMadeira, Hotmart, Mercado Bitcoin , Unico, Frete.com, CloudWalk, NuvemshopDakiFacily e Olist.

Até 2021, o país acumulava 24 unicórnios. A primeira startup bilionária brasileira foi o aplicativo de transporte 99 , em janeiro de 2018. Neste ano, os unicórnios se espalharam pelos setores de e-commerce, mídia, fintech, segurança e logística.

Alguns empreendedores do time do bilhão já passaram pelo podcast Do Zero ao Topo. Confira a seguir a história dessas empresas e acompanhe os episódios para saber mais.

Creditas

Fundada em 2012, a Creditas realiza empréstimos com garantias – usando casas, veículos e até iPhones como colaterais – oferecendo taxas mais baratas do que os bancos tradicionais.

Em uma rodada de captação de recursos em dezembro de 2020, a empresa se tornou unicórnio ao ser avaliada em US$ 1,7 bilhão.

 Já em janeiro de 2022, a Fidelity Investments comprou uma participação de US$ 260 milhões na Creditas, avaliando a fintech brasileira em US$ 4,8 bilhões. A captação de recursos colocou a Creditas entre as cinco startups de capital fechado mais valiosas da América Latina.

Gympass

A plataforma de atividade física Gympass é uma startup criada em 2012 e recebeu um aporte de US$ 300 milhões liderado pelo conglomerado SoftBank. Com esse montante a companhia se tornou um unicórnio em junho de 2019.

Em junho de 2021, o Gympass anunciou uma nova rodada de investimentos que o avaliou em US$ 2,2 bilhões.

Em 2022, a empresa trabalha para se consolidar como uma plataforma de bem-estar e prevê crescer 30% só no Brasil, aumentar presença nos Estados Unidos e expandir a equipe em 36%, ultrapassando 1,5 mil funcionários até o fim do ano.

CargoX (hoje chamado Frete.com)

Cargo X foi criada em 2013 e antes de se consolidar como uma empresa de frete para caminhoneiros  recebeu mais de 100 negativas de investidores. Agora a startup faz parte da Frete.com, holding que une Cargo X e a plataforma de negociação de transporte de cargas FreteBras.

A empresa se tornou um unicórnio no final de 2021, após um investimento de US$ 200 milhões, liderado por Tencent e SoftBank Group. O Frete.com é agora o terceiro unicórnio brasileiro no burocrático e complexo mercado de logística, após as empresas de entregas iFood e Loggi. Mas é o primeiro dedicado às cargas pesadas transportadas por caminhões.

QuintoAndar

QuintoAndar é uma startup brasileira de tecnologia focada no aluguel e na venda de imóveis, fundada no início de 2013. A empresa, até 2022, já valia US$ 5,1 bilhões. A plataforma para moradia atingiu essa avaliação de mercado após uma extensão de sua rodada série E, feita em maio de 2021.

Atualmente, a startup de propriedades administra R$ 50 bilhões em ativos em mais de 40 cidades brasileiras, tem mais de 120 mil contratos de aluguel e adiciona cerca de 10 mil novos aluguéis à carteira por mês.

MadeiraMadeira

Hoje um dos maiores e-commerce de móveis do país, a MadeiraMadeira nasceu como uma companhia focada em vender pisos e outros produtos de materiais de construção online.

Em 2019, a companhia recebeu um aporte de US$ 110 milhões liderado pelo conglomerado japonês SoftBank. Os recursos foram utilizados para a parte de tecnologia, logística e experiência do cliente.

No início de 2021, a startup anunciou um novo aporte de US$ 190 milhões. Com ele, o e-commerce de produtos para casa foi avaliado em mais de US$ 1 bilhão e entrou para a lista de unicórnios brasileiros .

A empresa comercializa produtos feitos por terceiros e também tem sua linha própria de móveis, chamada Cabecasa.

Loft

Cerca de 16 meses. Esse foi o tempo que a startup imobiliária Loft levou desde o início de suas operações até ser avaliada em US$ 1 bilhão, em janeiro de 2020.

Mate Pencz, empreendedor húngaro formado em Economia pela Harvard University, e Florian Hagenbuch, alemão criado no Brasil, que estudou negócios nos Estados Unidos e trabalhou em empresas de private equity sediadas em Londres, são os nomes por trás do case de sucesso.

O empreendedorismo da dupla começou em 2012 quando fundaram a Printi, primeira gráfica online do país a oferecer produtos de alta qualidade com preços competitivos. Em dois anos, o negócio ultrapassou a marca de 30 mil clientes atendidos.

Em 2014, venderam uma participação na Printi para a americana Visaprint e usaram a liquidez para investir em startups. Em agosto de 2018, fundaram a Loft, que nasceu fazendo a compra, reforma e revenda de apartamentos em bairros com demanda reprimida da capital de São Paulo, como Jardins, Moema e Itaim Bibi.

Em 2020, após um aporte de US$ 175 milhões, a Loft atingiu US$ 1 bilhão em valor de mercado, tornando-se um unicórnio. Em abril de 2021, a Loft captou a maior rodada de capital de risco já vista no Brasil, no valor de US$ 525 milhões e chegou ao valor de US$ 2,9 bilhões.

No quadro de investidores da Loft estão as gestoras americanas Andreessen Horowitz (que tem em seu portfólio Airbnb, Pinterest e Rappi) e Valor Capital (do ex-embaixador americano no Brasil, Cliff Sobel) e investidores pessoa física como Max Levchin (PayPal), Eric Wu (fundador da OpenDoor) e David Vélez (do Nubank).

Loggi

A empresa começou a operação em 2013 realizando entregas expressas de documentos. Dois anos depois entrou para o e-commerce e nos anos seguintes expandiu seu escopo de atuação para o delivery de comidas, em parceria com plataformas como Rappi e IFood.

Loggi foi a oitava startup brasileira a se tornar um unicórnio. Em maio de 2021, levantou R$ 1,1 bilhão em uma rodada de investimentos que teve a participação da gestora de recursos Verde Asset Management.

A nova rodada, a maior da história da companhia, foi liderada pela CapSur Capital e contou com o aporte da Verde. Cerca de 75% dos atuais investidores, incluindo SoftBank Group Corp e Microsoft, também acompanharam e a empresa está avaliada em US$ 2 bilhões.

Ebanx

Fundada em Curitiba em 2012 com o objetivo de resolver um gap de acesso entre latino-americanos e sites internacionais, a fintech Ebanx tem operações em países como Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia e Chile. Tornou-se um unicórnio em 2019.

Atualmente, a empresa está preparando um IPO para ajudar a expandir suas soluções de processamento de pagamentos pela região.

Mercado Bitcoin

Fundada em 2011, a startup Mercado Bitcoin é uma corretora brasileira que realiza serviços de intermediação de compra e venda de criptomoedas por meio de uma plataforma online onde são feitas negociações e transações com Bitcoin, Ether, XRP, Bitcoin Cash, Litecoin e outros criptoativos.

Em julho de 2021, o Mercado Bitcoin se tornou o primeiro unicórnio atuando com criptomoedas no Brasil. O conglomerado japonês de tecnologia SoftBank liderou um aporte de US$ 200 milhões na empresa, elevando sua avaliação de mercado para US$ 2,1 bilhões.

A corretora de compra e venda de ativos digitais tem cerca de 3 milhões de clientes. É o equivalente a 70% do número de investidores individuais na B3, a Bolsa de Valores brasileira.

Futuro dos investimentos em startups brasileiras

É fato que 2021 foi o ano das startups. Houve recorde de investimentos e as brasileiras abocanharam mais de R$ 50 bilhões no ano passado. O momento global de baixas taxas de juros e de interesse em empresas de tecnologia direcionou o olhar para as startups. Mas afinal, como ficam os investimentos daqui para frente?

Para investidores e empreendedores brasileiros ouvidos pelo Do Zero Ao Topo, as condições serão menos favoráveis em 2022. O investimento em negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos deve crescer neste ano, mas não na proporção vista em 2021.

“O Brasil tem ainda muitos problemas para serem resolvidos, e havia uma grande escassez de capital destinado ao país”, diz Alex Szapiro, diretor dos investimentos do SoftBank no Brasil.

O cenário para este ano está mais desafiador ao venture capital (VC) e private equity (PE), a começar pelo ambiente macroeconômico. As taxas de juros subiram ou prometem subir em alguns países, como nos Estados Unidos e no próprio Brasil. Quem coloca dinheiro em renda variável tende a ser mais exigente com seus retornos, com a renda fixa remunerando mais.

“Existe historicamente a percepção de que juros altos chamam a atenção dos investidores, por conta da relação entre risco e retorno”, alerta Szapiro. “Quem ainda vai decidir investir ou não em venture capital terá uma escolha mais difícil neste ano”, completa Daniel Ibri, sócio da gestora de venture capital Mindset Ventures.

Previsões para 2022: quais serão os novos unicórnios?

Para os investidores ouvidos pelo Do Zero Ao Topo, as startups brasileiras devem receber, no total, mais dinheiro do que em 2021, mas avaliam que o cenário será ainda mais incerto.

Os empreendedores ainda devem se beneficiar bastante neste ano com o dinheiro captado pelas gestoras na empolgação de 2020 e 2021. A exceção para o bom momento dos empreendedores deverá ser o período das eleições presidenciais. “Vejo um ano com primeiro semestre forte, mas que vai perdendo força ao longo do segundo semestre”, projeta Ibri.

Os empreendedores estão exercitando a cautela neste ano, apesar de acreditarem que existe dinheiro no mercado e que correções de múltiplos não devem acontecer nos próximos meses.

“Os fundos captam recursos com um direcionamento, então eles vão alocar esse capital. Empresas sólidas, com foco definido e estratégia de longo prazo continuarão com espaço para captar com qualidade.

O consenso é que haverá uma seletividade maior das gestoras em 2022. Empresas mais frágeis podem ter dificuldade de captar e valuations mirabolantes de alguns negócios sem fundamentos começam a voltar para a realidade. Os fundos podem ficar mais criteriosos e em algum momento isso com certeza vai acontecer, mesmo que não seja em 2022.

Já com relação ao número de novos unicórnios, a Distrito aponta 14 potenciais unicórnios neste ano de 2022.