O seguro de celular é um produto relativamente recente. Surgiu como parte de uma carteira de proteção de equipamentos portáteis, como laptops, câmeras, filmadoras e tablets. Hoje pode ser contratado isoladamente.

Tornou-se um produto independente em função da demanda. Os celulares se popularizaram, evoluíram, viraram smartphones e passaram a ser uma ferramenta essencial no dia a dia das pessoas. Hoje há mais linhas de celular ativas no Brasil do que gente.

Com a evolução da tecnologia e maior sofisticação, muitos modelos viraram objetos de desejo e ficaram bastante caros. Nesse contexto, cresceu o interesse dos ladrões. Roubos e furtos desses aparelhos são cada vez mais comuns. Perdas e quebras são também usuais.

“É um seguro com sinistralidade elevada, considerado ‘nervoso’”, diz Caio Souza, executivo responsável pela área de Produtos de Seguros para Pessoas Físicas da XP.

Segundo Patrícia Soeiro, vice-presidente da Comissão de Seguros Gerais e Afinidades da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), há cerca de 10 milhões de aparelhos segurados no Brasil. Em 2022, as indenizações pagas por seguradoras somaram R$ 1 bilhão.

Além do prejuízo material, ficar sem celular é um transtorno. Mais do que um meio de comunicação, perdem-se dados, um instrumento de trabalho e entretenimento, e a capacidade de fazer uma infinidade de operações. Nossa dependência destes dispositivos é cada vez maior.

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Nesse sentido, o mercado de seguros para celular avançou e atualmente o produto é oferecido por seguradoras, insurtechs – startups da área de seguros –, operadoras de telefonia móvel, varejistas e os próprios fabricantes.

Como funciona o seguro de celular?

É possível contratar seguro para um celular que você já tem ou na hora da compra. São vários os canais disponíveis.

“As grandes seguradoras geralmente atendem o varejo e as operadoras, e a Apple, por exemplo, tem um seguro dela. O consumidor consegue fazer com seguradoras tradicionais ou novas, mas é um mercado ainda dominado por quem distribui o seguro no ponto de venda ou online”, observa Souza.

Via de regra, para fazer a contratação nos diferentes canais, o interessado deve fornecer seus dados pessoais, modelo e número de série do aparelho, conhecido como IMEI, que geralmente vem numa etiqueta colada à embalagem.

IMEI é a sigla em inglês para “Identidade Internacional de Equipamento Móvel”. “Cada um tem o seu IMEI”, explica Soeiro. O prazo dos seguros é geralmente de um ano.

As seguradoras dispõem de aplicativos próprios, que o usuário baixa no celular, e são capazes de fazer um raio-X do equipamento, verificar se está funcionando corretamente e até o estado da tela. Feita essa análise, o seguro passa a ficar ativo. Pode demorar algumas horas.

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Na ocorrência de “sinistro” – evento que dá ensejo à indenização –, o segurado deve acionar a seguradora, fornecer seus dados ou o bilhete do seguro (resumo da apólice), bloquear o aparelho e fazer boletim de ocorrência eletrônico, em caso de roubo ou furto.

A seguradora pode pedir comprovante do bloqueio, do B.O e da nota fiscal do aparelho. Atenção: algumas empresas só aceitam nota fiscal emitida no Brasil. Portanto, se você comprou seu celular no exterior, verifique as exigências da empresa antes de fazer o seguro.

O segurado pode ser indenizado, ou receber um aparelho igual ou similar.

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No caso de quebra, o segurado tem que descrever o defeito e seguir as orientações da seguradora. Pode haver indenização ou envio do dispositivo para assistência técnica.

Qual o tempo de carência de seguro celular?

Segundo Souza, o seguro de celular não tem carência.

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Como é calculado o valor do seguro celular?

Pela alta sinistralidade, o seguro de celular costuma ter um “prêmio” alto em comparação com outros tipos de produtos. O prêmio é o valor que o segurado paga à seguradora. Grosso modo, varia de 10% a 15% do valor do aparelho.

“Tem uma taxa um pouco mais alta. A dos seguros de veículos, por exemplo, variam de 4% a 6%”, comenta Souza. “A tela, por si só, pode custar metade do preço do aparelho”, acrescenta Soeiro.

A seguradora vai levar em conta também outros fatores, como um “score”, ou classificação de risco, do segurado. Se ele mora num grande centro, por exemplo, e está mais sujeito a roubos e furtos, e seu histórico.

O seguro celular pode ter franquia também. Nesse caso, o segurado tem de pagar – ou deixar de receber – um valor de 15% a 25% do capital segurado para ser indenizado.

Os telefones móveis sofrem ainda depreciação ao longo do tempo, então, o valor da indenização pode cair. As seguradoras aplicam uma tabela de depreciação que varia de acordo com o período de uso do dispositivo. 

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 Quais são as principais coberturas?

As principais coberturas são de roubo, furto e quebra acidental.

A garantia estendida é hoje uma forma de seguro também. “Tem uma seguradora por trás. Até 2026, era um serviço”, conta Patrícia Soeiro.

Seguro celular contra furto e roubo são a mesma coisa?

Não. Roubo e furto são crimes diferentes, e os pacotes das seguradoras podem cobrir um, ou outro ou ambos.

Roubo consiste em subtrair alguma coisa de alguém por meio de violência ou grave ameaça. Por exemplo, um assalto a mão armada.

Furto consiste em subtrair coisa alheia sem o uso de violência ou grave ameaça. Por exemplo, bater uma carteira.

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As seguradoras costumam cobrir o chamado furto qualificado, que inclui destruição ou rompimento de obstáculo, como arrombamento ou quebra do vidro de um carro, por abuso de confiança, mediante fraude e outras circunstâncias qualificadoras. O furto por descuido do segurado pode não estar coberto.

Cuidados ao contratar seguro de celular

É importante verificar exatamente o alcance das coberturas do seguro. Podem estar fora ocorrências como perda, furto simples, quebras por desgaste ou uso inadequado e danos estéticos.

O consumidor deve verificar também a conveniência de fazer o seguro. Em caso de aparelho usado, é importante conferir se compensa pagar o prêmio frente ao valor do bem.

Seguros são contratados majoritariamente por quem tem celular novo ou seminovo, com dois a três anos de uso, no máximo. Depois desse período, a taxa de renovação cai significativamente. Há seguradoras que sequer cobrem dispositivos com mais de dois anos.

Outra dica importante é verificar se por trás do produto que está sendo oferecido como seguro há de fato uma seguradora.