Se você achava que operar no day trade – comprando e vendendo os mesmos ativos no mesmo dia – era uma correria, vai descobrir que o mercado pode ser ainda mais rápido. Uma estratégia conhecida como scalping envolve negócios que duram menos de um minuto.

Você não entendeu mal: nesse tipo de operação, do momento da aquisição até a hora de se desfazer dos papéis, passam apenas poucos segundos. Às vezes 30. Às vezes dez ou cinco segundos. Dá para acreditar?

Para quem quer entender como é possível ganhar dinheiro desse jeito, o InfoMoney preparou esse guia completo sobre scalping. Nele é possível aprender sobre os fundamentos dessa estratégia, como aplicá-la na prática, as técnicas de análise usadas para escolher os ativos a negociar e como se preparar para operar dessa forma. Confira:

O que é Scalping?

Se você está lendo sobre scalping, já deve ter ouvido falar antes sobre day trade – operações, com os mesmos papéis, iniciadas e finalizadas na bolsa durante um mesmo pregão. O scalping, na verdade, é um tipo de estratégia dentro desse grupo de operações. Mas há uma diferença fundamental: são negócios ainda mais curtos, rápidos e sequenciais do que os realizados no day trade convencional.

Existem variações, é claro, mas alguns “scalpers” – como são chamados os operadores que adotam essa estratégia – afirmam que suas operações duram de 5 a 10 segundos em média. Para eles, operações de 30 segundos chegam a ser consideradas longas. Outros operadores realizam negócios com duração de poucos minutos.

No scalping, o que menos interessa são os fundamentos dos papéis – ações, opções, contratos futuros, etc. – já que essa estratégia está focada basicamente em capturar as variações de preço deles no curtíssimo prazo.

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Além disso, os scalpers também estão em busca de ativos com volume de negociação elevado. A alta liquidez é fundamental para quem quer comprar e vender rapidamente, porque ela é que garante que haverá compradores e vendedores disponíveis no momento em que uma oportunidade de ganho aparece. Sem isso, é impossível realizar uma operação desse tipo.

No caso do scalping, nem mesmo as notícias do dia – que normalmente podem influenciar o desempenho dos papéis ao longo do pregão – são elementos tão importantes para realizar as operações. Cada negócio acontece tão rapidamente que esse impacto pode não chegar a ser definidor dos resultados do scalper.

Como são muito curtas, essas operações têm margem de ganho pequena. Por isso, quanto maiores os valores aplicados ou quanto mais elevado o nível de alavancagem que o scalper utilizar, melhores tendem a ser os seus resultados.

Diferença entre o scalper e o day trader

Os scalpers são profissionais de mercado que passam o dia – ou pelo menos parte do dia – nas mesas de operação procurando oportunidades de negócios de curtíssimo prazo. Day traders também fazem isso, mas com algumas diferenças.

A primeira é a quantidade e a frequência de operações realizadas em cada pregão. Um day trader pode passar um dia inteiro fazendo uma, duas ou até cinco operações. Já um scalper realiza dez, 15, 20 ou mais operações em um só pregão.

Os scalpers, assim como os day traders, muitas vezes utilizam os gráficos de preços para avaliar os melhores momentos para realizar uma operação. Mas além deles, também dispensam muita atenção aos fluxos de compras e vendas dos ativos.

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Outra diferença está no tipo de preocupação que cada um desses operadores tem durante o pregão. Day traders e scalpers estão sempre focados em acertar suas apostas, para com elas obter ganho. Os scalpers, no entanto, também precisam evitar ao máximo os erros. Como a rentabilidade de cada operação é pequena, quanto mais erros cometer menor será o seu lucro líquido com os negócios do dia.

Vantagens e riscos

Uma característica do scalping é que ele permite obter ganhos em momentos de volatilidade do mercado – épocas em que, usualmente, há um nível de tensão maior entre os investidores que apostam em operações mais longas. Isso porque um scalper ganha exatamente com as variações de preço que os ativos apresentam no curtíssimo prazo, e essas variações estão mais presentes em mercados voláteis.

Esses períodos, portanto, são épocas com oportunidades abundantes de scalping. Mas os operadores devem saber que não precisam ficar expostos o tempo todo – especialmente nos momentos de maior estabilidade do mercado. Nesses períodos, as oportunidades diminuem e, em função disso, os riscos de perda aumentam.

Uma vantagem das operações de scalping é que, pelo fato de serem encerradas muito rapidamente, as eventuais perdas de uma aposta do investidor que não se concretizou na prática tendem a ser limitadas. Mas para que isso seja verdade, é preciso dominar o fator psicológico – o que costuma ser considerado um dos principais riscos envolvidos na estratégia.

Normalmente, recomenda-se que o scalpers operem com metas claras e bem definidas. Se o objetivo de um negócio é conseguir um determinado ganho em 30 segundos, ao conquistá-lo o ideal é finalizar a operação. O mesmo vale na situação oposta: se o ativo segue na direção contrária à esperada, o melhor pode ser encerrar o negócio no tempo programado e partir para o próximo. Ao longo de um dia em frente à tela de negociação, sem metas estabelecidas, a chance de acabar perdendo os ganhos obtidos não é desprezível.

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Também é importante que o scalper procure observar, a cada dia, se está sincronizado com o andamento do mercado. Insistir em operações que eventualmente não estejam funcionando também pode ser um risco. Por isso, operadores experientes costumam sugerir que se inicie o pregão com algumas operações, dentro dos valores estabelecidos como meta, e se observe os resultados. Muitas vezes, dois ou três negócios realizados logo no início do pregão podem resolver os objetivos de ganho previstos para um dia inteiro.

Uma das desvantagens do scalping é que, para gerar lucros mais expressivos, o operador precisa dispor de um volume maior de recursos. Isso porque cada operação, potencialmente, rende apenas um pequeno ganho para o operador. Se negociar valores pequenos, a rentabilidade nominal será pequena também. Portanto, quanto menores forem os lotes de negociação, maiores serão as limitações para o scalping.

Outra desvantagem são os custos. Como os scalpers realizam muitas operações ao longo de um dia, e cada uma dessas operações envolve custos como taxa de corretagem e de negociação, essa pode se tornar uma estratégia cara, se comparada com os ganhos obtidos. Também por conta disso operações maiores tendem a ser mais vantajosas, já que nesse caso os custos se diluem.

Técnicas de Scalping

Agora que você já entendeu o que é scalping, além das suas vantagens e riscos, deve estar imaginando como um scalper escolhe que ativos vai operar e quando. Para tomar essa decisão, existem técnicas de análise bastante difundidas no mercado que são aplicadas a esse tipo de operação. Conheça as três principais:

Análise técnica

A análise técnica é largamente utilizada no mercado, principalmente em operações de curto prazo – entre elas, nas de scalping. Ela parte do estudo dos gráficos de preço dos ativos para identificar as tendências para os movimentos futuros deles. Dessa forma, a partir das figuras formadas pelas linhas de preço, os operadores são capazes de inferir se os preços tendem a subir ou cair dali por diante.

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Para usar a análise técnica para realizar operações tão curtas quanto as realizadas por um scalper, é preciso adequar os gráficos utilizados como referência. O ideal é tomar como base os gráficos que consideram os movimentos dos preços em prazos também muito pequenos – de 15 minutos, por exemplo.

É comum que os scalpers conjuguem a análise técnica com outras ferramentas de análise para decidir quais operações irão realizar, quando e por quanto tempo. Entre elas está o tape reading, que você vai conhecer abaixo.

Tape Reading

Tape Reading é o nome popular de uma técnica chamada de leitura ou análise de fluxo de ordens. No lugar de acompanhar os preços, os scalpers que se valem do tape reading observam os volumes de negócios fechados e também das ordens – de compra e venda – ofertadas no mercado.

De posse dessas informações, os scalpers conseguem identificar mudanças de preços que estejam sendo causadas pelo movimento de grandes investidores institucionais entrando ou saindo do ativo. Com isso, eles podem se posicionar na mesma direção e ganhar seguindo o fluxo dos recursos.

Para fazer essa leitura, os operadores podem observar diferentes indicadores de fluxo do mercado. Alguns exemplos são o book de ofertas agrupado (que pode indicar onde os compradores e os vendedores estão concentrados), o saldo dos maiores compradores e vendedores do ativo em certo momento, os negócios fechados ao longo do dia, as instituições financeiras que estão realizando mais operações, entre outros. Essas informações em geral são disponibilizadas pelas corretoras de valores, muitas vezes em ferramentas desenhadas especificamente para quem utiliza o tape reading.

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VWAP

Outro indicador que costuma ser acompanhado pelos scalpers é o VWAP, ou Volume-Weighted Average Price. Em português claro, trata-se do Preço Médio Ponderado pelo Volume. A visualização do VWAP em um gráfico ajuda a identificar os pontos de liquidez de um ativo em determinada periodicidade.

Para chegar ao VWAP, é preciso fazer uma conta levando em consideração o número de ações negociadas em um determinado período e a que preço cada negócio foi fechado. O resultado dessa multiplicação, depois, é dividido pelo volume total de ações negociadas. Por juntar as duas grandezas mais importantes – preço e volume – o VWAP ajuda o scalper a orientar suas operações.

Perfil de Scalper

Operadores que atuam no mercado no curto prazo, como é o caso dos scalpers, costumam ser investidores com alguma – senão muita – experiência. A velocidade com que os negócios são abertos e fechados exige preparação técnica e emocional do investidor. Isso é algo que se adquire com tempo e estudo.

Para os investidores que estão habituados a operações de longo prazo, ou mesmo ao swing trade e ao day trade, uma adaptação será necessária. A lógica das operações é diferente, porque se baseia em ganhos muito pequenos em compras e vendas fechadas em sequência. O foco de análise sai do papel em si, e se volta para as variações imediatas de preço.

Quem já opera com a estratégia de scalping costuma ser categórico: antes de começar, é importante investir bastante tempo e dedicação estudando. O passo seguinte é estabelecer um prazo para testes, simulando operações e procurando validar os resultados. Só então vale a pena começar a fechar negócios reais – mas com valores pequenos. Conforme se adaptar à rotina de ganhos (e inevitáveis perdas) é possível ampliar os volumes de negociação.

Livros e cursos

Se, depois de ler esse guia inteiro, bateu uma vontade de conhecer mais e aprender sobre scalping, comece agora mesmo. O InfoMoney separou algumas referências de cursos e formações em que é possível aprofundar os conhecimentos e começar a testar suas habilidades como scalper. Confira: