Quando falamos em investimentos, normalmente o que se pensa primeiro é em quanto rende determinada aplicação financeira. É também é bastante comum confundir rentabilidade com rendimento, mas os dois conceitos não são sinônimos, e é importante saber diferenciá-los na hora de escolher e analisar as aplicações.
Neste conteúdo, falaremos sobre o que é rentabilidade e os principais pontos que você precisa conhecer sobre esse importante indicador financeiro. Portanto, se você tem dúvidas a respeito do tema e deseja mais informações para fazer uma boa gestão dos seus investimentos, continue a leitura a seguir!
Como saber quanto rende um investimento?
Por definição, rentabilidade é o percentual de ganho a partir do valor que foi investido. Esse conceito vale para qualquer tipo de retorno que se possa ter a partir de um aporte financeiro. Podemos medir a rentabilidade de um negócio, seja ele indústria, comércio ou serviço, assim como a de uma carteira de investimentos, por exemplo.
Suponha que você tenha investido R$ 5.000 em um CDB com rentabilidade de 10% ao ano. Isso significa que, depois de um ano, terá um retorno de R$ 500 sobre o valor investido – ou seja, 10% de R$ 5.000.
Observe que, ao falarmos em retorno, estamos nos referindo ao valor absoluto que foi gerado a partir do investimento. Por sua vez, a rentabilidade é o percentual representado pelo retorno. Conhecer esse indicador é fundamental para que se possa tomar a melhor decisão financeira, de acordo com o perfil e objetivos de cada um.
Imagine agora que uma empresa esteja planejando comprar uma máquina para aumentar o faturamento, mas não sabe quanto o equipamento irá custar e qual a sua capacidade produtiva. Se não tiver essas informações, não há como saber se o valor gasto trará bons resultados à sua operação. O mesmo raciocínio devemos utilizar para nossos investimentos, pois precisamos saber quanto pode ser gerado de resultado a partir de determinado valor que aportamos em uma aplicação.
Em outras palavras, a rentabilidade relaciona o retorno que podemos obter mediante um determinado valor investido, conforme veremos a seguir.
Qual a diferença entre lucratividade e rentabilidade?
Rentabilidade e lucratividade são importantes indicadores do resultado de uma empresa, pois ajudam os gestores em relação à tomada de decisões. Isso porque ambos podem ser utilizados tanto para comparar a evolução do negócio ao longo do tempo quanto para detectar se há algo a ser melhorado na operação.
Os dois indicadores estão relacionados ao resultado da empresa, mas avaliam o negócio sob diferentes pontos de vista. Para entender a diferença, acompanhe a seguir o conceito de cada um deles.
Lucratividade
A lucratividade estabelece uma relação entre o lucro da organização e o seu faturamento em determinado período. Dessa forma, ela mostra se o que os recursos que a empresa gerou com a venda foram suficientes para cobrir os seus custos e despesas e ainda sobrar dinheiro.
Esse indicador é expresso em percentual, e a sua fórmula é a seguinte:
Lucratividade = (lucro líquido / receita total) x 100.
Exemplo: digamos que uma empresa tenha faturado R$ 100.000.000 e alcançado R$ 30.000.000 de lucro líquido em determinado exercício. Com essas informações, podemos calcular a sua lucratividade no período:
Lucratividade = (R$ 30.000.000 / R$ 100.000.000) x 100 = 30%
Em outras palavras, uma lucratividade de 30% significa que, a cada real que a empresa vendeu no exercício, obteve 30 centavos de lucro líquido.
Rentabilidade
Já a rentabilidade não está relacionada às vendas da empresa, mas sim ao total de recursos que foi investido no negócio.
Esse indicador pode ser calculado de diferentes formas, considerando somente os recursos que os sócios investiram ou também o capital de terceiros do qual a empresa dispõe (como bancos, fornecedores, entre outros).
Na prática, a rentabilidade serve para mostrar aos gestores e investidores se o negócio consegue se pagar. Se a resposta for negativa, isso significa que o dinheiro aportado na empresa não tem gerado os efeitos desejados, e pode ser um indicativo de necessidade de mudança na estratégia da operação.
Logo, para encontrarmos a rentabilidade, utilizamos a seguinte fórmula:
Rentabilidade = (lucro líquido / investimento) x 100
Imagine que uma empresa tenha investido R$ 50.000 em marketing para o lançamento de um produto, que gerou lucro líquido adicional de R$ 100.000. Nessa situação, a rentabilidade foi:
(R$ 100.000 / R$ 50.000) x 100 = 200%
Ou seja, para cada real investido em marketing, a empresa teve um retorno de 2 reais com o novo produto.
Para não esquecer:
Lucratividade | Rentabilidade |
Relaciona o lucro líquido às vendas | Relaciona o lucro líquido ao valor investido |
Como calcular a rentabilidade nos investimentos?
Para calcularmos quanto rende um investimento, primeiro precisamos entender os conceitos de juro nominal e juro real.
Voltemos ao exemplo do CDB. Quando você adquiriu o título com uma taxa de 10% ao ano, esse percentual se refere ao juro nominal da aplicação. Isso significa que os 10% ao ano não estão considerando a inflação do período.
Digamos que, em um ano, a inflação acumulada tenha sido de 5%. Para chegarmos ao juro real do título no período, precisamos descontar a inflação. Dessa forma, chegaremos a um juro real de 5% ao ano.
Além da inflação, também entram no cálculo da rentabilidade o Imposto de Renda sobre os rendimentos e demais taxas necessárias para fazer ou manter a aplicação. Por exemplo, quem possui títulos do Tesouro Direto, precisa pagar uma taxa de custódia à bolsa, que é de 0,20% ao ano sobre o total investido. Essa taxa é debitada na conta do investidor em duas parcelas de 0,10% cada, sempre nos primeiros dias úteis de janeiro e julho.
Já quem investe em ações, deve saber que são cobrados emolumentos, taxas de corretagem e outros custos nesse tipo de operação. O mesmo acontece com os fundos de investimento, que possuem taxa de administração e, em alguns casos, taxa de performance.
Perceba que, dependendo do tipo de título e da instituição financeira que o negocia, existem diferentes custos que impactam a rentabilidade. Logo, é preciso conhecer cada um deles, para saber se, de fato, o investimento valerá a pena e trará a rentabilidade desejada.
Conhecidas as variáveis que influenciam na rentabilidade, podemos chegar ao seguinte cálculo:
Rentabilidade real = [(rendimento nominal – inflação – impostos – taxas) x 100] / valor do investimento
Rentabilidade na renda fixa e na renda variável
O que caracteriza a renda fixa é a previsibilidade desse investimento em relação a sua rentabilidade. Ou seja, desde o início da aplicação, já se pode saber o quanto ela renderá (no caso da renda fixa prefixada) ou qual a sua estimativa de retorno (no caso da renda fixa pós-fixada e híbrida).
Para relembrar: na renda fixa prefixada, o título informará o percentual aplicado sobre o investimento. Por exemplo, um CDB que paga 10% ao ano.
Por sua vez, na renda fixa pós-fixada, esse rendimento será atrelado a uma taxa, que normalmente é a Selic ou o CDI. Por exemplo, um CDB que rende 100% do CDI.
Por fim, a renda fixa híbrida é aquela em que parte da rentabilidade é uma taxa fixa e outra parte segue um índice de referência. Um dos exemplos mais conhecidos é o Tesouro IPCA+, que tem parte da taxa fixa e a outra parte indexada ao índice de inflação.
Já na renda variável, não há como saber antecipadamente qual o retorno do investimento. Inclusive, dependendo do ativo e das condições de mercado, pode ser que haja perdas. Quem acompanha o mercado de capitais sabe que as oscilações da bolsa fazem parte da vida do investidor, e que, em determinados momentos, a renda variável pode apresentar maior ou menor volatilidade.
Rentabilidade da poupança: ainda vale a pena?
Não! A rentabilidade da poupança já deixou de valer a pena há algum tempo, principalmente em momentos de inflação mais alta.
Apesar de ainda ser a aplicação mais lembrada pelos brasileiros, a rentabilidade que a poupança oferece é uma das piores do mercado. Se você ficou surpreso com essa informação, ou se já sabia disso mas não compreende exatamente por que a velha caderneta não é uma boa escolha para o seu dinheiro, veja a seguir como funciona o cálculo dos rendimentos dessa aplicação.
A rentabilidade da poupança acompanha a variação da taxa Selic e é acrescida da TR (Taxa Referencial). Outro ponto a entender é que existem dois períodos distintos para o cálculo dos rendimentos dessa aplicação: um antes de 4 de maio de 2012 e um depois dessa data.
Para os depósitos feitos antes de 4 de maio de 2012, a poupança paga 0,5% ao ano + TR. Por sua vez, a TR, que chegou a ficar zerada de 2017 até pouco tempo atrás, atualmente está bem abaixo de um ponto percentual. Logo, o seu valor praticamente não faz diferença na rentabilidade da poupança.
Já para os depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012, o rendimento da poupança obedece à seguinte regra:
– quando a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano, a poupança renderá 70% da taxa + TR;
– quando a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, a remuneração será de 0,5% ao mês + TR.
Outro ponto importante a considerar em relação à poupança é que a sua rentabilidade é mensal, e não diária como em alguns títulos de renda fixa. Se você investe na poupança, ou já teve algum dinheiro nessa aplicação, deve estar familiarizado com a expressão “aniversário da poupança”.
Em outras palavras, isso significa que o seu dinheiro só irá render no dia em que o depósito completar um mês. Por exemplo, se você fez um aporte na poupança no dia 15 de dezembro e decidiu fazer um saque no dia 12 de janeiro, não receberá nenhum rendimento sobre o dinheiro depositado em dezembro. Para que isso pudesse ocorrer, você precisaria esperar até o dia 15 de janeiro para realizar o saque.
Portanto, é importante ter cuidado com a chamada “liquidez diária” oferecida pela poupança. Você até consegue sacar rapidamente os recursos que deseja, mas se não estiver atento às datas de aniversário, poderá perder toda a rentabilidade de um mês inteiro de aplicação. Mais uma desvantagem da caderneta em relação a outros títulos de renda fixa igualmente seguros. .
Importância de analisar a rentabilidade na hora de investir
Por tudo o que vimos, deu para entender que a rentabilidade é um aspecto muito relevante na hora de escolher os investimentos. Não é à toa que ela é uma das pontas do chamado “tripé dos investimentos” – rentabilidade, segurança e liquidez.
No entanto, aqui vai um alerta importante: por mais que o investidor vise ganhos, a rentabilidade nem sempre deverá ser o aspecto com maior peso na tomada de decisão. Em primeiro lugar, porque a escolha dos ativos para a carteira deve ser baseada no perfil de investidor. Nesse sentido, quem é mais conservador naturalmente abrirá mão de maiores chances de ganhos em troca de segurança. Ou seja, para esse perfil de investidor, vale mais a pena sacrificar o potencial de rentabilidade do que assumir riscos que tirem o seu sono.
Em segundo lugar, mesmo os investidores mais arrojados precisam ter uma reserva de emergência. E os ativos dessa reserva devem, obrigatoriamente, ter duas características: liquidez imediata e baixíssimo risco. Logo, mesmo quem está disposto a correr mais risco para aumentar as chances de ganhos, em algum momento deverá abrir mão da rentabilidade para formar reservas que darão suporte a imprevistos financeiros.