Imprevistos financeiros ou simplesmente descontrole dos gastos podem tornar a organização financeira um grande desafio, mesmo quando a renda é razoável. E o motivo é simples: salvo raríssimas exceções, todo mundo gosta de gastar dinheiro.
Por isso, organizar as finanças requer disciplina e muita persistência, pois é algo que contraria nosso desejo de bem estar constante.
“Quando a gente fala em organização financeira, a regra de ouro todo mundo sabe: é gastar menos do que se ganha. Embora pareça simples, a prática mostra que isso é bem mais complexo do que se imagina”, diz Carlos Castro, sócio-fundador da rede de planejamento financeiro SuperRico e coordenador de relacionamento com associados da Planejar.
Para ter mais tranquilidade financeira e realizar planos ao longo da vida, tão importante quanto colocar as contas em dia é mantê-las sob controle. A seguir, confira algumas dicas de especialista que vão lhe ajudar a administrar melhor o seu patrimônio.
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Qual a importância da organização financeira?
A organização financeira é o primeiro passo para um planejamento financeiro eficiente, pois ela vai mostrar, literalmente, para onde vai o dinheiro que ganhamos.
Conhecer os gastos é fundamental, e esse controle pode ser feito de diversas maneiras. Por exemplo, pode-se utilizar uma planilha, um aplicativo ou um simples caderno para anotar os seus gastos. O importante é identificar se o orçamento está positivo ou negativo, e a partir disso iniciar um planejamento financeiro.
Controlar os gastos é essencial
O primeiro passo da organização financeira, que é listar os gastos, costuma ser o mais difícil. Isso porque a etapa seguinte – que é o efetivo corte de despesas – requer predisposição para uma mudança de hábitos.
E aí é que costuma estar o grande problema. Muitas pessoas acham que organização financeira é simplesmente cortar gastos de forma radical. Por isso, existe muita resistência para começar a organizar as contas, pois ninguém quer abrir mão do lazer e padrão de consumo de forma geral.
Para o especialista, organizar as finanças passa por transformar essa visão restritiva em tomada de consciência. Não é preciso mudar totalmente o estilo de vida, pois pequenos ajustes já podem fazer diferença no orçamento.
“Quando listamos as despesas, começamos a ter consciência do que gastamos, e entendemos que é preciso fazer escolhas. Em vez de jantar fora cinco vezes por mês, por exemplo, talvez três idas a um restaurante já ajude o saldo a ficar positivo. O sucesso da organização financeira está também no equilíbrio”, avalia.
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Ferramentas para ajudar na organização financeira
Castro destaca duas ferramentas essenciais para organizar a vida financeira. Primeiro, é preciso trabalhar o orçamento pessoal; depois, com as contas sob controle, é hora de partir para os investimentos.
Orçamento pessoal
A função do orçamento de uma pessoa é poder entender quanto custa o seu padrão de vida. Isso é fundamental para saber quanto será preciso acumular de patrimônio para viver no futuro, depois da aposentadoria.
Uma maneira simples e bastante utilizada para fazer isso é aplicar a regra 50-30-20. Basicamente, essa regra divide os gastos em três categorias: fixos, variáveis e prioridades financeiras.
Pela regra, o grupo dos gastos fixos é a parcela que representa 50% do orçamento, e nele estão itens como alimentação, moradia, saúde, transporte e tudo mais que for necessário para manter o funcionamento do dia a dia. Como essas despesas são de primeira necessidade, normalmente não há muita margem para reduzi-las.
Já os gastos variáveis correspondem aos 30% da regra, e são aqueles voltados ao gosto pessoal. Aqui, entra tudo o que não é consumo essencial – assinaturas de streamings, tecnologia, viagens, idas a cinemas e restaurantes e assim por diante.
Por fim, as prioridades financeiras representam os 20% restantes, e abrangem a parte da renda que vai formar as reservas financeiras e construir o patrimônio.
Quando é preciso mexer no orçamento para equilibrar as finanças, o ideal é começar pelos gastos variáveis, para não comprometer a manutenção da rotina e a formação patrimonial. Em relação à regra, Castro observa que não existe um modelo engessado de orçamento, que se aplique a todas as pessoas sem adaptações. Porém, ela costuma auxiliar quem precisa modificar os hábitos de consumo.
“A regra 50-30-20 é uma diretriz inicial para começar a organização do orçamento pessoal. Mas é a disciplina que vai fazer com que o comportamento mude realmente”, alerta.
O especialista também chama a atenção para a visão de futuro necessária na hora de entender o padrão de vida e adequar os gastos.
“Pode ser que não faça sentido hoje para uma pessoa cortar determinado gasto, mas ela deve pensar que, lá na frente, precisará ter capital acumulado para bancar o seu padrão de vida e cobrir as suas necessidades financeiras”, avalia Castro.
Investimentos
Depois de organizado o orçamento pessoal, chega o momento de começar a investir. Mas não sem antes ter a certeza de que não existe um “endividamento mascarado” nas finanças, como alerta Castro.
“Às vezes, o orçamento só fecha porque a pessoa costuma utilizar o cheque especial ou tomar algum crédito pessoal de tempos em tempos. Antes de pensar em investir, é preciso se livrar de dívidas caras como essas”, alerta.
Quanto aos investimentos, o primeiro passo sempre é formar a reserva de emergência, para evitar ou minimizar prejuízos decorrentes de imprevistos financeiros. Seja o conserto do carro, uma reforma urgente na casa ou mesmo um problema de saúde que causou gastos mais altos, ter um valor guardado e de fácil resgate para esses momentos é importante para não cair na armadilha fácil do cheque especial quando surgir o aperto.
Uma dica que ajuda a manter a disciplina ao investir é fazer aplicações programadas. O Tesouro Direto, por exemplo, oferece essa facilidade, pois lá é possível escolher o título e determinar o valor e quantidade de aportes mensais que se deseja fazer. E esse é o investimento mais seguro do mercado, ideal não só para quem começa a investir, mas também para quem já tem uma carteira e busca diversificação.
Planilha para controle de gastos
Utilizar um gerenciador financeiro é uma forma eficiente de manter o controle das contas e organizar as entradas e saídas do caixa.
O InfoMoney disponibiliza gratuitamente uma planilha de gastos em Excel para quem quer começar a controlar melhor as finanças. A ferramenta também mostra o resumo de todas as receitas e despesas do mês, indicando os períodos positivos e negativos do orçamento.