O Nikkei 225 é o indicador mais importante da Bolsa de Valores de Tóquio, conhecida internacionalmente como Tokyo Stock Exchange (TSE). Criado em setembro de 1950, o índice reúne as 225 maiores empresas negociadas no chamado “Prime Market” desse pregão.
Neste guia, saiba como o Nikkei 225 foi criado, como o indicador japonês é calculado e rebalanceado, as principais empresas acompanhadas e como investir no índice.
Como o Nikkei 225 surgiu?
A Bolsa de Tóquio nasceu em maio de 1878, mas foi dissolvida em abril de 1947, após a Segunda Guerra Mundial, que encerrou dois anos antes. A instituição como a conhecemos hoje foi reinaugurada em maio de 1949. Criado no ano seguinte, o índice Nikkei 225 representa, portanto, a história econômica do Japão pós-guerra.
Em sua página na internet, a administradora afirma que o Nikkei 225 reflete o comportamento das economias japonesa e mundial de maneira “altamente sensível”. Na prática, como a Bolsa de Tóquio abre antes dos principais mercados, o indicador é o primeiro a reagir aos eventos globais.
Em relação ao Brasil, o fuso é de 12 horas à frente. Como o pregão japonês funciona de segunda à sexta, das 9h às 15h, o horário equivalente é de 21h às 3h da madrugada, pelo horário de Brasília.
Segundo a Nikkei Inc., o Nikkei 225 segue os princípios para benchmarks financeiros da Organização Internacional de Comissões de Valores (IOSCO), uma associação com representantes de mais de 100 países e que abrange quase a totalidade da capitalização de mercado mundial.
Como o indicador é calculado e revisado?
O Nikkei 225 é um índice ponderado pelo preço das ações, calculado e administrado pela Nikkei Inc., um grupo de mídia global baseado no Japão, que inclui o Financial Times do Reino Unido.
Segundo o guia elaborado pela Nikkei, os papéis do indicador são analisados periodicamente, de acordo com a liquidez de mercado.
A partir dos critérios de revisão, as ações candidatas a entrar e sair do índice são apresentadas a um comitê formado por acadêmicos e profissionais do mercado. Com base nos comentários desse grupo, a Nikkei decide e anuncia as alterações. Isso acontece duas vezes por ano, com data base no fim de janeiro e julho. As mudanças entram em vigor no início de abril e outubro, respectivamente.
O número máximo de alterações permitidas é de três companhias por janela de revisão. No entanto, eventuais ajustes em função de reorganizações societárias não são considerados nessa conta. De acordo com a Nikkei, o objetivo é manter o índice com 225 representantes, mas existe a possibilidade de ser calculado com um total menor de empresas.
Principais representantes do índice
De maneira geral, o Nikkei 225 é um indicador com forte presença de empresas de tecnologia – uma tradição japonesa. Para se ter uma ideia, o segmento concentrava quase 48% do indicador, tenho como referência a carteira teórica válida em 31 de outubro de 2023.
O setor de bens de consumo ocupava a segunda posição, com peso de aproximadamente 24%. O terceiro lugar fica com as companhias de matérias básicos, que representavam perto de 13% do índice.
Confira abaixo as dez companhias com maior peso no Nikkei 225*:
Empresa | Setor | Fatia no índice |
Tokyo electron ltd. | Tecnologia | 9,40% |
Advantest corp. | Tecnologia | 4,70% |
Softbank group corp. | Tecnologia | 4,48% |
Shin-etsu chemical co., ltd. | Materials | 2,71% |
Kddi corp. | Tecnologia | 2,32% |
Fast retailing co., ltd. | Bens de consumo | 11,03% |
Tdk corp. | Tecnologia | 1,98% |
Terumo corp. | Tecnologia | 1,98% |
Fanuc corp. | Tecnologia | 1,85% |
Daikin industries, ltd. | Bens de capital/outros | 1,80% |
Quais as opções para investir no Nikkei 225?
Existem vários produtos financeiros vinculados ao índice, negociados em diversos países. Uma das alternativas mais acessíveis são os exchange traded funds (ETFs), conhecidos como fundos de índice, que reproduzem a composição de um indicador e possuem cotas listadas em bolsas de valores.
Atualmente, os ETFs Nikkei 225 são populares não apenas no Japão, mas em países como Alemanha, Reino Unido, Israel e China, como alternativa para investir no mercado de ações japonês.
Existem também contratos futuros e instrumentos derivativos baseados no Nikkei 225 e em sua família de índices, que refletem estratégias de investimento específicas. Tais variações estão agrupadas em uma “série estratégia” que inclui, por exemplo, o “Nikkei 225 Leveraged Index” e o “Nikkei 225 Inverse Index”.
O primeiro representa o dobro do desempenho médio das ações do indicador tradicional, enquanto o segundo oferece a performance inversa do índice (vendido), também considerando o preço médio dos ativos.
Como investir no Nikkei 225 morando no Brasil?
O caminho mais simples para quem reside no Brasil é investir no índice por meio de um contrato futuro do Nikkei 225, disponível na B3 desde 2019. O instrumento permite negociar a expectativa de preço futuro para o portfólio de ações do indicador.
Atualmente, o lote padrão é de um contrato e os meses de vencimento são março, junho, setembro e dezembro. O interessado precisa ter conta em uma corretora de valores e as transações podem ser feitas via telefone ou diretamente pela plataforma de negociação, conhecida como home broker.
Outra alternativa é acessar contratos futuros ou ETFs baseados no Nikkei 225 disponíveis em bolsas no mercado internacional. Nesse caso, os investidores brasileiros têm basicamente duas alternativas:
- Abrir conta em um banco ou corretora que opere em território nacional e invista no exterior. Uma das vantagens é que os custos das operações são automaticamente convertidos e debitados em reais. O mesmo acontece com o crédito das remunerações.
- Abrir conta em uma corretora estrangeira. Isso permite acessar diretamente esses produtos. Nesse caso, as transações são feitas em dólar, mediante o envio de recursos para a instituição escolhida.