Embora as ações sejam os investimentos mais populares da bolsa, elas não são os únicos ativos negociados no pregão. Uma modalidade que ganha cada vez mais espaço por lá é o ETF, pela acessibilidade e simplicidade na hora de investir.

No Brasil, os ETFs se tornaram mais populares no final de 2022, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou o acesso de pequenos investidores ao investimento. De lá para cá, a quantidade de novos ETFs disponíveis na bolsa só cresce, assim como o número de pessoas que adquirem as suas cotas.

A seguir, mostraremos as características e peculiaridades desses fundos – como funcionam, custos para investir, como investir, e assim por diante. Portanto, se você está em busca de diversificação para os seus investimentos, continue a leitura e saiba mais sobre os ETFs.

O que é um ETF?

A sigla ETF vem de Exchange Traded Fund – na tradução literal, “fundo negociado em bolsa. 

A exemplo de outros fundos, o ETF representa uma espécie de “condomínio” de investidores que aplicam seus recursos em conjunto. No entanto, ele possui algumas características específicas que o distingue dos fundos tradicionais. São duas, principalmente:

1) Os ETFs sempre são atrelados a um índice de referência ou ativo financeiro. Isso significa que o gestor ajusta a sua composição do ETF de modo que ela replique da forma mais próxima a performance do indicador ou do ativo em questão.

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O primeiro ETF brasileiro, conhecido como PIBB11 (ou Papéis de Índice Brasil Bovespa), existe desde 2004. Ele é referenciado no IBrX-50 – índice formado pelas 50 ações mais negociadas e representativas da bolsa brasileira – e foi criado para estimular o acesso dos pequenos investidores ao mercado de ações. Hoje, é administrado pelo Itaú.

Desde então, foram criados diversos outros ETFs atrelados a outros índices e categorias de ativos. Por exemplo, você pode encontrar na bolsa ETFs referenciados em índices nacionais (como Ibovespa, IFIX ou SMLL), em índices internacionais (como o S&P 500 e MSCI), em títulos de renda fixa, em ouro, em ativos internacionais, em criptoativos, em setores da economia, e assim por diante.

Rentabilidade dos ETFs

O objetivo de um gestor de ETF sempre é manter a carteira o mais próximo possível da composição do seu índice de referência. Por consequência, a rentabilidade de um ETF bem sucedido nessa tarefa será a mesma (ou quase a mesma) apresentada pelo indicador.

Pense em um ETF referenciado no Ibovespa. Se em um determinado período o índice subir 10%, o que se espera é que o ETF apresente uma rentabilidade muito perto disso. Em contrapartida, se o Ibovespa recuar 10% no período seguinte, o mesmo deverá acontecer com o fundo de índice: sua rentabilidade também será negativa.

Podem ocorrer pequenas variações na rentabilidade do ETF em relação à oscilação do seu índice de referência. Isso acontece por algumas razões. A primeira é a taxa de administração, pois embora seja considerada baixa, ela abocanha uma pequena parte do retorno do fundo.

A segunda diz respeito às operações em si feitas no ETF. Em certos momentos, o gestor pode ter dificuldade para replicar exatamente a composição do índice de referência, por razões variadas – seja por uma redução da liquidez dos papeis que deveria ter na carteira ou por conta de variações abruptas do mercado. Com isso, a rentabilidade do ETF pode acabar ficando ligeiramente diferente do indicador. No entanto, esses descolamentos costumam ser pequenos e momentâneos.

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Custos e tributação dos ETFs

Os custos de negociar ETFs são semelhantes aos que existem para comprar e vender ações na bolsa de valores. É preciso pagar uma taxa de corretagem para a corretora que intermediar a operação e, além disso, algumas taxas de negociação à B3 (conhecidas como emolumentos). 

Além disso, é cobrada uma taxa de administração, que serve para remunerar o trabalho realizado pelo gestor, responsável por definir que papeis serão comprados ou vendidos, quando e em que quantidade. Para quem já investe em fundos tradicionais, não é um custo desconhecido. 

Os ETFs estão sujeitos ainda à incidência de Imposto de Renda. A alíquota é a mesma aplicada sobre o mercado de ações em geral: 15% sobre os ganhos, com exceção do ETF de fundos imobiliários, no qual a alíquota é de 20%. A diferença é que, no caso dos ETFs, não há isenção de IR para quem realiza vendas na bolsa de valores em valor até R$ 20 mil mensais. Esse é um benefício disponível apenas para quem negocia ações diretamente.

Um detalhe: embora os ETFs sejam fundos, o recolhimento do Imposto de Renda no caso dos produtos de renda variável não acontece na fonte. É responsabilidade do investidor calcular o valor do tributo devido em caso de ganhos no momento da venda das cotas e realizar o pagamento por meio de um Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF) até o último dia útil do mês seguinte à operação.

Já nos ETFs de renda fixa, o imposto de 15% é retido na fonte, com recolhimento pela corretora intermediadora.

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Diferença entre ETFs e fundos de investimento

Uma diferença importante entre os ETFs e os fundos de investimento tradicionais está na gestão. Embora existam fundos tradicionais com gestão passiva, muitos deles têm gestão ativa. Significa que os seus gestores estão sempre procurando as melhores oportunidades de aplicação para obter retorno acima do seu índice de referência, seguindo a política de investimento estabelecida pelo seu regulamento.

Já um ETF sempre tem gestão passiva – ou seja, os gestores sempre se preocupam apenas em replicar a composição e o desempenho de um índice de referência. Farão isso mesmo que, em algum momento, acreditem que outros papeis (que não os incluídos no índice) sejam opções com melhores perspectivas de retorno. Isso porque a finalidade de um ETF é justamente oferecer aos investidores uma forma de acompanhar o retorno dos indicadores, seja ele positivo ou negativo.

Também é diferente a maneira de realizar o investimento em si. Os fundos tradicionais são comprados diretamente das prateleiras de produtos disponíveis nas corretoras de valores e nos bancos. Já os ETFs são negociados no pregão da bolsa de valores. É de lá que precisam ser adquiridos, também com a intermediação de uma corretora.

Outra diferença é a maneira de acompanhar o desempenho. As informações sobre a rentabilidade dos fundos tradicionais precisam ser fornecidas pelos seus administradores a entidades como CVM e Anbima (Associação das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). É lá que os investidores podem consultar esses dados, com alguns poucos dias de intervalo. Já no caso dos ETFs, o acompanhamento do valor das cotas pode ser feito em tempo real, apenas seguindo as cotações divulgadas ao longo do dia pela B3.

Vantagens de ter ETF em sua carteira

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Um ETF tem algumas características dos fundos de investimentos e outras dos ativos negociados na bolsa de valores. Ele proporciona algumas vantagens em relação a outras opções do mercado, que você pode conferir abaixo:

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Simplicidade na negociação

Comprar e vender ETFs é tão simples quanto negociar uma ação individual na bolsa de valores. Paga-se uma taxa de corretagem em cada operação e acompanham-se as cotações por meio dos dados divulgados diariamente pela B3. 

O desempenho do ETF reflete a média da performance de todas as ações ou outros papeis incluídos nele, o que é uma mão na roda para quem não dispõe de muito tempo para montar e monitorar uma carteira de ações.

Diversificação mais prática

 Um ETF oferece aos investidores a possibilidade de aplicar em muitos ativos de uma vez só, comprando apenas as cotas do fundo. Dessa forma, o risco da carteira pode ser diluído mesmo que o recurso disponível para o investimento seja pequeno. 

É muito mais difícil e caro montar um portfólio diversificado e equilibrado ação por ação, do que fazer isso por meio das cotas de apenas um ETF.

Facilidade de balanceamento da carteira

 Os índices de referência do mercado costumam ter a sua composição atualizada periodicamente. 

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Quem quer manter uma carteira aderente a esses indicadores, precisa ajustar a participação de cada carteira conforme essas atualizações são realizadas. Já quem investe em ETFs não precisa se preocupar com isso, pois os gestores fazem os ajustes necessários na carteira sempre que a composição dos índices de referência dos fundos é alterada. Os cotistas não precisam fazer nada para que isso aconteça.

Custos mais baixos

Os ETFs são fundos de gestão passiva, ou seja, sua política de investimento é diretamente atrelada à composição de um indicador de mercado subjacente. 

Isso facilita bastante o trabalho do gestor, que demandará menos tempo para acompanhar a carteira. Logo, a sua taxa de administração acaba sendo mais baixa do que a de fundos de gestão ativa.

Versatilidade

Como os ETFs são valores mobiliários listados na bolsa de valores, eles podem ser usados pelos investidores como margem para realizar outras operações no pregão. Esse é o tipo de possibilidade que não existe com os fundos tradicionais.

A versatilidade dos ETFs também permite que eles sejam usados também em operações de aluguel. Com os alugueis (ou empréstimos, como também são chamados), investidores que compram os fundos de índices com o objetivo de mantê-los na carteira no longo prazo podem obter uma renda extra. Eles podem oferecer as suas cotas emprestadas a outros investidores, em troca de uma taxa de remuneração, para que eles realizem certos tipos de negociações no mercado.

Quem toma ETFs emprestados pode utilizá-los para realizar uma venda no mercado à vista ou até como margem de garantia para operações no mercado futuro, entre outras possibilidades.

Dividendos

Os ETFs também são uma opção para quem busca renda passiva com investimentos. Desde o final de janeiro de 2023, podemos encontrar na bolsa alguns ETFs que pagam dividendos aos investidores.

A periodicidade de pagamento de dividendos dos ETFs depende da gestão de cada fundo, cujas regras são especificadas em cada regulamento.

Como investir em ETFs?

Para investir em ETFs, o primeiro passo é ter conta em uma corretora. Como a negociação das cotas ocorre na bolsa de valores, é preciso contar com a intermediação de uma das mais de 80 casas que existem no mercado.

Na hora de escolher uma delas, é importante considerar aspectos como os custos de operação, a variedade de opções de investimentos, a qualidade da plataforma de negociação e o acesso a suporte para tirar dúvidas.

Para abrir a conta, normalmente são solicitadas cópias de documentos como identidade e CPF. Em geral, eles podem ser encaminhados à corretora por via eletrônica, o que facilita o processo. Quando a conta estiver aberta, basta transferir os recursos para começar a operar.

A escolha do ETF deve obedecer a alguns critérios. Em primeiro lugar, o investidor deve verificar se o produto está adequado ao seu próprio perfil de risco.

Se for um ETF de renda variável, por exemplo, o investidor está preparado para as oscilações que podem acontecer nas cotas? Tem disposição para manter a aplicação no longo prazo, de modo a capturar os ganhos e superar eventuais perdas momentâneas?

Se esse for o caso, é hora de escolher a alternativa mais condizente com os objetivos e os conhecimentos de cada investidor.

Como existe uma variedade de ETFs, que refletem diferentes tipos de indicadores do mercado, vale a pena dedicar algum tempo a estudar as perspectivas para cada um.

As corretoras e casas de análise costumam produzir relatórios de recomendação – de compra ou de venda – incluindo ETFs. Eles podem ser uma boa fonte de informações para os investidores que gostariam de conhecer melhor esse mercado.

ETFs listados na B3

No site da B3, você encontra a relação atualizada de todos os ETFs disponíveis para negociação.