Se você acompanha o mercado acionário ou tem alguma familiaridade com conceitos contábeis, provavelmente já ouviu falar em equity. Normalmente, a palavra está associada ao balanço de uma empresa, mas o seu significado pode ser bem amplo, dependendo do contexto no qual for utilizada.

Independentemente da situação, trata-se de um conceito muito importante tanto para os gestores de uma empresa quanto para os seus investidores, pois ele ajuda a avaliar o ativo. Neste conteúdo, mostraremos o que é equity, quais os tipos, como analisá-lo e outros aspectos essenciais desse indicador de valor, que pode ser aplicado a empresas ou a outros investimentos. Continue a leitura a seguir e confira!

O que é equity?

Equity é um termo amplo com alguns significados. Mas, na maioria dos casos, se refere ao patrimônio líquido de uma empresa ou uma participação societária em um negócio. 

Seu significado vai depender do contexto. Na contabilidade, podemos utilizar equity para fazer referência ao capital próprio (ou patrimônio líquido) de uma empresa. Por sua vez, o patrimônio líquido corresponde à diferença entre todos os ativos (bens e direitos) e passivos (obrigações) da organização que estão listados no seu balanço patrimonial.

Já no mundo dos investimentos, equity está relacionado a um direito de propriedade sobre uma empresa, seja ela de capital aberto ou fechado. No caso das companhias de capital aberto, as ações negociadas na bolsa é que dão ao seu detentor esse direito. Ou seja, quem as adquire se torna sócio, e passa a ter determinados direitos de acordo com o tipo de título.

Por exemplo, as ações ordinárias (ON) asseguram ao investidor o direito a voto nas assembleias de acionistas. Já as ações preferenciais (PN) são as que concedem a prioridade no recebimento de dividendos, que costumam ser, no mínimo, 10% maiores do que os pagos pelas ações preferenciais.

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Em relação às empresas de capital fechado, os investidores podem obter participações não por meio de ações, mas por três principais formas: private equity, venture capital ou equity crowdfunding. Mais adiante, veremos esses três conceitos detalhadamente.

Qual a importância do equity para as empresas?

Para que possam manter a sua atividade, as empresas necessitam constantemente investir na operação. Parte desses recursos vem da própria atividade, com a geração de resultados. No entanto, de tempos em tempos, sempre será preciso criar novos projetos, financiar novos produtos e serviços ou aumentar a participação de mercado.  

Nesse sentido, o ‘equity’ viabiliza a conexão de empresas que buscam novas fontes de financiamento e investidores interessados em aportar recursos no negócio em troca de rentabilidade.

Quando uma companhia abre o seu capital na bolsa, ela se torna rapidamente conhecida pelo mercado, o que facilita bastante a captação de novos recursos. Porém, até que cheguem a esse ponto, muitas empresas recorrem a modalidades de investimento em troca de um percentual do negócio justamente para se prepararem para o momento da oferta pública de ações (IPO). Nesse caso, para ganhar a confiança do mercado e atrair investidores interessados, é muito importante a elaboração de um bom plano de viabilidade, que detalhe as estratégias e perspectivas para o negócio.

Como o equity se relaciona com o mercado financeiro

Como vimos, o equity diz respeito à participação societária que se tem em uma empresa. Normalmente, o percentual de ações ou quotas que o investidor possui é diretamente proporcional ao resultado a que ele terá direito.

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Basicamente, há duas formas de se realizar o retorno com o equity. Uma delas acontece  quando o investidor vende a sua participação tempos depois, quando a operação já está gerando bons resultados. Nesse caso, ele aufere lucro vendendo essa participação por um valor superior ao que investiu inicialmente.

Outra forma é por meio do recebimento de proventos, que podem ser pagos de diferentes formas – dividendos, juros sobre capital próprio (JCP), bonificações, e assim por diante. Independentemente de como for realizado esse ganho, é importante entender que equity é um investimento de renda variável, pois não há como prever o desempenho futuro de uma empresa. Ou seja, ela tanto pode ser lucrativa, quando bem gerida, quanto trazer prejuízos aos investidores, caso não consiga executar de forma eficiente sua estratégia ou passe por adversidades de mercado.

Qual a diferença entre private equity e venture capital?

As duas modalidades de equity mais conhecidas são o private equity e o venture capital. Ambas se destinam a empresas que ainda não abriram o seu capital na bolsa, mas se diferenciam basicamente devido a três aspectos principais: o setor de atuação da empresa, a sua fase de desenvolvimento e a participação dos novos investidores na gestão. Entenda a seguir como funciona cada uma delas.

Private equity

As empresas que costumam receber investimentos de fundos private equity atuam nos setores mais tradicionais da economia. De forma geral, elas são menores e, pelo fato de ainda não terem aberto o capital, são bem menos conhecidas do que as famosas blue chips. Porém, quando recebem novos aportes de capital, muitas conseguem se tornar gigantes no seu setor de atuação.

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Outra característica das empresas foco do private equity é que elas já têm alguma expertise na operação. Nesse caso, elas buscam parceiros que possam auxiliar em projetos de expansão, ou mesmo de reestruturação em determinados momentos. Inclusive, não são raros os casos em que, há anos, a gestão é familiar ou pouco profissionalizada. Com a participação de um private equity, a governança da empresa melhora e esse pode ser um primeiro passo para o seu IPO na bolsa.

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Em relação à administração, normalmente um fundo private equity assume o controle total ou majoritário da investida. Dessa forma, consegue contribuir também com a expertise dos gestores, desde que começam na empresa até o momento final do desinvestimento.

Venture capital

O venture capital também investe em empresas de capital fechado e com alto potencial de crescimento, para prepará-las para um IPO ou, quem sabe, para uma venda ou fusão no futuro. Porém, diferentemente da modalidade anterior, os setores de atuação têm a ver com inovação, como fintechs, e-commerce e demais voltados à tecnologia.

Além de atuarem na nova economia, normalmente essas empresas são iniciantes, muitas inclusive ainda sem faturamento ou com resultados negativos. Com isso, acabam demandando pesados aportes financeiros por um tempo relativamente grande, o que torna o investimento mais arriscado. 

Por fim, no venture capital, o foco é o aporte financeiro, e não a participação na gestão. Nesse sentido, o mais comum no mercado é que esses fundos entrem com 10% a 20% do capital da empresa nas rodadas iniciais de investimento. Ou seja, quem continua liderando as estratégias são os sócios que pensaram e desenvolveram o negócio, ficando a cargo do investidor somente o suporte financeiro para a sua evolução.

Equity Crowdfunding 

Há uma terceira modalidade de equity menos conhecida no mercado brasileiro, mas que vem crescendo nos últimos anos: o crowdfunding, ou financiamento coletivo.

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Nesse tipo de investimento, um grupo de pessoas financia projetos ou se associam a empresas de pequeno ou médio porte de setores diversos da economia. Por exemplo, você pode participar de um crowdfunding para construção de imóveis para renda, ou em projetos que envolvem saúde, agronegócio, fontes de energia renovável, e por aí vai.

Para investir nesse tipo de equity, é preciso se cadastrar em uma plataforma autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Equity value de uma empresa: o que é e como analisar para investir?

Uma das formas de calcular o valor de uma empresa é por meio do equity value, ou valor patrimonial.

Tanto o cálculo quanto a análise do valor patrimonial são relativamente simples. Para chegar ao equity value, basta somar todos os ativos e deduzir as dívidas que fazem parte da operação. Com isso, pode-se entender o que pertence aos sócios de uma empresa, e atribuir o valor correto para cada um. 

Já a análise deverá levar em conta peculiaridades da empresa, como setor de atuação, fase do negócio, entre outros. Digamos que você esteja analisando uma empresa, e percebeu que o somatório dos ativos é bastante expressivo. Por outro lado, ela também possui um passivo elevado. Dependendo do setor de atuação, pode ser que isso seja normal. Por exemplo, empresas de infraestrutura costumam ter um ativo permanente alto, normalmente financiado por linhas de longo prazo. Por outro lado, existem setores que demandam menos capital intensivo, fazendo com que a empresa consiga ter um ativo mais alto com menor endividamento.

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É por isso que o equity value deve ser analisado caso a caso, e sempre associado a outros indicadores fundamentalistas para tomar a melhor decisão de investimento.

Como investir em equity?

Normalmente, os investimentos nessa modalidade ocorrem por meio de fundos especializados. Primeiramente, são selecionadas as empresas que potencialmente seriam aptas a receber os recursos. Logo após, os gestores desses fundos analisam criteriosamente todos os projetos e os riscos relacionados a cada um deles.

Por serem investimentos de alto risco e baixa liquidez, os fundos private equity estão disponíveis somente para investidores qualificados ou profissionais. Entende-se por investidor qualificado aquele que comprova possuir investimentos acima de um milhão de reais, ou algum profissional com certificações específicas. Já o investidor profissional é quem tem, no mínimo, dez milhões de reais aplicados no mercado financeiro. 

Já o crowdfunding é a modalidade de equity aberta ao público em geral, pois permite que o pequeno investidor também tenha acesso a esse mercado. Nesse caso, os aportes iniciais também costumam ser bem mais baixos, normalmente a partir de R$ 1.000.

Como vimos, o investidor acessa diretamente as plataformas de crowdfunding, que já fizeram a pré-seleção dos melhores projetos. Essas plataformas também disponibilizam todas as informações sobre as startups, como estratégia de negócios, qualificação dos sócios e projeções de resultados.

Independentemente de qual seja a modalidade, o mais importante ao investir em equity é ter ciência de que se trata de um investimento de alto risco, na maioria das vezes maior do que ações e outros ativos de renda variável. Isso porque tem ligação direta com projetos de empresas que, normalmente, são de longa maturação e estarão suscetíveis às oscilações da economia por muitos anos. No entanto, quando as empresas têm sucesso na execução de suas estratégias e o cenário econômico favorece, os investimentos em equity costumam trazer resultados muitas vezes superiores aos que os investidores teriam em outros ativos financeiros.