Em 2024, os Estados Unidos vão realizar a sua 60ª eleição presidencial. As eleições nos EUA, que acontecem a cada quatro anos desde que a Constituição do país foi adotada, em 1788, sempre atrai a atenção mundial, não só pela importância da economia local, mas também pela complexidade do processo.

Ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório nos EUA, o que demanda bem mais esforço por parte dos partidos políticos para conseguirem fazer com que o eleitor saia de casa para votar. Além disso, a eleição é indireta, e esse é um dos pontos que mais confunde quem não está habituado com essa sistemática.

Para ajudar a entender toda a jornada das eleições nos EUA, falaremos a seguir sobre 9 pontos importantes. Portanto, se você também faz parte do universo de pessoas que têm dúvidas sobre como funciona a eleição presidencial do país, continue a leitura a seguir!

Como funcionam as Eleições nos EUA?

Além de complexa, a eleição presidencial nos EUA é um processo longo, que inicia quase dois anos antes da votação em si. Durante esse período, são formados comitês que conversam com eleitores e possíveis financiadores de campanhas em todo o país, para avaliar quais candidatos teriam chances de vencer.

Diferentemente do que acontece no processo eleitoral brasileiro, os candidatos à presidência dos EUA não são escolhidos internamente por cada um dos partidos. Por lá, são os eleitores que fazem isso nas primárias (também chamadas de prévias) ou caucus, quando os políticos fazem campanha e debatem propostas para disputar os votos dos eleitores. 

No caso das primárias, os eleitores vão ao local de votação e escolhem o seu candidato de forma secreta, por meio de uma cédula depositada na urna. Já no caucus, quem vai votar se reúne em uma espécie de assembleia e o voto normalmente é público. Por exemplo, em alguns estados os eleitores se separam em grupos, de acordo com o candidato que apoiam. Em outros, cada um levanta a mão para anunciar a sua escolha.

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Tanto nas primárias quanto no caucus, são candidatos do mesmo partido que estão competindo entre si. O vencedor dessa etapa é quem efetivamente concorrerá na eleição presidencial realizada em novembro.

Os partidos Democrata e Republicano dominam o sistema político americano. Embora o país possua outros partidos e permita candidaturas independentes, é difícil que candidatos que não sejam republicanos ou democratas ganhem relevância e apareçam nas cédulas de votação.

As primárias e caucus ocorrem de janeiro a junho, e, tradicionalmente, iniciam no estado de Iowa. Mas normalmente nos primeiros meses já se sabe qual o vencedor de cada partido, pois quem sai na frente nas votações acaba conseguindo mais apoio de eleitores e doadores e toma mais velocidade na campanha.

Quem vota nas primárias das eleições nos EUA?

Cada estado tem a sua forma própria de realizar essas prévias. Quando as primárias são abertas, qualquer eleitor pode participar da votação. Já nas primárias fechadas, somente quem é registrado em algum partido político tem o direito de votar em um candidato.

Além disso, determinados estados permitem que o registro seja feito no dia da votação, o que normalmente permite a participação da maioria dos eleitores.

O voto indireto e a figura dos delegados

Possivelmente, essa seja a parte do processo eleitoral dos EUA mais difícil de entender, sobretudo para quem está acostumado com o voto direto.

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Quando nós, eleitores brasileiros, vamos às urnas para escolher o presidente da República, votamos diretamente em nosso candidato. O mesmo não acontece com os norte-americanos, pois os seus votos são direcionados aos delegados – pessoas que votarão por eles em cada estado da federação.

Essa sistemática ocorre tanto nas primárias quanto no Colégio Eleitoral (o qual explicaremos no próximo item). De acordo com o número de votos que cada presidenciável obtém dos eleitores em cada estado, ele recebe os delegados que correspondem à região. Por sua vez, esses delegados – normalmente pessoas com engajamento político no seu partido – votam para presidente e vice-presidente nos seus estados.

O que é o Colégio Eleitoral?

Os candidatos que venceram as primárias de seus partidos concorrem na segunda e última fase da eleição presidencial, que é o Colégio Eleitoral.

Como vimos, quem vota diretamente nos candidatos são os delegados de cada região. Ao todo, o Colégio Eleitoral norte-americano possui 538 delegados, e, para que um presidente seja eleito, ele precisa conquistar votos de 271 delegados (50% mais um do total). 

A quantidade de delegados por estado é definida pelo número de senadores e de deputados que esse estado tem no Congresso. Quanto mais delegados tiver um estado, mais representativo ele será para as eleições nos EUA, e mais ele terá a atenção dos candidatos na disputa pelos votos. É o caso de localidades como Califórnia, Texas, Flórida, Pensilvânia e Illinois, que juntas respondem por cerca de 30% dos votos para a presidência da república.

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Outra peculiaridade do Colégio Eleitoral é que os delegados não são obrigados a seguir a indicação do estado, embora normalmente o façam.

Por que existe o Colégio Eleitoral?

Na verdade, esse sistema indireto de eleição remonta à época em que a Constituição do país estava sendo elaborada, em 1787. Os estados, que tinham autonomia política, tiveram receio de dar total poder ao legislativo federal para escolher o presidente. 

Além disso, a extensão territorial dos EUA tornava quase impossível uma eleição nacional por voto popular, por questões de logística, comunicação e organização de forma geral.

Por isso, os constituintes acabaram criando o Colégio Eleitoral, já com a figura dos delegados, que representam os estados nas eleições.

“O vencedor leva tudo”

Dos 50 estados norte-americanos, 48 adotam a sistemática winner takes all (ou “o vencedor leva tudo”) na apuração dos votos. 

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Por exemplo, se um candidato obtém a maioria dos votos na Califórnia, ele fica com todos os votos do Colégio Eleitoral. E não importa se essa maioria é pouco mais da metade ou uma proporção esmagadora em relação ao seu concorrente; em ambos os casos, ele irá computar para si a totalidade dos votos do estado.

Somente os estados de Maine e Nebraska (com 4 e 5 delegados, respectivamente) distribuem os votos de acordo com a proporção recebida por cada candidato. 

Essa forma de eleição abre a possibilidade de que um candidato vença o pleito mesmo sem conquistar a maioria absoluta dos votos. Inclusive, isso aconteceu cinco vezes na história eleitoral americana, sendo a última em 2016. Naquele ano, a democrata Hillary Clinton teve quase três milhões de votos diretos a mais do que o republicano Donald Trump. No entanto, ela conquistou somente 227 delegados, contra 304 de Trump.

Em 2000, o democrata Al Gore recebeu cerca de meio milhão de votos a mais do que George W. Bush. Mas o republicano foi quem chegou à Casa Branca, por ter conquistado 271 votos no Colégio Eleitoral. 

Os outros candidatos que venceram a corrida presidencial sem a maioria do voto popular foram John Quincy Adams, Rutherford B. Haynes e Benjamin Harrison, todos no século 19.

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A importância dos “swing states” nas eleições nos EUA

Se por um lado um candidato pode ser eleito sem a maioria dos votos, por outro, a conquista de estados (mesmo que pequenos) pode definir a corrida presidencial. É por isso que os partidos olham com muita atenção os swing states – estados que mudam o seu perfil eleitoral de tempos em tempos.

Não costuma ser esse o caso da Califórnia, que tradicionalmente vota em democratas, e nem do Texas, considerado um porto seguro dos republicanos. Mas em localidades como Flórida, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Arizona e Carolina do Norte, normalmente a disputa por votos é à unha, justamente pelo potencial de virada desses estados.

Data da eleição e posse 

As indicações dos partidos são oficializadas nas convenções nacionais, que em 2024 estão previstas para os meses de julho e agosto. A partir daí, começam os debates entre os candidatos, que duram até a data da eleição, que será no dia 5 de novembro.

Por fim, a posse do novo presidente dos EUA ocorrerá no dia 20 de janeiro de 2025.