A curva de juros, ou curva a termo ou yield curve, é o gráfico que ajuda a mapear a tendência de retorno médio dos juros dos títulos públicos e privados ao longo de um período de tempo nos seus respectivos vencimentos. São considerados títulos com riscos semelhantes, mas com vencimentos diferentes, sinalizando o comportamento das taxas no curto, médio e longo prazos.
Essa ferramenta é importante para avaliar as expectativas do mercado em relação à tendência de retorno dos juros no futuro. Serve ainda como indicador de risco e de quanto a economia está saudável ou não.
O que impacta a curva de juros
A curva de juros pode ser impactada por diversos fatores. Entre os mais significativos estão a expectativa de inflação, decisões de política monetária, indicadores macroeconômicos, crises políticas internas ou globais, entre outros. É uma das principais variáveis que devem ser levadas em consideração por quem pretende investir, principalmente, em renda fixa.
Principais tipos de curva de juros
Normal: aponta para taxas mais baixas no curto prazo e mais altas no longo prazo. Com a inclinação ascendente, sinaliza para um ambiente econômico de crescimento e com maior demanda por crédito e investimento.
Fortemente inclinada: situação em que ocorre uma grande diferença entre as taxas de longo e de curto prazos. Significa que as expectativas do mercado são de incerteza devido a fatores adversos que podem impactar o comportamento dos juros.
Plana: caracterizada por pequenas diferenças entre as taxas de juros de longo e curto prazos.
Indica um período de estabilidade econômica, com pouca oscilação e sem riscos de mudanças bruscas na economia, em um cenário de futuro mais próximo.
Invertida: ocorre quando as taxas de juros de longo prazo ficam mais baixas do que as de curto prazo. Em situação normal, os títulos com vencimento mais longo remuneram os investidores com taxas mais altas, tendo em vista o risco associado ao vencimento mais distante no tempo, uma das interpretações é de que as taxas sinalizam queda no futuro por causa de uma possível recessão.
Contudo, economistas ressaltam que, nos Estados Unidos, e também em algumas outras economias mundiais, o fenômeno da curva invertida de juros é claramente um indicador que antecede períodos recessivos, historicamente documentados naquele país.
No Brasil, no entanto, não há dados disponíveis para fazer essa relação direta de causa e efeito. Porém, quando essa distorção ocorre, pode ser um entre vários outros elementos, de um cenário de maior volatilidade, incertezas e de alerta com a possibilidade de enfraquecimento econômico do país.
Qual a relação da curva de juros e a Selic
A curva de juros é calculada com base na Selic, taxa básica de juros da economia, divulgada a cada 45 dias pelo Banco Central. De acordo com a política monetária e fiscal do governo, a curva se altera para baixo ou para cima.
Como a curva de juros impacta os investimentos
A rentabilidade dos investimentos está relacionada diretamente com a curva de juros. É uma ferramenta fundamental para analisar a variação das taxas ao longo do tempo e ajudar a definir as melhores opções e oportunidades de investimento.
Se a curva estiver plana, pode não ser rentável escolher um título de prazo mais longo, já que os papeis de vencimento mais curto têm remuneração semelhante e menos riscos. Se a curva indicar taxas mais altas no longo prazo, a opção de investimento mais adequada pode ser em papéis pós-fixados. Se a curva de juros estiver invertida, pode ser a hora de apostar em prefixados.
Como a curva de juros nos EUA impacta investimentos no Brasil
Quando a curva de juros nos Estados Unidos indica elevação das taxas locais, o reflexo não é somente no mercado norte-americano. A tendência é de saída dos investidores do Brasil em direção à segurança e à rentabilidade dos mercados nos Estados Unidos.
Toda vez que o Fed sinaliza juros mais altos nos EUA, provoca efeito negativo em todos os mercados emergentes. A segurança dos títulos norte-americanos diminui sensivelmente a atração de ativos em mercados mais arriscados em países como o Brasil, por exemplo. Provocam ainda uma redução na oferta de recursos que, em cenário de juro baixo nos EUA, estariam pelo mundo em busca de altas taxas de juros para compensar o risco do país.