Quando alguém começa a investir, normalmente conhece poucos produtos financeiros e se foca em um ou dois para fazer suas aplicações. Esse é um ótimo primeiro passo, mas para ter sucesso nessa seara ao longo do tempo é preciso construir uma carteira de investimentos. Já ouviu falar sobre esse assunto?

O conceito de carteira de investimentos é muito relevante para quem está se iniciando no mercado financeiro. Por trás dele estão outros temas importantes, como objetivos de investimento e diversificação das aplicações.

Se isso ainda soa esquisito para você, esse guia pode ajudar. O InfoMoney reuniu aqui as principais informações para quem está querendo montar uma carteira de investimentos, mesmo que seja do zero. 

O que é uma carteira de investimentos

Resumidamente, a carteira de investimentos é o conjunto de aplicações realizadas ou de ativos mantidos por uma pessoa. Ela pode incluir títulos públicosCDBs de bancos, letras de crédito imobiliário (LCI) ou do agronegócio (LCA), ações, BDRs (recibos de ações estrangeiras negociados no Brasil), fundos de variados tipos, e por aí vai.

A composição de uma carteira de investimentos é bastante particular. O conjunto ideal de ativos para uma pessoa pode ser completamente diferente do que vale para outra. As melhores aplicações para cada um dependem de fatores como os objetivos para o dinheiro, o volume de patrimônio disponível e o perfil de risco.

Uma boa carteira, no fim das contas, é a que satisfaz as expectativas de rentabilidade e de prazo do investidor, ponderadas pela sua tolerância ao risco. Simples assim.

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Por que montar uma?

Você deve estar se perguntando: qual a razão para dedicar tempo à elaboração de uma carteira de investimentos? Um dos principais motivos é garantir a diversificação das aplicações financeiras, fundamental para assegurar os ganhos e reduzir o impacto da volatilidade dos mercados sobre o patrimônio.

Por que isso é importante? Imagine a situação em que um investidor – você, por exemplo – decide aplicar suas economias em um determinado fundo de renda fixa. O produto é simples de entender e fácil de acessar, e por isso acaba se tornando sua única aplicação financeira. O rendimento, no entanto, é baixo e não chega a compensar a inflação verificada no país. Resultado: em alguns anos, você perderá o poder de compra do seu dinheiro.

Agora suponha que, no lugar de investir 100% das economias no fundo de renda fixa, você optasse por destinar 10% para um fundo de ações. Com o a bolsa de valores em alta, essa pequena parcela passaria a render bem acima dos outros 90%. Fazendo uma média, talvez seu patrimônio já começasse a ter um retorno pelo menos equivalente ao custo da inflação – ou até maior.

Perceba que, nesse exemplo, diversificar possibilitaria ampliar os ganhos. Mas há situações em que essa atitude ajuda a reduzir os riscos. Alguém que investisse todas as economias em ações, por exemplo, estaria altamente exposto à volatilidade do mercado de renda variável. Ao menor soluço do mercado, poderia sofrer grandes abalos no patrimônio. Já se direcionasse parte dos recursos para a renda fixa, amenizaria esse efeito.

A necessidade de diversificação deve ser considerada na hora de montar uma carteira de investimentos. É importante fazê-la de forma estratégica, ou seja, dividindo os recursos entre ativos com pouca correlação entre si. Isso significa buscar aplicações que não se movimentem todos sempre na mesma direção – caso contrário, nos períodos em que um deles não estiver com um bom desempenho, os outros também não estarão. E então, a diversificação não terá sido eficiente para reduzir os riscos, nem otimizar os ganhos.

Em geral, os especialistas apontam que não é necessário pulverizar os investimentos, distribuindo os recursos em uma quantidade muito elevada de aplicações. O mais importante é assegurar que os ganhos com um investimento compensem eventuais perdas com o outro.

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Como montar uma carteira de investimentos do zero

Ao criar uma carteira, o investidor precisa considerar vários aspectos da sua própria realidade financeira – e cotidiana também. Ela deve contemplar diferentes objetivos e fases da vida, e deve ainda estar adequada ao perfil de risco de cada um. Se você já tem algumas economias, pode seguir os passos abaixo para transformá-las de fato em uma carteira de investimentos:

  1. Conheça seu perfil de investimento

    Um dos elementos mais importantes para começar a montar uma carteira de investimentos é conhecer o próprio perfil de investimento. Trata-se de uma autoanálise importante, capaz de evitar muita dor de cabeça e sono perdido.

    Tomar consciência dos seus gostos e preferências no que diz respeito aos investimentos ajuda em vários aspectos. De um lado, o perfil de investimento é uma ferramenta importante para guiar a escolha dos produtos financeiros mais adequados para cada um. Quem tem dificuldades para lidar com a volatilidade, por exemplo, já sabe de antemão que deve seguir com cautela pelos mercados de risco.

    Além disso, também afasta a possibilidade de surpresas – que podem ser desagradáveis. Ao considerar a sua própria reação diante dos imprevistos do mercado, o investidor tem condições de evitar atitudes precipitadas (e os potenciais prejuízos decorrentes delas).

    Mas como descobrir qual é o seu perfil de investimento? Um bom começo é fazer algumas perguntas a si mesmo. Do tipo, como você reagiria diante de uma perda de 5% ou 10% em poucos dias? Ou o que faria se quisesse resgatar um investimento, e não pudesse por conta de uma carência? E se pudesse, mas tivesse de vendê-lo por um valor abaixo que o de aquisição?

    Fora isso, as instituições financeiras são obrigadas a verificar a adequação dos produtos, serviços e operações financeiras que oferecem ao perfil de cada investidor – um processo chamado de “suitability”. Para concluir se seus clientes são investidores conservadores, moderados ou agressivos, elas normalmente aplicam um questionário com perguntas que consideram os objetivos, a situação financeira e o nível de conhecimento das pessoas.

    Via de regra, investidores conservadores têm baixa tolerância a risco e priorizam a liquidez. Os moderados querem proteger o capital no longo prazo e suportam produtos com algum nível de risco. Já os agressivos toleram perdas em alguns momentos, se isso possibilitar maiores retornos no futuro. Mas atenção: o perfil de investimento não é necessariamente estático. Ele pode mudar conforme evoluem os objetivos e o nível de conhecimento dos investidores.

  2. Defina os objetivos para o dinheiro investido

    A carteira de investimentos sempre deve estar adequada aos objetivos de cada pessoa. Você pode investir com metas distintas e simultâneas – talvez esteja economizando para fazer uma viagem, trocar de apartamento e abrir um negócio próprio. Cada uma dessas metas será realizada em um momento diferente, com condições distintas – e exigirá um tipo específico de aplicação financeira para que possa ser concretizada.

    Cada “pedaço” da carteira de investimentos responde por um dos objetivos do investidor (às vezes, mais de um). E um dos principais aspectos que caracterizam cada parte é o tempo necessário para conquistar a meta.

    Uma parte da carteira de investimentos deve ser focada no curto prazo, formada por aplicações com duração de até um ano. Aí normalmente entram os produtos com liquidez diária, que ficam disponíveis imediatamente quando o investidor quiser resgatar.

    Outra parte da carteira se direciona aos objetivos de médio prazo, composta por investimentos com duração de um a cinco anos. Pelo menos uma parcela pode ser aplicada em produtos de risco moderado – com alguma volatilidade e sem liquidez diária.

    A terceira parte da carteira está relacionada às metas de longo prazo e abarca as aplicações com prazo superior a cinco anos. Para os investidores dispostos a encarar algum risco, uma opção são os ativos longos e com maior volatilidade. É importante lembrar que eles embutem maiores chances de ganhos também.

  3. Reserva de emergência e previdência não podem faltar

    Ao definir os objetivos financeiros para criar uma carteira de investimentos, dois deveriam ser obrigatórios para todo mundo: montar uma reserva de emergência e guardar dinheiro para a aposentadoria.

    A reserva de emergência é uma economia realizada ao longo do tempo para bancar as despesas mensais fixas de uma pessoa por um determinado período, utilizada apenas quando há uma queda repentina de renda ou elevação inesperada de custos. As orientações variam, mas a sugestão é de que ela seja de valor equivalente ao de três a 12 vezes os gastos mensais.

    Ter uma reserva de emergência é quase como ter um seguro para casos como uma demissão inesperada, o surgimento de uma doença na família ou outra situação imprevista. Ela dá tranquilidade e ajuda a ter uma vida financeira equilibrada. Dentro da carteira de investimentos, as aplicações de curto prazo são as que podem ser usadas para investir esse dinheiro.

    A poupança para a aposentadoria, por sua vez, é essencial para assegurar tranquilidade financeira em uma das fases mais delicadas da vida das pessoas. Na velhice, em geral, a renda do trabalho tende a ser menor e é preciso contar com os investimentos feitos na juventude.

    Dentro da carteira de investimentos, o dinheiro da aposentadoria deve ser alocado em produtos de longo prazo. Esse investimento tanto pode ser feito diretamente nos ativos, quanto por meio de um fundo de previdência, administrado por um gestor profissional. A vantagem está na periodicidade: planos previdenciários usualmente preveem aplicações automáticas, o que garante que a economia seja contínua. Isso, é claro, envolve um custo que o investidor não tem quando faz as aplicações por conta própria.

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  4. Estabeleça uma estratégia e os ativos em que vai investir

    Para que sua carteira de investimentos reflita seus objetivos, estabeleça uma estratégia condizente e escolha os ativos certos para cada situação. Se a principal característica das metas financeiras é o prazo necessário para concretizá-las, a dos investimentos é a classe: renda fixa ou renda variável.

    Grosso modo, são chamados de renda fixa os investimentos em que a forma de cálculo da remuneração está definida e é conhecida desde o momento da aplicação. Quando adquire um produto dessa classe, o investidor “empresta” dinheiro ao governo (se estiver comprando títulos públicos), a empresas (ao investir em debêntures, por exemplo) ou a bancos (caso aplique em um CDB, entre outros produtos). Sua expectativa é receber de volta, no futuro, o valor aplicado mais juros.

    Já o retorno dos investimentos de renda variável é imprevisível no momento do investimento. A remuneração que oferecem varia conforme as condições do mercado. Quem compra ações, por exemplo, sabe que receberá a valorização dos papéis, mas é impossível saber de quanto ela será – e em quanto tempo.

    Lembre-se de que uma carteira de investimentos diversificada deve contar com a presença tanto de aplicações de renda fixa quanto de renda variável. Elas se complementam e permitem adequar as aplicações às metas de cada investidor.

O que são carteiras recomendadas

Uma ferramenta que pode ajudar os investidores a montar suas próprias carteiras de investimento são as chamadas carteiras recomendadas. Elas são sugestões de ativos para investir, elaboradas pelos analistas das instituições financeiras, como corretoras e bancos. Nesses relatórios, os profissionais indicam as aplicações que consideram as melhores para o momento, de acordo com certas características.

Há corretoras que divulgam mensalmente uma carteira recomendada de ações. Algumas fazem sugestões mais específicas, com carteiras recomendadas só de ações que pagam bons dividendos, por exemplo. Existem ainda carteiras recomendadas de fundos imobiliários, de papéis de renda fixa privada, entre outras.

É comum que as carteiras recomendadas sejam inclusive destinadas a perfis de investidores distintos. Algumas fazem sentido para os conservadores, outras são voltadas especificamente aos moderados e outras ainda, aos agressivos. Considerando a tolerância a risco de cada grupo, elas são uma ótima referência para acompanhar.

O InfoMoney acompanha as principais carteiras recomendadas do mercado. As notícias publicadas a respeito podem ser conferidas nesse link.

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Revisar e rebalancear

Se você pensou que bastaria montar a carteira de investimentos uma vez, se enganou. Assim como o perfil de um investidor, o conjunto de ativos em que ele aplica seus recursos também deve mudar ao longo do tempo. Afinal, as prioridades e objetivos se adaptam durante a vida – e, além disso, o mercado reage aos acontecimentos da economia. Por isso, é necessário fazer revisões periódicas na composição da carteira.

A periodicidade das revisões pode variar: alguns especialistas sugerem que isso seja feito pelo menos duas vezes ao ano, outros recomendam dar uma olhada em tudo pelo menos uma vez por mês. Como regra geral, vale a pena revisitar seus objetivos e investimentos conforme eles vão se concretizando e são substituídos por outros.

O mais importante é que a sua carteira de investimentos não fique esquecida na corretora. É sua responsabilidade garantir que seu dinheiro renda de acordo com suas demandas. Portanto, manter a rotina de atualização é imprescindível.