em vai viajar ao exterior tem ao menos quatro formas de pagar suas contas fora do Brasil: dinheiro, cartão de crédito internacional, cartão pré-pago de viagem (como Visa Travel Money, Mastercard Cash Passport ou American Express GlobalTravel Card) e cheque de viagem (traveller check). O InfoMoney conversou com especialistas em câmbio e levantou os prós e contras de cada uma dessas opções. Os resultados mostram que a melhor forma de comprar moeda estrangeira para viajar ao exterior costuma ser o cartão pré-pago de viagem. Veja a seguir os resultados e as explicações para as melhores e as piores notas:

 DinheiroCartão de crédito internacionalCartão pré-pago de viagemTraveller check
ImpostosIOF de 0,38%IOF de 6,38%IOF de 0,38%IOF de 0,38%
Taxa de câmbioDólar turismoDólar comercial com spreadDólar turismoDólar turismo
Risco cambialNãoSimNãoNão
Segurança em caso de roubo ou furtoBaixaAltaAltaMédia
Saque no exterior——–Pagamento de tarifa e jurosPagamento de tarifa, mas sem juros———
AceitaçãoAltaAltaAltaBaixa
Duas operações de câmbio se a compra não for de dólar nem euroGeralmente simSimUma única operação para até 15 moedas diferentes———
Milhas e benefíciosNãoSimSem milhas, mas alguns têm benefícios como descontos e segurosNão
LimiteAltoBaixo ou alto, de acordo com sua rendaAltoAlto
Controle dos gastosAltoBaixoAltoAlto
Total de vezes em que é a melhor opção6495

Impostos

Quem vai viajar para os Estados Unidos, por exemplo, precisa fechar uma operação de câmbio para trocar reais por dólares. Quando o turista opta por comprar dólares em papel-moeda, em traveller check ou com cartões pré-pagos de viagem, o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) cobrado sobre a operação de câmbio será equivalente a 0,38% do valor da transação. Já quando usa cartão de crédito, a alíquota do IOF será bem maior – sobe para 6,38%. Isso quer dizer que sobre uma compra de R$ 1.000 no exterior com cartão de crédito, o turista vai pagar, apenas em IOF, o montante de R$ 63,80. Neste exemplo, portanto, a economia do consumidor ao fazer uma das outras três opções é de R$ 60.

Taxa de câmbio

A vantagem tributária de cartão pré-pago de viagem, traveller check e dinheiro em espécie em relação ao cartão de crédito pode ser suficiente para tornar a viagem de qualquer pessoa mais barata. Mas há outros custos que precisam ser analisados. O principal deles é a taxa de câmbio usada na troca de moedas. A conversão de reais para moeda estrangeira em cartões pré-pagos, traveller check e dinheiro é feito por meio do dólar turismo – que costuma ser entre 4% e 6% mais caro que o dólar comercial. Alguns bancos costumam dar um pequeno desconto de R$ 0,01 ou R$ 0,02 por dólar na compra com cartões pré-pagos em relação ao dinheiro vivo, já que o carregamento do plástico não embute as mesmas despesas com entrega e segurança. Já o cartão de crédito internacional deve ser analisado como um caso à parte. No passado, muitos bancos usavam o dólar comercial para converter compras no exterior para reais ao fecharem a fatura do cartão de crédito. Só que essa mamata praticamente acabou. Os bancos têm poder para definir a taxa de câmbio que será usada e geralmente optam por cobrar um “spread” sobre o dólar comercial bem parecido com o do dólar turismo. Tanto isso é verdade que, recentemente, Bradesco, Santander e Itaú anunciaram que não permitiriam mais que seus clientes fizessem compras em reais no exterior – isso é muito comum em sites de comércio eletrônico ou lojas físicas dos EUA, por exemplo. A decisão dos bancos de vetar esse tipo de operação reflete uma política comercial: a de não perder o spread nas compras realizadas pelos clientes em moedas estrangeiras.

Risco cambial

Nesse quesito, a pior opção é o cartão de crédito internacional. O problema dele é que a cotação do dólar ou de outra moeda estrangeira que será a utilizada para a conversão da compra para reais é a do dia do fechamento da fatura, e não a do dia em que o pagamento pelo bem foi realizado. Como o dólar ou outra moeda estrangeira pode disparar nesse período de até 30 dias entre as datas da compra e do fechamento da fatura, o turista fica exposto a essa variação. É importante lembrar que a surpresa pode ser positiva também – no caso de o dólar cair. Mas quem prefere não correr riscos, travar a cotação do dólar e viajar sem se preocupar com oscilações cambiais deve optar por papel-moeda, cartão pré-pago ou traveller check.

Segurança

Em relação ao risco de ser furtado, o dinheiro é sempre a pior opção. Da mesma forma que você não anda na cidade onde mora com R$ 5.000 no bolso ou na mala, também não faz sentido carregar milhares de dólares ou euros quando estiver no exterior. Especialistas recomendam que o turista tenha no bolso apenas o dinheiro que servirá para necessidades mais básicas – pagar por uma corrida de táxi ou um lanche na rua. Para as demais compras, é mais seguro usar cartão. Em caso de furto ou roubo, um cartão pode ser bloqueado. Em algumas cidades como Nova York, o consumidor pode solicitar e receber outro cartão no mesmo dia – mas o serviço é cobrado. Caso o novo cartão demore mais do que isso para chegar, ainda será possível fazer um saque de emergência – esse serviço também tem custo. Um criminoso que roubar ou achar seu cartão terá de saber sua senha para usá-lo para algo. Mesmo que você seja obrigado a dizê-la, sempre será possível cancelar o cartão posteriormente. Alguns bancos também permitem que o cliente tenha dois cartões de viagem – um será usado apenas se o outro for roubado ou perdido. O traveller check pode ser considerado um híbrido entre os dois modelos. Os cheques de viagem em si oferecem segurança, já que, para trocá-los, é necessário apresentar documento com foto e assinar igual. O furto de um traveller check, portanto, não é um problema. Mas como nem sempre você terá no exterior um ponto de troca do traveller check por dinheiro, provavelmente isso lhe obrigará a fazer operações mais volumosas de câmbio, como de US$ 1.000 de uma única vez. Andar com todo esse dinheiro no bolso pode não ser a melhor opção.

Saques no exterior

Cartões de crédito (e também alguns de débito) internacionais e pré-pagos de viagem permitem o saque de dinheiro em bancos e caixas eletrônicos no exterior que sejam parceiros das bandeiras Visa, Mastercard e American Express. A opção pelo pré-pago é sempre mais barata. A maioria desses cartões cobra uma taxa de cerca de US$ 2,50 nessa operação nos Estados Unidos (a taxa varia por país ou por bandeira). Para aumentar a segurança do cliente, há um limite diário para o valor do saque – que costuma variar entre US$ 500 e US$ 2.000, dependendo da política do banco que possui o caixa eletrônico. Já com cartões de crédito será necessário pagar uma tarifa e também os juros proporcionais ao período entre o dia do saque e o dia do vencimento da fatura. Como as taxas de juros são elevadíssimas, muitas vezes superiores a 200% ao ano, o custo de um saque com um cartão de crédito brasileiro no exterior praticamente inviabiliza a operação – só faça isso em caso de extrema urgência. Caso você tenha um cartão de débito internacional e saldo na conta, essa também é uma opção mais inteligente porque não há cobrança de juros. O único problema dessa opção é que cartões de débito internacionais geralmente têm um limite diário mais baixo para saques.

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Aceitação

Os cartões de crédito ou pré-pagos de viagem são bem mais práticos que dinheiro ou traveller check. Ao usar um cartão de crédito internacional, a pessoa pode fazer compras em milhões de estabelecimentos comerciais no exterior. O limite de compras é o mesmo no Brasil ou fora do país. Já o cartão pré-pago precisa ser carregado com dólares ou outra moeda – ou seja, antes de usá-lo é necessário fechar uma operação de câmbio. Os dois tipos de cartões costumam ter as mesmas bandeiras – Visa, Mastercard e American Express dominam esses mercados em âmbito global – e podem ser usados em todos os locais credenciados. Os saques de dinheiro em caixas eletrônicos e bancos podem ser realizados em todas as instituições financeiras que possuem convênio com essas bandeiras. Uma vantagem do cartão pré-pago, agora em relação ao dinheiro em espécie e aos traveller checks, é a facilidade de recarga. Se o dinheiro do cartão estiver acabando, basta fechar outra operação de câmbio para recarregá-los – isso pode ser feito por telefone ou até pela internet em algumas instituições financeiras. Já quem opta por dinheiro ou traveller check não tem essa opção. O traveller check também é problemático porque será preciso trocá-lo por dinheiro no exterior. Nos EUA, isso é fácil. Mas pode ser bem complexo realizar essa operação em alguns países da América Latina, por exemplo. Esse é um dos motivos que está fazendo os traveller checks caírem em desuso.

Câmbio duplo

Os cartões pré-pagos podem ser vantajosos para que o turista não seja forçado a fazer um câmbio duplo. Imagine, por exemplo, que você vá para a África do Sul. É preciso muita sorte para encontrar rands sul-africanos à venda em uma casa de câmbio brasileira. Então o que muitas pessoas fazem é comprar dólares no Brasil (primeira operação de câmbio) e depois trocá-los por rands ao chegar ao destino (segunda operação de câmbio). Nesse caso, as duas instituições que realizarem o câmbio terão algum ganho financeiro na operação – em cada uma delas, a margem da instituição financeira geralmente será de 4% a 6%. O mesmo vale para o cartão de crédito. Uma compra na África do Sul com esse meio de pagamento será convertida de rand para dólar e pode haver ganho do banco na conversão. Depois a compra será novamente convertida de dólares para reais. Já os cartões pré-pagos de viagens mais modernos permitem o câmbio direto por diversas moedas, como dólar, euro, dólar canadense, iene (Japão), libra (Inglaterra), franco suíço, dólar australiano, dólar neozelandês, shekel (Israel), peso mexicano, peso argentino, peso chileno, yuan (China), boliviano e rand, entre outras. É óbvio que no caso de moedas mais exóticas, o ganho da instituição financeira não será de 4% a 6% como no caso de dólares, mas terá um percentual um pouco mais alto, algo entre 5% e 8% do valor da operação. Mesmo assim, a operação ainda será vantajosa ao cliente porque haverá uma única operação de câmbio. O cartão pré-pago também permite que, se sobrar dinheiro estrangeiro em uma viagem, você o converta para outra moeda na próxima viagem. Se tentar sacar uma moeda diferente em que o cartão foi carregado, muitas vezes a operação será fechada – mas haverá a cobrança de uma taxa.

Benefícios

Nesse quesito, os cartões de crédito são imbatíveis. A maioria dos cartões internacionais oferecem programas de milhagem ou recompensas em que quanto mais o usuário gasta, mais acumula pontos, que depois poderão ser trocados por passagens aéreas ou outros produtos e serviços. Cartões de crédito ainda oferecem benefícios como seguro-viagem, salas VIP em aeroportos, descontos em estacionamentos ou restaurantes, serviços de concierge e assistências internacionais, entre outros. Travellers checks e dinheiro vivo não possuem esse tipo de benefício. O mesmo vale para os cartões pré-pagos de viagem, que, no entanto, agora começam a oferecer algumas vantagens. Há cartões com seguro para locação de veículos ou seguro que indeniza o cliente por problemas em compras no exterior. É possível economizar algum dinheiro com esses serviços, mas os cartões de crédito ainda são mais sofisticados em termos de benefícios.

Limites

O limite do seu cartão de crédito varia de acordo com sua renda. Geralmente a pessoa pode gastar o equivalente a algo próximo a seu salário dentro de um mês. Pessoas de baixa renda dificilmente terão acesso a um cartão com limite de gastos muito elevado e com benefícios diferenciados. Já cartões voltados para pessoas de alta renda podem até mesmo nem possuir limites. Se seu limite não for suficiente para uma viagem internacional, é sempre possível pedir à instituição financeira uma ampliação – ainda que não haja garantia de aprovação. Já a compra de dólares, os traveller checks e os cartões pré-pagos de viagem costumam ter limites que variam de acordo com a política da instituição financeira. Algumas instituições só vendem até US$ 10 mil para um cliente. Há cartões pré-pagos em que o limite chega a US$ 100 mil. Em cargas de até US$ 3 mil, geralmente o cliente só precisará apresentar CPF e RG no momento da compra. A operação só será negada pelo banco se a pessoa estiver com o CPF cancelado. Para compras muito elevadas, o cliente poderá ser obrigado a apresentar algum comprovante de que realmente vai viajar para o exterior e um comprovante da origem do dinheiro – essa burocracia faz parte das regras do Banco Central para o combate à lavagem de dinheiro.

Controle de gastos

O cartão de crédito é o maior inimigo do viajante que tem pouco dinheiro e dificuldade em lidar com as tentações do consumo. Em muitos países, os preços dos produtos e serviços são muito mais baixos que no Brasil – o que aumenta a tentação de gastar. Como o cartão permite parcelar pagamentos em várias vezes ou então postergar a liquidação financeira da compra em até 40 dias, o consumidor acaba mais propenso a torrar dinheiro. Mas isso não acontece com quem usa dinheiro em espécie, traveller check ou cartão de viagem pré-pago. O consumidor precisa ter dinheiro na conta corrente para comprar moeda estrangeira dessas formas. Os cartões pré-pagos possuem uma ferramenta adicional de controle porque todos os gastos podem ser consultados em uma página da instituição. Então imagine que você é pai e seu filho viajou para a Disney. Será possível carregar o cartão com US$ 1.500, explicar para ele que esse dinheiro precisa durar os sete dias da viagem e que não haverá recargas adicionais. Ele mesmo terá de planejar a viagem de forma a não estourar o orçamento. Se o filho começar mal, gastando muito nos dois primeiros dias, ainda será possível reforçar a mensagem de austeridade durante a viagem. Cartões de crédito com limites elevados não possuem uma ferramenta como essa de controle.

Quem planeja adquirir um cartão pré-pago de viagem tem várias opções. Praticamente todos os bancos grandes oferecem esse produto. Bancos médios como Bonsucesso, Rendimento, Schahin e Confidence também abocanharam parte desse mercado, geralmente oferecendo taxas mais agressivas de câmbio e produtos multimoedas, em que é possível carregar o cartão com dinheiro de diversos países. Os cartões estão disponíveis em três bandeiras: Visa TravelMoney, Mastercard Cash Passport e Amex GlobaTravel Card.

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A aquisição e o envio do cartão ao cliente geralmente são gratuitos. Para carregá-lo, é necessário fazer um DOC ou uma TED para o banco emissor, que vai transformar esses reais em moeda estrangeira pela cotação do dia – lembre-se que será usado o dólar turismo, no caso da moeda americana. Apesar de muitas vezes ser possível consultar a taxa de câmbio e fechar as recargas nos sites dessas instituições, ao telefonar para o banco e falar com um funcionário geralmente é possível conseguir um pequeno desconto no preço oficial. Alguns bancos cobram uma taxa por recarga e outros, não. Prefira aqueles em que esse serviço não é tarifado.

Outra taxa a que o consumidor deve estar atento é a de “inatividade”, que é cobrada quando o cliente fica meses ou anos sem utilizar o cartão. A tarifa varia – há casos em que é de US$ 5 por mês após seis meses sem uso. Procure produtos sem essa taxa, principalmente se você costuma viajar muito pouco ao exterior. O consumidor também pode se atentar às regras do cartão e escapar dessa cobrança mesmo quando há taxa de inatividade. Em alguns bancos, a taxa não é cobrada se o saldo do cartão é zero. Então você pode gastar tudo que colocou no cartão e não se preocupar com isso. A taxa de inatividade muitas vezes também não é cobrada quando o cliente deixa, por exemplo, mais de US$ 100 no cartão. Então a dica para economizar é se informar sobre as regras.