“Débito ou no crédito?” é uma das perguntas mais repetidas em estabelecimentos comerciais pelo Brasil. Não é para menos: de acordo com as Estatísticas de Pagamentos de Varejo e de Cartões no Brasil, divulgadas em setembro pelo Banco Central, o país fechou o ano de 2020 com 134 milhões de cartões de crédito, 12% a mais do que no ano anterior.

Mesmo sendo tão popular entre os brasileiros, o cartão de crédito pode deixar dúvidas aos seus usuários, principalmente quando o assunto é taxa de juros, rotativo e resgate de milhas. Para solucionar essas e outras questões relacionadas ao cartão de crédito e seu uso, o InfoMoney criou este Guia.

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O que é cartão de crédito?

O cartão de crédito é uma forma de pagamento de serviços ou produtos que conta com um limite de crédito pré-definido. Ou seja, é uma espécie de empréstimo concedido por uma instituição financeira ou de pagamento responsável pela emissão do cartão.

Todo cartão de crédito tem uma bandeira – por exemplo, Visa, Mastercard ou American Express – cujo objetivo é mediar as transações entre o consumidor e a instituição emissora. Enquanto esta gerencia as operações, estabelece o limite para compras no cartão de crédito e as taxas de manutenção, além de enviar a fatura para o consumidor, a bandeira gerencia as tecnologias envolvidas nas transações, desde as máquinas para pagamento com cartão físico até o credenciamento de estabelecimentos.

Essa modalidade de pagamento pode ser solicitada por pessoas físicas ou jurídicas e pode ainda ser nacional, ou seja, aceita somente no país de residência do consumidor, ou internacional, quando serve também para utilização no exterior.

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Como fazer um cartão de crédito?

Solicitar um cartão de crédito é um procedimento relativamente simples. Quem deseja fazer a solicitação precisa procurar uma instituição que faça emissão de cartões, como um banco, uma fintech ou uma intermediária de pagamentos. Hoje em dia, a solicitação pode ser feita online, pelo site da empresa emissora.

Vale lembrar que não é preciso ter conta-corrente em um banco para fazer a solicitação. No entanto, a operadora solicita alguns documentos para análise que podem variar de acordo com cada instituição.

De modo geral, os documentos pedidos são carteira de identidade, CPF, comprovante de residência, assim como o de renda. Os documentos solicitados serão usados para uma análise de perfil do consumidor e definição de limite para o cartão de crédito, considerando que o cartão funciona como um empréstimo concedido por uma instituição financeira.

Feito o cadastro, ele passa pela análise e, se não houver nenhuma restrição ao CPF, o pedido é aprovado. Com isso, o cartão físico é encaminhado pelo correio para o endereço indicado na solicitação. Em alguns casos, o cartão também pode ser retirado em agências bancárias.

Como funciona um cartão de crédito?

O cartão de crédito funciona como qualquer transação financeira em que duas partes fazem um acordo. As duas partes, no caso são a 1) a empresa emissora do cartão e 2) o solicitante do cartão. A empresa emissora estabelece um limite de crédito que poderá ser usado pelo solicitante do cartão para pagamento de compras e serviços e este, por sua vez, se compromete a pagar o valor do crédito utilizado na data de vencimento da fatura.

O critério de análise para concessão desse limite varia de instituição para instituição, mas, de maneira geral, leva em conta o perfil financeiro de quem solicitou.

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Esse limite também pode aumentar ou diminuir ao longo do tempo, de acordo com o uso, o score de crédito do titular do cartão, aumento de renda e outras informações financeiras.

A cada mês, o consumidor pode utilizar integralmente todo o limite, que é liberado novamente após o pagamento da fatura. Por exemplo, se o limite do cartão de crédito é R$ 2 mil, o consumidor consegue fazer uma compra nesse valor ou várias que somadas chegam a esse limite. Ao pagar a fatura mensal, o limite é liberado novamente.

Se houver compras parceladas, a liberação do limite total acontece somente após o pagamento de cada parcela. Para ilustrar: o titular de um cartão de crédito com limite de R$ 2.000 compra um celular no valor de R$ 1.000, parcelado em 5 vezes de R$ 200 cada. Resta, portanto, um limite de R$ 1.000 para se gastar no mês da compra do celular. Depois de pagar a fatura com a primeira parcela, os R$ 800 restantes, estarão “bloqueados” para novos gastos. Assim, no mês seguinte da compra do celular, o titular terá um limite de crédito para novas compras de R$ 1.200. Se, no final deste mês, o consumidor não fizer nenhuma outra compra parcelada, ao pagar a fatura, com a segunda parcela de R$ 200, o consumidor terá um limite de gastos de R$ 1.400 para gastos no próximo mês.

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Melhor data de compra: o que quer dizer?

Em alguns casos, compras no cartão de crédito podem ser pagas em até 40 dias depois de efetuadas. Frequentemente, isso acontece porque os gastos realizados entre cinco e dez dias antes da data de vencimento da fatura ficam para o mês seguinte. Algumas instituições financeiras informam os consumidores que esta seria a “melhor data de compra” porque realizando transações nessa data, o titular do cartão só receberia a cobrança 40 dias depois.

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Só para exemplificar, vamos pensar que a data final para pagamento do cartão é no dia 30 e o fechamento da fatura se dá no dia 20. Nesse caso, uma compra feita no dia 19 será cobrada na primeira fatura com vencimento no dia 30 daquele mesmo mês. Por outro lado, se a compra for realizada no dia 21, o pagamento ficará para a fatura a ser paga no dia 30 do mês seguinte.

Não raro, a operadora do cartão cobra uma taxa de anuidade, cujo valor vem discriminado na fatura. A anuidade existe sob a justificativa de cobrir gastos como gerenciamento e monitoramento do cartão. O pagamento dessa taxa pode ser feito anualmente ou dividido em parcelas mensais. O valor varia de instituição para instituição e existem aquelas que oferecem gratuidades ou descontos para conseguir novos clientes ou fidelizar antigos. É possível ainda negociar o valor da anuidade ou até mesmo pleitear a isenção. Quanto mais compras no cartão de crédito e mais relacionamento com a instituição emissora do cartão, maiores as chances de conseguir baixar a anuidade. Mas já há no mercado novas operadoras que oferecem cartões sem anuidade para seus clientes. Portanto, é interessante pesquisar sobre essa taxa e seus benefícios antes de se decidir por um cartão.

Qual a diferença entre cartão de crédito e débito?

Um cartão de débito está diretamente ligado a uma conta corrente. Ou seja, utilizá-lo é o mesmo que fazer uma compra à vista com dinheiro, pois o valor para o pagamento é subtraído do montante que a pessoa tem na conta corrente. Caso ela não tenha saldo no momento de pagar, mas tenha um crédito aprovado pelo banco – o chamado cheque especial – o valor sai daí, o que resulta na cobrança de juros sobre o limite e o tempo utilizados. Já o cartão de crédito funciona como um empréstimo pré-estabelecido para ser pago posteriormente. 

Há ainda uma outra modalidade: o cartão pré-pago. Este não oferece ao cliente um limite a ser utilizado e pago depois, como o cartão de crédito. Ele funciona a partir de uma recarga, assim como acontece com um celular pré-pago. Desse modo, ele não gera uma fatura e nem permite compras parceladas. Os valores gastos são debitados à vista do saldo do cliente.

O cartão pré-pago é útil para quem está com alguma restrição no CPF, por exemplo, não consegue a aprovação de um cartão de crédito e prefere utilizar a modalidade de pagamento no formato de um cartão do que dinheiro em papel.

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Não há análise de crédito para aquisição do cartão pré-pago, já que o limite disponível depende da recarga que o próprio titular faz. Esse tipo de cartão pode ser uma ferramenta interessante, por exemplo, para pagamentos de mesadas, funcionários ou para quem não gosta de andar com dinheiro vivo por questão de segurança. Esse tipo de cartão pré-pago não costuma ter cobrança de anuidade, mas pode ter a cobrança de uma taxa de adesão.

O que é CVV?

CVV é a sigla em inglês para “Card Verification Value”, que na tradução literal significa ”Valor de Verificação do Cartão”. Ele nada mais é do que o famoso código de segurança presente em todos os cartões de crédito.

Geralmente, o CVV fica no verso do cartão físico e possui três dígitos. Há bandeiras que, no entanto, utilizam quatro dígitos e outra sigla, como CSC (Código de Segurança do Cartão), CVC (Código de Verificação do Cartão) ou CSC (Card Security Code), mas todos têm a mesma finalidade: servir como um recurso de segurança para transações sem o cartão presente e evitar fraudes.

Nas compras online, por exemplo, todos os estabelecimentos pedem os dígitos do CVV para concluir as compras. Isto é, o código é como uma senha para transações na internet. Isso porque, em tese, para saber esse código é preciso estar com o cartão físico em mãos.

Mesmo que o CVV traga mais segurança para as compras online, as instituições financeiras lançaram recentemente o cartão virtual.

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O que é o cartão de crédito virtual?

O cartão de crédito virtual é um método de pagamento exclusivo para compras online e está, necessariamente, vinculado a um cartão físico. Isso porque o cartão virtual é uma versão do cartão de crédito com dados diferentes daqueles da versão de plástico, mas o limite de crédito, as cobranças e a fatura são as mesmas do cartão físico.

O cartão virtual tem validade por tempo reduzido, como 48 horas, e pode ser usado para uma única compra online, com a ideia de dificultar a possibilidade de clonagem e outros tipos de golpes.

O titular de um cartão de crédito pode solicitar um cartão virtual na operadora do cartão de crédito, se houver essa opção. Normalmente, não há custos adicionais envolvidos na solicitação.

Como pagar a fatura?

É possível optar por receber a fatura em papel, pelos Correios, ou digital, por e-mail. Em ambos os casos, o pagamento pode ser feito em qualquer agência bancária via atendimento pessoal, caixas eletrônicos ou ainda pelo internet banking no computador ou no celular.

Também é possível cadastrar a fatura em débito automático na conta corrente, mas é preciso garantir que o valor suficiente para o pagamento da fatura esteja disponível para ser debitado.

Os gastos no cartão de crédito e o pagamento da fatura podem resultar em um acúmulo de pontos que podem ser convertidos em milhas aéreas, por exemplo, ou em resgate de produtos e serviços. 

Como ganhar milhas com cartão de crédito?

As milhas aéreas são pontos acumulados em programas de fidelidade que buscam estreitar a relação das marcas com os seus clientes. Esse tipo de programa pode ser da própria companhia aérea ou também de outras empresas parceiras, como operadoras de cartão de crédito. 

Para ganhar milhas com cartão de crédito, o primeiro passo é verificar se o cartão de crédito escolhido oferece um programa de recompensa em que os pontos podem ser convertidos em milhas. Essa informação é encontrada no site da operadora do cartão de crédito. Se há o benefício, basta aderir a ele, o que pode ser feito entrando em contato com a operadora de cartão de crédito por telefone ou pelo site.

Alguns programas de pontuação podem cobrar valores determinados para permitir a adesão ao programa de pontos. Uma vez feita a adesão, todas as vezes em que o cartão for utilizado, o titular acumulará pontos para serem trocados por passagens aéreas, produtos ou serviços. De modo geral, as instituições usam o dólar como moeda de referência: a cada US$ 1 gasto no cartão de crédito, o consumidor ganha 1 ponto. Mas atenção: cartões universitários, pré-pagos e sem taxas de anuidade não costumam oferecer o cadastro a programas de recompensas. Ao menos, não de maneira gratuita. 

Como resgatar pontos do cartão de crédito?

Normalmente, as operadoras de cartão de crédito estabelecem uma pontuação mínima para autorizar o resgate. Depois de checar se esse número foi alcançado, a troca pode ser feita pela internet, telefone ou, em alguns casos, até por um caixa eletrônico.

Grande parte das instituições financeiras possui seu próprio sistema de pontuação e programa de fidelização. Entre as opções de resgate, nesses casos, figuram itens diversos que vão desde utensílios domésticos ou eletrônicos, até serviços, como aluguel de carros ou diárias de hotéis, que podem ser trocados pelos pontos acumulados.

Vale lembrar que os pontos têm validade e data de expiração. Portanto, cuidado para não perdê-los.

Outro ponto de atenção: alguns programas de pontuação também podem cobrar uma taxa para a transferência de pontos para programas de milhas de companhias aéreas.

É possível sacar o limite do cartão de crédito?

Sim, é possível sacar o limite do cartão de crédito. O saque pode ser realizado em qualquer caixa eletrônico que aceita o cartão e o valor disponível está condicionado ao limite disponível. A operação funciona da mesma forma que um empréstimo “instantâneo”: o dinheiro é sacado na hora e a cobrança vem no vencimento da fatura.

Mas um detalhe importante: o saque de dinheiro no cartão de crédito só é recomendado em alguma emergência. Isso porque os juros cobrados são altos e ainda pode haver incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a cobrança de taxas de saque que podem ser tanto um percentual da operação quanto um valor fixo, como R$ 20. E mais: quanto mais dias faltar para o fechamento da fatura, mais os juros, que passam de 10% ao mês, vão se acumulando.

Como cancelar cartão de crédito?

Cancelar um cartão de crédito é um procedimento relativamente simples – ou deveria ser.

Para cancelar um cartão de crédito, normalmente, é preciso ligar para um número que fica no verso do cartão e seguir o procedimento informado. Algumas emissoras de cartão permitem o bloqueio (e desbloqueio) ou cancelamento do cartão por meio do próprio aplicativo ou pelo site da emissora.

Se o cartão estiver vinculado a uma instituição bancária, também há a opção de ir diretamente a uma agência bancária para solicitar o cancelamento.

É possível fazer PIX com cartão de crédito?

O Pix foi lançado em outubro de 2020 e já se tornou bastante popular entre os brasileiros. Ele é um meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central do Brasil (BCB) em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia.

O Pix pode ser realizado a partir de uma conta corrente, conta poupança ou até mesmo uma conta de pagamento pré-paga. Mas ainda não é possível fazer um PIX utilizando o cartão de crédito.

A explicação é simples: o Pix é uma transferência de valores que pertencem à pessoa, ou seja, o dinheiro está na conta dela. Quando se trata do cartão de crédito, os valores disponíveis são como um empréstimo disponível para pagar bens ou serviços. Pode-se até sacar dinheiro com o cartão de crédito e, a partir daí, transferi-lo via Pix, mas os juros são altos e a recomendação é que essa opção seja utilizada apenas em alguma emergência.

Como funcionam os juros do rotativo?

Quando o consumidor não consegue pagar a fatura do cartão de crédito integralmente, ele entra no chamado crédito rotativo. Isso significa que a parcela que deixou de ser paga fica para o mês seguinte e sobre ela recaem os juros do crédito rotativo. Em outras palavras, a instituição emissora do cartão paga o limite utilizado que deixou de ser quitado pelo cliente, mas cobra juros por isso na fatura seguinte. 

O crédito rotativo é, portanto, uma linha de crédito que cobre especificamente o pagamento da fatura. Dessa forma, o consumidor não fica com nenhuma restrição em seu CPF por causa da dívida. Mas é preciso estar atento à utilização dos juros do crédito rotativo, pois eles estão entre os mais caros do mercado. Segundo dados do BCB, em algumas instituições os juros do rotativo do cartão de crédito passam de 20% ao mês. Por causa disso, em 2017, o Conselho Monetário Nacional (CMN) do BCC determinou que o crédito rotativo só pode ser utilizado por um mês. Se o consumidor não conseguir quitar a dívida no mês seguinte, a instituição deve oferecer ao consumidor o parcelamento da dívida em uma linha de crédito com juros mais baixos.

Como pedir estorno no cartão de compra parcelada?

O estorno é a devolução de um valor gasto no cartão de crédito. Ele pode ser solicitado quando o cliente desiste da compra ou percebe algum erro no valor cobrado. É, portanto, como um reembolso, e  pode ser feito em dinheiro ou em crédito na fatura.

Em caso de compras no cartão de crédito parceladas, o estorno ocorre no valor integral do produto. Por exemplo, se alguém comprou algo por R$ 150 em 3 parcelas de R$ 50 e solicitou a devolução ou o cancelamento depois de já ter quitado a primeira parcela, deve receber o estorno no valor total da compra, de R$ 150. Dessa forma, cobre-se os R$ 50 reais já pagos e há a liberação dos outros R$ 100 no limite do cartão de crédito.

Posso parcelar qualquer compra no cartão de crédito?

Sim, é possível parcelar qualquer compra no cartão de crédito desde que o estabelecimento aceite a modalidade de pagamento. É o lojista ou prestador de serviço quem define o número máximo de parcelas. E para efetivar a compra, basta ter limite disponível no valor total do produto ou serviços.

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