As Bandas de Bollinger foram criadas no início dos anos de 80 pelo escritor e analista financeiro norte-americano John Bollinger, sendo atualmente um dos mais populares indicadores de análise técnica, utilizado por traders de todo o mundo.
É um indicador, essencialmente, de volatilidade, ou seja, que mede a variação de preço de um ativo durante um determinado tempo, indicando se este está com uma alta ou uma baixa volatilidade. Ele faz parte da família dos indicadores envelopes (que buscam identificar as bordas superior e inferior de um trading).
Além de indicar a volatilidade do ativo, se usarmos as Bandas com uma leitura mais apurada e em conjunto com outros indicadores que auxiliam a análise, é possível identificar se ele entrou em uma tendência de alta ou de baixa. Também indicará se haverá uma interrupção nessa movimentação, com possíveis correções.
O que são e para que servem as Bandas de Bollinger?
Conforme já explicado no início deste artigo, as Bandas de Bollinger são amplamente utilizadas por traders, tendo sido criadas por John Bollinger.
O indicador é formado por 3 bandas: a banda inferior que fica abaixo dos preços, a superior acima dos preços e a central entre as duas anteriores.
Além disso, utiliza um desvio padrão. Para plotar as curvas da banda superior e da banda inferior, é utilizado um desvio padrão. Isso acontece a partir da banda central, usando duas vezes o desvio padrão desta banda. A banda central, por sua vez, é uma média móvel aritmética (MMA) de 20 períodos.
Contudo, se você optar por empregar diferentes médias na banda central, Bollinger propõe que o desvio padrão seja ajustado da seguinte forma:
- MMA 10 períodos – desvio padrão de 1,9.
- MMA 20 períodos – desvio padrão de 2,0.
- MMA 50 períodos – desvio padrão de 2,1.
Nos três gráficos, logo abaixo, de 15 min do dólar futuro (WDOH24) temos um exemplo com cada desvio padrão e sua devida média móvel aritmética (MMA):
Indicador de Bandas de Bollinger com MMA 10 e desvio padrão de 1,90.
Agora, com MMA 20 e desvio padrão de 2,00.
Por fim, com MMA 50 e desvio padrão de 2,10.
Na leitura deste indicador, o investidor busca oportunidades em que o preço esteja em bons pontos para compra ou para venda. É utilizado para estabelecer pontos de entrada e saída de sua operação.
As Bandas de Bollinger são usadas por vários analistas, não só para analisar ações, mas também, vários outros tipos de ativos. Entre eles, estão contratos futuros, índices, commodities, criptomoedas.
Ademais, podem ser utilizadas tanto para operações de day trade quanto para o swing trade.
Como funciona e como interpretar as bandas
Por este indicador ter sido desenvolvido usando o desvio padrão, o preço tende a permanecer, na maior parte do tempo (aproximadamente em 90%), dentro dos limites da banda inferior (preços mínimos) e banda superior (preços máximos).
Entretanto, em alguns momentos, quando há uma alta volatilidade no ativo, o preço tende a ultrapassar a banda inferior ou superior. Isso, consequentemente, afasta o ativo da banda central, sinalizando uma força compradora ou vendedora.
No caso, compradora quando estiver acima da banda superior e vendedora caso esteja abaixo da banda inferior.
Essa força compradora ou vendedora tende a se enfraquecer, fazendo com que o preço retorne para dentro das bandas e até mesmo busque a banda central. Isso porque essa banda é uma média móvel.
Lembre-se, portanto, que sempre que o preço se afasta da média ele tende a retornar até ela.
No gráfico de 15 min de PETR4, acima, foram identificados pontos de alta volatidade, que, em um determinado momento, fizeram com que o preço rompesse a banda inferior e superasse a banda superior do indicador.
Atento aos candles
Para interpretar e entender o melhor momento de compra ou venda do ativo, o investidor precisa ficar atento aos candles e à sua posição em relação às bandas, principalmente à banda central.
Quando os candles estão juntos com a banda central por algum tempo, significa que estamos com uma tendência lateral – o ativo está consolidado.
Desse modo, a banda inferior e a banda superior tendem a se estreitarem junto com a banda central. Isso significa que o ativo está com baixíssima volatilidade.
Esse movimento de estreitamento das bandas com baixíssima volatilidade é chamado de squeeze.
Atente-se para o fato de que o squeeze antecede uma alta volatilidade, fazendo com que os preços se desloquem rapidamente para cima ou para baixo, ocasionando oportunidades de operações.
Se o ativo estava, principalmente, lateral durante algum tempo, poderá entrar em uma tendência direcional de alta (topos e fundos ascendentes) ou de baixa (topos e fundos descendentes).
Assim como quando os preços começam a extrapolar a banda inferior ou superior, em algum momento o preço tende a voltar para a banda central, ocasionando uma correção, o que possibilita uma nova operação.
No gráfico de 15 min de BBAS3, acima, foi identificado o squeeze. Assim, após algum tempo, tivemos uma entrada de força vendedora.
Isso ocasionou uma alta volatilidade no ativo, fazendo com que ele entrasse uma tendência direcional de baixa.
Guias de análise técnica:
- O que é uma linha de tendência na análise gráfica?
- O que são médias móveis e como usá-la?
- O que é o índice de força relativa (IFR)?
Bandas de Bollinger com outros indicadores auxiliares
Quando combinadas com outros indicadores, as Bandas de Bollinger possibilitam que o investidor faça escolhas fundamentadas em dados estatísticos e previsões, considerando a dinâmica do comportamento do preço do ativo.
Existem dois outros indicadores derivados das Bandas de Bollinger, o %b (Bollinger b%) e o BandWidth (Bollinger Band Width). Ao adicionar um desses indicadores, o investidor complementa a leitura do indicador de Bandas de Bollinger.
O indicador %b mostra em que posição o preço está em relação às bandas. Ele pode ser usado de muitas formas, porém a forma mais adequada é em conjunto com as Bandas de Bollinger. Este indicador exibe as divergências de topos e fundos.
No gráfico de 5 min de dólar futuro (WDOH24), acima, podemos identificar uma divergência de alta. O indicador Bollinger b% está fazendo fundos ascendentes, enquanto no gráfico o preço está fazendo fundos descendentes.
No gráfico de 5 min de índice futuro (WING24), acima, podemos identificar uma divergência de baixa. Neste caso, o indicador Bollinger b% está fazendo topos descendentes, enquanto no gráfico o preço está fazendo topos ascendentes.
Já o indicador BandWidth nos revela a disparidade entre a banda superior e a inferior em relação à média móvel de 20 períodos. Ou seja, o indicador nos mostra a volatilidade atual do ativo.
Quando o ativo ficar volátil, este indicador fará topos e quando o ativo ficar com baixa volatilidade ele fará fundos.
No gráfico de 15 min de PETR4, acima, foram identificado pontos onde o indicador Bollinger Band Width confirma pontos de baixíssima volatilidade.
Isso está ilustrado quando a linha do indicador fica no fundo. Também mostra os pontos de alta volatilidade – quando a linha do indicador se move para cima, fazendo topo.
Padrões M e W: o que são e como identificá-los
Um ativo dificilmente se move em linha reta. Ele se movimenta em zigue-zague, com a formação de topos e fundos ascendentes para uma tendência de alta. No sentido contrário, os topos e os fundos descendentes mostram uma tendência de baixa.
Com esse conceito, podemos verificar que quando há uma falha de rompimento de topo ou de fundo. O ativo tende a iniciar uma reversão de tendência quando essa falha ocorre. Muitas vezes, ele forma uma figura gráfica chamada de “M” (topo duplo) ou “W” (fundo duplo).
M (topo duplo)
O topo duplo ideal precisará fazer a primeira alta com a máxima superando a banda superior do indicador e um volume alto.
Enquanto isso, a segunda perna de alta poderá fazer um topo na mesma região do topo anterior. Ou seja, um topo mais baixo que o topo anterior ou ainda um topo mais alto que o topo anterior.
Porém, a máxima dessa segunda alta terá que ficar abaixo da banda superior e terá que ter um volume menor que o volume do topo anterior, bem como uma divergência de baixa com o indicador %b.
No gráfico de 1 min de índice futuro (WING24), acima, podemos identificar um topo duplo, onde o primeiro topo (T1) supera a linha da banda superior do indicador.
O segundo topo (T2) fica um pouco acima do topo T1, porém abaixo da linha da banda superior, nos alertando de uma possível exaustão do movimento.
Além disso, com o auxílio de outros dois indicadores, o de Bollinger b% e o de volume financeiro, podemos confirmar uma possível reversão de tendência.
Assim, o indicador Bollinger b% nos mostra uma divergência de baixa com a linha do indicador fazendo topos menores.
Enquanto isso, no gráfico temos topos maiores e o volume financeiro diminuindo, confirmando que teremos um possível topo duplo (“M”).
W (fundo duplo)
No caso do fundo duplo ideal, o gráfico precisará fazer a primeira baixa com a mínima rompendo a banda inferior do indicador e um volume alto.
Já a segunda perna de baixa poderá fazer um fundo na mesma região do fundo anterior, um fundo mais alto do que o fundo anterior ou ainda um fundo mais baixo que o fundo anterior.
Porém, a mínima dessa segunda perna de baixa terá que ficar acima da banda inferior, ter volume menor que o fundo anterior e uma divergência de alta com o indicador %b.
No gráfico de 1 min de dólar futuro (WDOH24), acima, podemos identificar um fundo duplo, onde o primeiro fundo (F1) rompe a linha da banda inferior do indicador.
Por sua vez, o segundo fundo (F2) fica um pouco acima do fundo F1, mas acima da linha da banda inferior, nos alertando de uma possível exaustão do movimento.
Por fim, novamente com o auxílio dos outros dois indicadores, o de Bollinger b% e o de volume financeiro, podemos confirmar uma possível reversão de tendência.
Isso porque o indicador Bollinger b% nos mostra uma divergência de alta com a linha do indicador fazendo fundos maiores e o volume financeiro diminuindo, confirmando, assim, que teremos um possível fundo duplo (“W”).
(Por Bruno Nadai, edição Rodrigo Petry)