Se você costuma acompanhar o vaivém do mercado financeiro, se interessa por aprender mais sobre esse tema, tem habilidades sociais e planos de trabalhar por conta própria, talvez a profissão de assessor de investimento seja para você.

É uma função que cresce a cada dia no Brasil, seguindo o contínuo desenvolvimento dos mercados financeiro e de capitais.

O assessor de investimento, novo nome do antigo agente autônomo de investimento, basicamente atua como uma ponte entre as corretoras e os investidores. Nesse papel, ele ajuda a “vender” – ou, no jargão do mercado, a “distribuir” – os produtos de investimento das corretoras parceiras. Ao mesmo tempo, ele apresenta aos clientes opções de ativos mais adequados ao perfil e aos planos de vida de cada um.

A profissão tem conquistado uma quantidade crescente de pessoas, muitas delas vindas de áreas correlatas, como gerência de bancos e corretagem de seguros, por exemplo.

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Pode também ser uma ótima alternativa para profissionais que querem migrar de atividade e trabalhar num modelo com maior flexibilidade de horário e mais autonomia para decisões. Vale até mesmo para aquela pessoa que gosta de cuidar dos próprios investimentos e que tem intenção de passar a prestar um serviço de intermediação entre corretoras e investidores.

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Não é necessário ter curso superior ou experiência prévia no mercado para ser um assessor de investimento, mas há algumas exigências mínimas, como veremos em detalhes mais adiante. Esses requerimentos existem porque a atividade está sob as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão responsável por regular e fiscalizar o mercado de capitais brasileiro.

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Assim, o assessor de investimento precisa ter registro na CVM para poder atuar. Isso é importante para garantir que os investidores contem com a assessoria de pessoas devidamente autorizadas e comprometidas com as regras vigentes, e que sejam éticas e responsáveis no trato com seus clientes. É uma proteção a mais para o investidor, o que também ajuda a fortalecer o mercado.

De acordo com os dados mais recentes da Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord), de fevereiro de 2024, o Brasil contava com pouco mais de 25 mil assessores de investimento credenciados – 12% a mais do que um ano antes. É a Ancord a entidade autorizada pela CVM para certificar, por meio de uma prova, e credenciar os profissionais que vão exercer essa atividade.

Vale lembrar que o assessor de investimento pode trabalhar por conta própria ou atuar dentro de um escritório de assessoria de investimento. Ele tem, ainda, a possibilidade de se vincular a uma ou mais corretoras.

O que faz um assessor de investimento?

A assessoria de investimento conquistou um papel tão relevante que recentemente a CVM atualizou a regulação referente a essa atividade. Segundo a Resolução 178, de 2023, estão entre as atividades do assessor de investimento: prospecção (busca) e captação de clientes; recepção e registro de ordens relacionadas a investimentos; e prestação de informações sobre os produtos de investimento oferecidos pelas instituições com que trabalhe e os serviços que prestam.

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Trocando em miúdos, o assessor de investimento detalha para os clientes todos os produtos de investimento das corretoras parceiras, sempre pensando nos ativos que mais bem se encaixam aos objetivos e ao grau de tolerância ao risco de cada cliente – sejam ações, produtos de renda fixa, títulos de dívidas de empresas, fundos de investimento etc.

Nesse aspecto, ele deve estar atento tanto às novidades de produtos e às condições de mercado quanto ao momento de vida dos clientes. A ideia é que consiga levar informações precisas e completas para o cliente – que, no fim das contas, é quem decide se vai fazer a aplicação ou não.

É por isso que uma das principais características do assessor de investimento deve ser o dinamismo. Os clientes esperam que esse profissional seja tanto proativo, explicando opções de investimento, quanto receptivo, tirando dúvidas sobre ativos, cenários, taxas e tributos, entre outros pontos.

Além disso, o assessor de investimento envia para as corretoras as ordens que vão concretizar o investimento que o cliente decidiu fazer.

Importante ressaltar que o assessor de investimento não pode fazer gestão de carteiras de valores mobiliários, consultoria e análise de valores mobiliários. Essas atividades, segundo a CVM, são exclusivas de profissionais registrados, respectivamente, como gestores, consultores e analistas.

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Ele pode, no entanto, repassar a um cliente um relatório de análise de um ativo (feito por um analista registrado) se considerar a informação relevante para o investidor tomar uma decisão.

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Alguns números da atividade no Brasil

  • 92,1% têm ensino superior completo
  • 67,3% têm graduação
  • 20,5% têm pós-graduação e MBA
  • 4,3% têm mestrado, doutorado e pós-doutorado
  • Por gênero, são 79% homens e 21% mulheres
  • A maioria, ou 35%, tem entre 26 e 35 anos
  • 40,1% dos assessores de investimento estão no Sudeste

Fonte: Ancord

Quero ser assessor de investimento. Por onde começo?

Para se tornar um assessor de investimento, você precisa inicialmente de aprovação em um exame de certificação aplicado pela Ancord.

Com 80 questões objetivas de múltipla escolha, com quatro alternativas cada uma, a prova tem o objetivo de verificar a qualificação técnica dos interessados na atividade de assessoria de investimento.

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São abordados temas gerais dos mercados financeiro e de capitais e pontos específicos sobre produtos de investimento e a profissão de assessor de investimento em si. O conteúdo da prova, que tem a duração de 2h30, passa por aprovação prévia da CVM.

Para fazer o exame, qualquer pessoa que tenha pelo menos o Ensino Médio completo pode se inscrever no site da Ancord, que organiza o exame. A aplicação e a correção da prova e a divulgação dos resultados são de responsabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV). O valor da inscrição, em junho de 2024, era de R$ 460.

Além da habilitação pela prova, o candidato a assessor de investimento precisa cumprir algumas outras exigências:

  • não estar inabilitado ou suspenso para atuação em instituições e empresas sob as regras da CVM, do Banco Central, da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc);
  • não ter sido condenado por crime falimentar, de prevaricação, suborno, lavagem de dinheiro, entre outros crimes financeiros;
  • não estar impedido de administrar os próprios bens ou deles dispor
  • cumprir o Programa de Educação Continuada da Ancord.
  • Para ser aprovado, o candidato tem que acertar um mínimo de 70% das questões.
  • Adicionalmente, o acerto mínimo é de 50% para os seguintes temas do conteúdo:
  • atividade de assessor de investimento;
  • leis e resoluções de combate a crimes financeiros e lavagem de dinheiro; regras de adequação de investimentos ao perfil do cliente;
  • produtos, modalidades operacionais e liquidação no mercado de capitais e no mercado de derivativos.

Leia mais sobre as regras e o conteúdo do exame, que pode ser feito presencialmente ou de maneira remota, no site da Ancord.

Como é a remuneração do assessor de investimento?

A forma mais comum de remuneração do assessor de investimento no Brasil é a comissão por produto de investimento que ele consegue “vender”. Quem paga essa comissão é a corretora com a qual o assessor de investimento trabalha. Nesse modelo, o profissional nunca recebe pagamentos diretamente dos seus clientes.

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Como o ganho é por comissão, fica difícil estimar uma média de faturamento mensal do assessor de investimento. Isso porque o montante vai depender de variáveis como a quantidade de clientes que ele tem em carteira e de quanto esses clientes investiram em determinado período.

Por exemplo, um assessor de investimentos que tenha 20 clientes e que, num mês, intermediou a aplicação de R$ 100 mil, vai ganhar menos no período do que outro profissional com apenas cinco clientes, mas que aplicaram R$ 200 mil.

Além disso, as comissões são diferentes a depender da corretora e do relacionamento que tem com o assessor de investimento.

Importante lembrar que, pela nova regra da CVM, esse modelo de remuneração deve ficar claro para o cliente, para que ele não pense que o serviço é gratuito.  

A Resolução 178/23 determina que o assessor de investimentos deve informar aos seus clientes, sempre que eles pedirem, uma descrição de como é remunerado por produtos e serviços oferecidos – incluindo valores e percentuais.

Perfil ideal de um agente autônomo de investimento

Como atua como um facilitador de negócios, o assessor de investimento deve ter habilidades de relacionamento interpessoal. Ele precisa gostar de falar com as pessoas, ter boa escuta e empatia, além de um genuíno cuidado com cada um de seus clientes.

Afinal de contas, o grande ativo do assessor de investimento é a credibilidade. Não raramente, ele consegue aumentar sua carteira de clientes por meio da propaganda boca a boca. E ter mais clientes significa faturar mais.

Como parte da exigência para o exercício da função, o assessor de investimento deve ter conhecimentos técnicos sobre o funcionamento do mercado, mas também disponibilidade e disciplina para acompanhar o cenário e para continuar aprendendo.

Organização e rotina de trabalho são outros grandes diferenciais desse profissional. Ele precisa estar atento, por exemplo, às datas de vencimento das aplicações de seus clientes – para que possa, de maneira proativa, procurar alternativas para realocação que façam sentido para o cliente e apresentá-las detalhadamente. Assim ele reforça o vínculo e aumenta a confiança nessa relação.

Nesses aspectos de organização e rotina, ajudam muito conhecimentos de programação – afinal, ferramentas de tecnologia são de grande utilidade para tarefas repetitivas e rotineiras.

Também é importante que o assessor de investimento tenha perfil empreendedor e a consciência de que os ganhos podem variar muito de um mês para o outro. É recomendável, por exemplo, que antes de iniciar a jornada nessa atividade o interessado tenha uma reserva financeira de emergência. Assim pode acomodar os seus gastos enquanto engrena a nova profissão.

Habilidades comerciais são outro ponto forte. O assessor de investimentos precisa saber “vender o seu peixe”, transmitindo assertividade e confiança aos seus clientes e contatos. Saber fazer reuniões objetivas e abordagens adequadas, além de aproveitar ocasiões sociais para prospectar clientes são pontos positivos adicionais.