Os fundos de investimento são uma opção capaz de agradar diversos perfis de investidores, desde os mais conservadores – que buscam sair da poupança – aos mais arrojados e experientes no mercado financeiro.
Não são poucos os brasileiros que já perceberam as vantagens desse investimento, como a gestão profissional da carteira e possibilidade de diversificação mesmo com pouco dinheiro.
Está pensando em investir em fundos, ou já investe e quer conhecer melhor os diferentes tipos? Então, este guia é para você. Aqui, o InfoMoney explica todos os detalhes dessa alternativa de investimento: como funciona, quanto custa, quem administra, como aplicar e demais peculiaridades. Confira!
• O que são fundos de investimento?
• Como funcionam?
• Tipos de fundos
• Estrutura de um fundo
• Fundos abertos x fundos fechados
• É seguro investir em fundos?
• Vantagens
• Passo a passo para investir
O que são fundos de investimento?
Fundos são uma espécie de “condomínio” de investidores, que reúne os recursos de diversas pessoas para aplicar em conjunto no mercado financeiro. Os ganhos dessas aplicações são divididos entre os participantes, na proporção do valor que cada um depositou.
A soma do dinheiro dos investidores forma o patrimônio do fundo, que é aplicado por uma instituição ou profissional (gestor). As decisões sobre o que fazer com os recursos devem obedecer objetivos e políticas predefinidos. Esses investimentos podem ser bem sucedidos ou não – e isso determinará a valorização ou desvalorização das cotas dos fundos.
Como funcionam os fundos de investimento?
O funcionamento dos fundos segue uma dinâmica própria. Abaixo, listamos alguns aspectos importantes:
Composição da carteira e classificação
Os fundos podem investir em ativos de muitos tipos, como ações, títulos de renda fixa, ouro, derivativos, ativos internacionais, criptoativos, e assim por diante.
Como as possibilidades de combinações de investimentos são enormes, os fundos são classificados de acordo com a composição das suas carteiras e os fatores de risco a que estão expostos. O objetivo é facilitar o acesso dos investidores à informação e auxiliá-los na escolha entre as inúmeras opções disponíveis. Você conhecerá mais sobre os tipos de fundos mais adiante neste guia.
Cotas
O patrimônio dos fundos é dividido em cotas. Quando alguém aplica em um fundo, na verdade, adquire cotas dele. Se você quer investir R$ 10 mil em uma carteira que tem cotas valendo R$ 10 cada, conseguirá adquirir um total de mil cotas.
A rentabilidade obtida pelo investidor também é calculada a partir do valor das cotas. No exemplo anterior, se as cotas de R$ 10 estiverem valendo R$ 15 depois de um ano, significa dizer que o retorno no período foi de 50%.
Custos: taxa de administração e de performance
Algumas taxas são cobradas dos investidores para remunerar as instituições responsáveis pelo fundo – como o administrador e o gestor. Ao escolher um fundo para investir, é necessário considerar esses valores, porque eles têm um impacto direto sobre o retorno do fundo.
A taxa de administração existe em todos os fundos, e serve para remunerar os serviços de administração e gestão, e incide sobre o patrimônio do fundo. Essa taxa é divulgada como um percentual anual, e a sua cobrança é feita de forma diluída, descontada todos os dias úteis do ano.
Já a taxa de performance é uma remuneração baseada no resultado. Equivale a um bônus cobrado pelo gestor por ter conseguido entregar ao investidor uma rentabilidade superior à do referencial do fundo.
Por exemplo, em um fundo de ações, a referência pode ser o Ibovespa. Assim, se ele tiver desempenho melhor que o do índice num determinado período, parte do ganho excedente – normalmente entre 10% e 20% – ficará com o gestor.
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Tributação e come-cotas
No momento do resgate, há incidência de Imposto de Renda sobre a rentabilidade dos fundos. Essa tributação segue a tabela regressiva do IR, cujas alíquotas variam de acordo com o tempo que o dinheiro ficou investido, na seguinte proporção:
Prazo de resgate | Alíquota IR |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Se o resgate ocorrer em menos de 30 dias do início da aplicação, incidirá também o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Nesse caso, as alíquotas iniciam em 96% sobre os rendimentos até chegar a zero no 30° dia.
Na maioria dos fundos, o IR também incide a cada seis meses, mesmo que não haja resgate. Nesse caso, a cobrança do tributo ocorre pelo recolhimento de cotas do fundo – por isso o nome “come-cotas”.
Essa sistemática de tributação prevê duas alíquotas, que são aplicadas de acordo com a classificação do fundo:
- Fundos de curto prazo: possuem títulos com vencimento médio de até um ano no patrimônio. Nesse caso, a alíquota do come-cotas é de 20%.
- Fundos de longo prazo: o patrimônio é composto por títulos com vencimento médio acima de um ano. Aqui, a alíquota do come-cotas é de 15%.
Quando ocorre o resgate, o IR é apurado de forma proporcional ao tempo que os recursos ficaram investidos. Por exemplo, imagine um fundo de curto prazo que teve resgate no quinto mês da aplicação. Se esse fundo já tiver passado por uma antecipação do come-cotas (cobrança de 20% de IR), na hora do resgate incidirá 2,5% de IR sobre os rendimentos, que é a diferença para completar os 22,5% segundo a tabela regressiva.
Exceções ao come-cotas
Não estão sujeitos à antecipação semestral de IR os seguintes fundos de investimento:
- Fundos de ações: possuem alíquota única de 15% sobre os rendimentos, independentemente do prazo do resgate.
- Fundos de previdência privada: são tributados somente no resgate, de acordo com a tabela progressiva do IR (a mesma dos salários) ou regressiva da previdência.
- Fundos imobiliários: nos FIIs, só será cobrado IR se houver ganho de capital na venda das cotas.
Tipos de fundos de investimento
A ANBIMA (associação que representa entidades dos mercados financeiro e de capitais) classifica os fundos de investimento em categorias distintas, de acordo com ativos que predominam na carteira, estratégias que adotam e níveis de risco.
Neste guia, não entraremos nos aspectos técnicos abordados pela ANBIMA, pois nosso intuito é mostrar aos investidores os principais tipos de fundos disponíveis no mercado. Acompanhe.
Fundos de renda fixa
Os fundos de renda fixa são aqueles que devem aplicar pelo menos 80% dos recursos em ativos de renda fixa.
Mas atenção: é importante entender que, neste universo, existem diferentes graus de risco, pois existem títulos de renda fixa mais conservadores e mais arrojados. Para fins de risco, podemos classificar esses fundos em duas subcategorias: os fundos DI e os fundos de crédito privado, como veremos a seguir.
Fundos DI
O fundo DI é aquele que investe, no mínimo, 80% do patrimônio em ativos que acompanham o CDI, Selic, índices de inflação (sendo o mais comum o IPCA) ou todos esses indicadores simultaneamente. Aqui, entram os títulos do Tesouro Direto, os CDBs de grandes bancos e outros de emissores de baixo risco. Por esse motivo, são considerados os mais conservadores da categoria de renda fixa.
Outra característica desses fundos é normalmente possuírem liquidez diária, sendo, por isso, utilizados frequentemente para a reserva de emergência.
Fundos de crédito privado
Já os fundos de crédito privado investem 50% ou mais do patrimônio em títulos emitidos por empresas, como debêntures e certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRIs e CRAs).
Comparado aos DI, esse tipo de fundo é bem mais arrojado, pois o crédito privado não conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), ao contrário dos títulos de emissão bancária, como CDBs e outros. Por isso, é importante conhecer e avaliar os emissores dos papeis que formam esses fundos.
Fundos multimercado
Entre os fundos de investimento, os multimercado são os mais versáteis.
Nessa categoria, a política de investimento pode envolver vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum em especial. Cabem, nesse tipo de carteira, aplicações de renda fixa, moedas, ações, criptoativos, derivativos e demais ativos e instrumentos financeiros do mercado.
Fundos de ações
Para serem chamados assim, os fundos de ações devem investir, no mínimo, 67% do patrimônio em ações negociadas em mercado de bolsa ou balcão organizado. O restante pode ser distribuído entre outros tipos de ativos. O principal fator de risco é a variação do preço dos papeis incluídos na carteira.
Fundos cambiais
Os fundos cambiais investem, ao menos, 80% do patrimônio em títulos atrelados ao mercado internacional, como ações de companhias estrangeiras, bonds, entre outros. Os mais populares dessa categoria são os fundos em dólar, mas podemos encontrar investimentos também em outras moedas fortes, como euro, iene e libra, por exemplo.
Fundos de previdência privada
É nos fundos de previdência privada que são aplicados os recursos dos investidores que possuem planos de previdência – PGBL e VGBL. No caso do PGBL, o investidor pode reduzir a base de cálculo do Imposto de Renda devido no ano. Esse benefício fiscal visa estimular as pessoas a economizarem dinheiro no longo prazo, especialmente para a aposentadoria.
Fundos estruturados
Essa categoria engloba os fundos que têm foco em determinados setores da economia. Veja a seguir os principais.
Fundo Imobiliário (FII)
O fundo imobiliário (FII) reúne investidores interessados em aplicar em empreendimentos imobiliários sem ter de, necessariamente, comprar um imóvel diretamente.
Esses fundos são fechados – e, por isso, o resgate de cotas não é permitido. Muitos deles, no entanto, são listados na bolsa de valores e negociados como ações. O rendimento distribuído por essas carteiras é isento de Imposto de Renda.
Fundo de Direitos Creditórios (FIDC)
O FIDC é uma espécie de fundo de renda fixa que investe em créditos originados do contas a receber de uma empresa. Aqui, entram recebíveis de cartões, duplicatas, alugueis e outras formas que uma empresa tem de receber suas vendas.
Para ser considerado FIDC, mais de 50% do patrimônio do fundo deve ser composto por direitos creditórios. Esses fundos eram originalmente destinados a investidores qualificados e profissionais mas, a partir de outubro de 2023, a CVM os liberou para o público em geral.
Fundos de Investimento em Participações (FIP)
O FIP é um fundo que investe em empresas de capital aberto ou fechado. No caso de empresas de capital fechado (que ainda não vendem ações na bolsa), esse fundo também é conhecido como private equity. Ele investe em negócios em desenvolvimento e com potencial de expansão (como startups, por exemplo) ou em empresas que estejam em fase de reestruturação.
Esses fundos são fundos fechados, e precisam aplicar ao menos 90% do patrimônio nessas empresas ou em cotas de fundos de ações ou de outros FIPs do mercado.
Fiagro
O Fiagro é uma alternativa para quem deseja diversificar a carteira com o agronegócio brasileiro. Esse fundo investe nas cadeias produtivas do agro, seja na própria atividade ou em imóveis ligados ao setor.
O seu funcionamento se assemelha ao dos fundos imobiliários, pelo fato de alguns investirem em imóveis rurais e por distribuírem resultados periodicamente. O Fiagro está disponível para os investidores brasileiros desde 2021.
Estrutura de um fundo de investimento
Diferentes instituições estão envolvidas na criação e na manutenção de um fundo de investimento, e cada uma delas tem uma função específica.
É importante que os investidores conheçam essa estrutura para que saibam o que esperar de cada participante e, também, a quem recorrer em caso de dúvidas ou problemas. Acompanhe.
Gestor
O gestor é quem decide que investimentos serão feitos com o dinheiro aplicado pelos investidores no fundo. Ele escolhe quais ativos – ações, moedas, títulos públicos, entre outros – serão comprados ou vendidos, em que quantidade e a que preço.
Para tomar essas decisões, o gestor sempre deve ter em vista a perspectiva de retorno, o nível de risco e a liquidez de cada papel. Também precisa considerar a política de investimento e os objetivos definidos no regulamento do fundo.
Além disso, cabe ao gestor estabelecer o contato com os intermediários que podem realizar as operações (como as corretoras de valores), além de exercer o direito de voto decorrente dos ativos mantidos pelo fundo.
Os gestores precisam ser registrados junto à CVM. Podem ser pessoas físicas ou jurídicas – e nesse caso, também são conhecidos como “assets”.
Administrador
A criação de um fundo depende de um administrador. Ele é uma instituição financeira que define as principais características das carteiras, seus objetivos e políticas de investimento. É sua obrigação prestar um conjunto de serviços relacionados ao funcionamento e à manutenção do fundo.
O administrador assume uma série de responsabilidades perante os cotistas e a CVM. É sua função elaborar e divulgar as informações periódicas (o valor das cotas, por exemplo, que deve ser informado diariamente) e eventuais (os fatos relevantes ou comunicados com os cotistas). Também é obrigação dele manter serviço de atendimento que preste esclarecimentos e receba reclamações dos cotistas.
Somente pessoa jurídica autorizada pela CVM para realizar administração de carteira pode ser administrador de um fundo de investimento.
Custodiante
Os ativos que compõem um fundo de investimentos são mantidos por instituições financeiras conhecidas como custodiantes. Além da guarda dos papeis, o custodiante também responde pelos dados e pelo envio de informações do fundo aos gestores e administradores.
Na prática, o registro, a liquidação física e financeira (ou seja, a efetivação da compra e da venda) e o exercício dos direitos e obrigações sobre os investimentos feitos pelo fundo são todas funções do custodiante.
Auditor
Cabe ao auditor conferir as demonstrações contábeis da carteira. O objetivo desse trabalho é garantir aos investidores que a administração está ocorrendo dentro das regras e normas estabelecidas, dando transparência ao mercado.
Assim como o administrador e o gestor, o auditor também precisa ser devidamente registrado junto à CVM para exercer suas funções.
Distribuidor
O distribuidor é quem oferece o fundo ao público em geral. Essa distribuição é feita por bancos e corretoras, que vendem as cotas aos interessados. Os distribuidores podem ser ligados ao administrador do fundo ou não.
Assembleia geral de cotistas
O administrador ou o gestor tomam a maioria das decisões administrativas e de investimento do fundo por conta própria. Mas algumas questões só podem ser decididas em uma assembleia geral de cotistas, que é a instância máxima de decisão de um fundo. Entre outros assuntos, é o caso de:
• Alterações na política de investimento e no regulamento do fundo;
• Aumento ou alteração na forma de cálculo das taxas de administração, de performance, de entrada e de saída;
• Substituição do administrador, gestor ou custodiante.
Além de decisões como essas, a assembleia geral também deve ser realizada anualmente para que os cotistas analisem e deliberem sobre as demonstrações contábeis do fundo. Tanto o administrador quanto o gestor, o custodiante e o cotista (ou grupo de cotistas) que possua mais de 5% das cotas também podem convocar uma assembleia geral.
No entanto, o administrador e o gestor não podem votar na reunião, assim como seus sócios, diretores e funcionários, as empresas ligadas a eles, os prestadores de serviço do fundo e seus sócios, diretores e funcionários.
Os cotistas devem ser convocados por correspondência com pelo menos dez dias de antecedência. Cada cota do fundo dá direito a um voto e a reunião pode ocorrer com a presença de qualquer número de cotistas – que também podem votar por comunicação escrita ou eletrônica enviada ao administrador. O resumo das decisões deve ser informado em até 30 dias.
Fundos abertos x fundos fechados
Nos fundos abertos, a aplicação e o resgate podem ser realizados nas instituições responsáveis pela distribuição das cotas – como bancos ou corretoras – quando o investidor quiser. Já nos fundos fechados, a entrada e a saída dos cotistas não acontece a qualquer tempo, mas somente em momentos específicos.
Os fundos fechados recebem investidores durante o chamado “período de captação”. Quando esse prazo termina, não são admitidos novos cotistas, nem novos investimentos pelos antigos cotistas. Eles só poderão voltar a aplicar no fundo quando houver mais uma “rodada de investimentos”.
Da mesma forma, o resgate das cotas também tem data certa para acontecer, que é o prazo de encerramento do fundo – normalmente, alguns anos depois. Se precisar do dinheiro antes disso, o cotista terá de vender sua parte a outros investidores. Essa negociação eventualmente pode ocorrer em mercados organizados de bolsa ou balcão.
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É seguro investir em fundos?
Investir em fundos é como investir em qualquer outra classe de ativos: envolve mais ou menos riscos, dependendo da expectativa de retorno. De acordo com os ativos que formam o fundo e a estratégia envolvida, o nível de risco pode variar bastante.
Do ponto de vista administrativo, os fundos têm uma vantagem: eles possuem um CNPJ próprio. Isso significa que os recursos depositados pelos investidores são mantidos em uma estrutura apartada do gestor ou do administrador. Assim, se alguma dessas instituições quebrar, o dinheiro do fundo está protegido.
Listamos abaixo alguns tipos de riscos presentes no investimento em fundos:
Risco de crédito
O risco de crédito está ligado à chance de o emissor dos títulos que formam o fundo dar “calote” nos investidores.
Pense em uma debênture lançada por uma empresa. Quem compra o papel espera receber o principal investido e mais juros no futuro. Porém, sempre existe a possibilidade de que a empresa passe por problemas financeiros e deixe de honrar compromisso, ou o faça em um prazo diferente do acordado, ou em valor distinto. Esse é o conceito de risco de crédito.
Quanto mais sólido é o emissor e suas finanças, menor tende a ser o risco de crédito dos seus papeis, e vice-versa.
Risco de mercado
Muitas vezes, um fundo faz uma aplicação em um mercado – de ações, de renda fixa ou qualquer outro – na expectativa de um desempenho positivo, mas isso não acontece. Seja por uma mudança econômica inesperada, seja por uma situação especial vivida pelo emissor dos papeis incluídos na carteira, o fato é que algumas situações são imprevisíveis.
As oscilações de preço causadas pelos eventos que ocorrem sistematicamente representam o risco de mercado. Todos os fundos estão sujeitos a ele. Existem algumas maneiras de mitigá-lo, com operações que ajudam a “blindar” a carteira, mas ele nunca desaparece por completo.
Risco de liquidez
Risco de liquidez nada mais é do que a dificuldade de resgatar os recursos do fundo no prazo desejado. Isso pode acontecer se o gestor não conseguir liquidar uma operação incluída na carteira sem redução de valor.
Imagine que seu fundo aplique em ações que sejam pouco negociadas na bolsa. A dificuldade de encontrar quem compre esses papeis pode levar o gestor a adiar a venda ou ser obrigado a conceder um grande desconto nos papeis. Eis o risco de liquidez.
Fundos de todos os tipos podem estar sujeitos a esse risco, dependendo do tipo de aplicação que realizam. Por isso, conhecer a composição da carteira é uma forma de estar preparado para encará-lo.
Vantagens de investir em fundos
Uma das principais vantagens de investir em fundos é contar com a gestão de um profissional especializado, que tomará decisões de investimento baseadas em uma série de critérios e análises. Um investidor iniciante, por exemplo, dificilmente teria condições de fazer isso por conta própria.
Investir em fundos também permite uma boa diversificação mesmo sem ter muito dinheiro para investir. Isso porque o patrimônio do fundo costuma estar distribuído em diferentes ativos.
Outro aspecto positivo do investimento é o acesso a uma série de ativos que não estariam disponíveis às pessoas de outra forma. Pense em alguém que tenha R$ 500 por mês para investir, por exemplo. Se essa pessoa investir em um fundo de ações, conseguirá ter acesso a mais papeis do que se comprasse individualmente cada ação.
Como escolher um fundo de investimento?
Alguns aspectos são determinantes para a escolha da carteira mais adequada para cada perfil de investidor. Confira:
Lâmina
Um primeiro passo para começar a escolher um fundo é ler a lâmina de informações. Esse documento é uma espécie de resumo que procura simplificar a apresentação das principais informações do regulamento e do prospecto dos fundos.
Em poucas páginas, a lâmina deve conter a rentabilidade dos últimos cinco anos, a composição da carteira, as taxas cobradas e o nível de risco do fundo. Precisa ser atualizada mensalmente e costuma trazer dados em gráficos e tabelas para facilitar a compreensão. O administrador deve divulgar a lâmina atualizada de cada fundo em seu site, em lugar de destaque e sem proteção por senha.
Perfil e risco
Verifique se o perfil dos fundos que você está avaliando combina com seu próprio perfil de investidor. Responda, para si mesmo, perguntas como qual seu patamar de conhecimento sobre o tipo de carteira que está no seu radar ou quanto tempo terá disponível para estudar sobre ela.
Isso ajudará você a tomar uma decisão de investimento mais consciente. Fundos de ações, por exemplo, costumam embutir riscos maiores do que os de renda fixa conservadores – você está preparado para isso? Qual seria sua reação se o valor das suas cotas subisse ou caísse 5% em poucos dias?
Mesmo os fundos de renda fixa podem sofrer variações importantes no valor das cotas, principalmente se investirem em papeis de crédito privado ou em títulos públicos de prazo muito longo. Você seria capaz de controlar a emoção em momentos de tensão?
Benchmark
Para que você tenha uma ideia mais clara dos objetivos dos fundos que estiver analisando, vale a pena conferir qual é o seu benchmark, ou seja, o seu referencial.
Por exemplo, fundos de ações podem ter o Ibovespa – principal índice do mercado brasileiro – como benchmark. Isso significa que o gestor vai procurar comprar e vender papeis de modo que a rentabilidade do fundo siga de perto ou supere o Ibovespa em um determinado período.
Já os fundos de renda fixa adotarão como benchmark indicadores de referência relacionados a este mercado – como é o caso da taxa do CDI. Fundos multimercados estabelecem os seus benchmarks de acordo com sua política de investimento. Podem adotar o Ibovespa, o CDI ou outros índices. E assim por diante.
Resgate e Liquidez
Entre os aspectos a se avaliar na escolha de um fundo estão os seus prazos de resgate das cotas. Os procedimentos devem estar descritos no regulamento para especificar qual será a data de conversão (quando o cálculo do valor das cotas será feito para o pagamento do resgate) e também a data de pagamento (data em que o dinheiro estará na conta do investidor).
Exemplo: no regulamento de um fundo consta que a data de conversão ocorre em D+1. Isso significa que o cálculo do valor das cotas usado como referência para o pagamento do resgate ocorrerá um dia útil após a data da solicitação. Portanto, na data de conversão, as cotas podem estar valendo mais ou menos do que na data do pedido de resgate.
Agora suponha que esse mesmo fundo especifique que a data de pagamento acontece em D+3. Nesse caso, o depósito do dinheiro será feito três dias úteis depois. Dependendo da carteira, esse prazo pode ser ainda maior: D+10, D+30 ou até D+90.
Também é bom saber que alguns fundos podem impor um prazo de carência, que é um período mínimo em que o investidor não pode solicitar o resgate.
Essas características determinam se um fundo tem alta ou baixa liquidez, ou seja, qual o nível de dificuldade para transformar as suas cotas em dinheiro vivo.
Taxas
As taxas cobradas pelos fundos devem ser consideradas na escolha, porque elas têm impacto sobre a rentabilidade líquida do investidor.
Como vimos anteriormente, a única taxa obrigatória nos fundos é a de administração. Alguns fundos cobram taxa de performance, mas é preciso avaliar o valor dessa taxa em relação ao histórico de resultados do investimento, para saber se, de fato, vale a pena pagá-la.
Histórico e rentabilidade
O histórico de desempenho costuma ser uma informação relevante para os investidores que estão avaliando em que fundo aplicar. Ainda que a rentabilidade passada não seja garantia de retorno futuro, sua análise ajuda a identificar como a carteira se comporta em períodos distintos – seja nas épocas de bonança ou em tempos de crise.
Isso permite que os investidores estejam preparados para encarar os altos e baixos das cotas, sem maiores sobressaltos. Essas informações constam nos sites da CVM e da Anbima, e também são disponibilizadas pelos administradores dos fundos em documentos como a lâmina.
Rating
Vale a pena procurar avaliações externas – de casas de análise ou de especialistas – sobre os fundos que interessam a você. Eles consideram fatores objetivos, como rentabilidade e nível de risco, para indicar quais carteiras são as melhores do mercado.
Um exemplo é o rating de fundos elaborado pela Morningstar, casa de análise americana presente no Brasil desde 2012. A empresa atribui até cinco estrelas a cada carteira – quanto mais, melhor. O objetivo é ajudar os investidores a escolher em qual aplicar.
O rating Morningstar se baseia em três pilares: quanto o fundo cobra em taxas, a rentabilidade em comparação com o CDI e a volatilidade. Para receber a classificação, a carteira precisa ter pelo menos 36 meses de histórico e um track record de cinco a dez anos. O rating é revisado mensalmente.
Comparador de fundos InfoMoney
O InfoMoney tem um comparador de fundos, que ajuda a identificar os fundos de investimento mais adequados para cada perfil. Há um tutorial que explica como utilizar a ferramenta.
Passo a passo para investir em fundos
Agora que você tem todas essas informações, chegou a hora de colocar tudo em prática e finalmente investir em fundos. Para isso, você pode seguir esse roteiro de passos essenciais:
- Avalie seu perfil e seus objetivos de investimento para entender quais fundos são adequados para o seu caso;
- Procure corretoras de valores e bancos que distribuem fundos;
- Identifique as opções disponíveis que se encaixam com o que você procura;
- Estude a política de investimento do fundo, a partir da lâmina e do regulamento da carteira;
- Fique atento ao histórico de desempenho do fundo e do gestor, procurando identificar como se sai em momentos de estresse no mercado;
- Procure saber se alguma instituição atribui uma classificação de qualidade;
- Verifique a taxa de administração e a possível existência de outras taxas. Analise os valores e as condições;
- Identifique quais são as condições de resgate, para ter certeza de que terá o dinheiro disponível quando precisar;
- Entenda qual é o nível de risco do fundo, pensando tanto em risco de crédito quanto de mercado;
- Faça a aplicação ciente de que os rendimentos poderão ser tributados semestralmente ou, então, na hora do resgate, dependendo do tipo.
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