100 anos em 10?
Na Expo Dubai, confirmamos a percepção de que inovações disruptivas serão fundamentais para cumprir as metas definidas na COP26
“O mundo mudará nos próximos dez anos mais do que mudou nos últimos 100 anos”, disse o alemão Gerd Leonhard, um dos principais estudiosos de futuro e estrategista de negócios, em um evento no Brasil em fevereiro de 2020, semanas antes de a pandemia eclodir. A audiência de empresários e investidores que o recebeu com certo ceticismo jamais imaginaria que, em questão de dias, teríamos de reorganizar nossa vida por inteiro.
Essa dificuldade de imaginar alternativas diferentes das que já conhecemos faz parte da forma como nós, seres humanos, somos constituídos. A região do cérebro responsável pelos pensamentos relacionados ao futuro é a mesma na qual são armazenadas as memórias. É um desafio cognitivo transcender as referências do que nos é familiar. Por isso é tão relevante sairmos da zona de conforto, nos inserindo em outras culturas, dialogando com pessoas de trajetórias e conhecimentos diferentes dos nossos e, principalmente, vivenciando as mais diversas experiências.
Com esse espírito de expandir horizontes, viemos para a Expo Dubai*. A primeira World Expo ocorreu em Londres em 1851, no início da era industrial, para cada país compartilhar com o mundo seus avanços e inovações.
Desde então, de cinco em cinco anos, acontecem edições da World Expo. A primeira transmissão de TV, o primeiro celular, o primeiro computador, o primeiro robô foram introduzidos ao mundo, pela primeira vez, durante a feira. Sem contar os diversos monumentos, como a Torre Eiffel, na França; o Átomo, na Bélgica; a Agulha do Espaço, em Seattle, entre outros, que são projetos arquitetônicos construídos como forma de as cidades anfitriãs mostrarem ao mundo sua estética e visão para o futuro.
A Expo Dubai estava programada para acontecer em 2020, no entanto, por causa da pandemia, sua abertura foi postergada para 1o outubro de 2021, com duração até 31 de março de 2022. A organização espera receber mais de 25 milhões de pessoas, no maior evento já realizado no mundo, superando até mesmo as Copas e as Olimpíadas.
Entre os vários aprendizados obtidos ao longo da nossa visita, destacamos duas mensagens-chave. A primeira: a tecnologia deixou de ser uma ferramenta e hoje é a base a partir da qual as soluções são criadas. A segunda: há um consenso de que o futuro da humanidade será determinado pela nossa capacidade de pensar, criar e implementar modelos sustentáveis.
Chegamos à feira no último dia da COP26 com o pensamento de que muitos dos compromissos definidos pelos países e pelas empresas durante a conferência dependem de inovações e soluções tecnológicas. Na Expo Dubai, a percepção virou certeza. Entender o estágio de desenvolvimento e potencial de tecnologias exponenciais — inteligência artificial, realidade aumentada, engenharia genética, biotecnologia, impressão 3D, computação quântica e internet das coisas, entre outras — é fundamental para que se consiga ampliar as perspectivas e não só visualizar as novas soluções, mas também entender como cada setor será impactado.
Todos os países, em diferentes medidas, compreendem que a transição verde exige investimentos com criatividade e otimização. Precisamos pensar fora da caixa sobre como usamos os recursos e as tecnologias já existentes e o que de novo pode ser criado a partir deles. Não é sobre um novo tipo de energia, um novo material de construção. Precisamos investir numa gama de diferentes soluções com uma visão sistêmica.
O futuro das cidades foi bastante explorado por diversos países na Expo. Todas as visões apresentadas convergem para o ponto de que os espaços urbanos serão reestruturados para otimizar o uso dos recursos e garantir a sustentabilidade.
Talvez dez anos não sejam suficientes para termos mais mudanças do que tivemos nos últimos 100 anos. Mas vivemos profundas e aceleradas transformações — e sairá à frente quem conseguir traduzi-las em oportunidade. Oportunidade de fazer a diferença criando ou investindo nas soluções do futuro que já chegou.
*Um agradecimento especial à Fanato Incentives, agência focada em viagens de incentivo e experiências que viabilizou nossa vinda para a Expo Dubai.