“Proximidade é estar intelectualmente conectado, não no mesmo espaço físico”
O fundador e CEO da XP Inc. afirma que a cultura de uma empresa depende de processo, não de encontros presenciais
“A cultura de uma empresa é um processo que deriva da meritocracia. Nesse processo, a empresa precisa definir seu propósito, comunicá-lo de forma clara e estabelecer bem as metas de cada colaborador – e não só as quantitativas. É fundamental medir a aderência à cultura.
Se esse processo funciona bem e a empresa reconhece as pessoas por atingir metas impossíveis e por ter um comportamento que combina com o que a companhia é, só cresce quem tem cultura.
É o processo que garante que cultura seguirá intacta, mesmo com colaboradores trabalhando em diferentes lugares do mundo. Sem processo, não tem encontro presencial que resolva.
A pandemia é uma tragédia, mas nada é 100% bom ou ruim. Esse período também nos deu a oportunidade de tornar a empresa melhor, atuando de um jeito diferente.
Somos uma empresa com uma energia vibrante, um escritório inspirador, e precisamos aprender a conviver sem isso porque a pandemia nos obrigou a trabalhar de forma remota e descentralizada.
Mas vimos rapidamente que esse novo normal podia ser melhor em todos os aspectos – para a qualidade de vida dos colaboradores, para a entrega aos clientes e, por consequência, para os resultados da empresa.
Podemos morar onde queremos, passar mais tempo com a família, e ainda nos tornamos mais produtivos e objetivos.
Quando a vida voltar ao normal, devemos ter um meio termo: vamos voltar a encontrar os colegas e fazer reuniões de trabalho, mas com uma frequência menor.
Ficou claro que, numa empresa com a XP, bater ponto todos os dias é algo que deve ser restrito a áreas específicas.
Outro benefício dessa maior flexibilidade é a possibilidade de contratar em qualquer lugar. Saímos de um raio de 20 quilômetros no entorno da Faria Lima, em São Paulo, onde fica o escritório da XP hoje, para o mundo.
Uma empresa é formada de gente, e aumentamos muito a chance de encontrar profissionais excelentes, que podem fazer a diferença, nesse esquema.
Mesmo distantes, nunca estivemos tão próximos. No passado, era difícil eu conseguir fazer reuniões frequentes com a empresa inteira.
Achar um espaço era um desafio, precisava dividir em três rodadas para caber todo mundo. Era um negócio semestral. Hoje, as reuniões são mais frequentes porque acontecem na velocidade de um clique.
Proximidade é estar intelectualmente conectado, não no mesmo espaço físico.
Sempre fui um empreendedor bem pragmático, cuja prioridade é tornar a empresa cada vez melhor. Significa que não me meto no que não está ligado a isso.
Recentemente, a XP tem se empenhado em ampliar a diversidade entre os colaboradores, e isso porque compreendemos que diversidade gera resultado, ainda mais num mundo como o atual.
A sociedade é heterogênea, então as equipes também devem ser.
Só uma companhia com times diversos e experiências diferentes consegue entender as dores de todas as pessoas que quer atender – e entregar bons produtos e serviços para elas.
Diversidade é performance, e jamais um movimento assim será feito na XP sem embasamento meritocrático.”