A visão de uma startup de telemedicina
"O espaço a ser ocupado é enorme, com benefícios para médicos, empresas e pacientes", diz o fundador da Conexa Saúde
“Criamos a empresa em 2017, como uma rede de clínicas com espaço físico para fazer atendimento médico primário, que são aquelas consultas com clínicos gerais.
A ideia era montar essas clínicas perto de hospitais para que as pessoas se consultassem com um clínico antes de procurar um especialista ou ir ao pronto-socorro.
Entendemos que esse é um modelo bom para o paciente, que evita idas a vários médicos e hospitais até encontrar o que realmente precisa, e também para os planos de saúde, já que o atendimento primário tem um custo mais baixo.
Então, a ideia era oferecer esse serviço aos planos de saúde e também a empresas que disponibilizam planos de saúde a seus funcionários para ajudar a melhorar a eficiência e a reduzir custos.
Fechamos acordos com várias companhias, só faltou combinar com o paciente. Na Inglaterra, existe uma lei que obriga as pessoas a consultar um clínico geral antes de procurar um especialista. Aqui, não, então as clínicas tinham baixa demanda.
Sem escala, decidimos pivotar a empresa. Fechamos todas as clínicas e lançamos a Conexa em 2018, oferecendo um serviço de gestão da área de saúde de empresas via telemedicina. Clínicos gerais passaram a fazer o primeiro atendimento de funcionários de forma online.
É a mesma ideia das clínicas, mas, por ser online, a procura foi maior, e também evitamos o custo de montar e manter os espaços físicos.
Mas o grande crescimento mesmo aconteceu durante a pandemia. Recebemos um aporte de R$ 40 milhões de diferentes fundos e investimos para nos tornar um grupo de saúde digital.
Criamos a Docpass, empresa que atende diretamente os pacientes via telemedicina, e compramos a iMedicina, especializada em softwares que podem ser contratados por médicos para atender de forma remota.
Juntando tudo, fazemos uma média de 18 mil atendimentos por dia.
Neste ano, devemos levantar nossa série B de investimentos e receber um aporte superior a R$ 50 milhões.
Nos Estados Unidos, onde a telemedicina é mais desenvolvida, são feitas mais consultas por essa modalidade do que atendimentos presenciais. No Brasil, a pandemia ajudou a disseminar a prática, e o espaço para crescer é enorme.
Hoje, o atendimento mais comum é o inicial, feito pelos clínicos gerais, mas é possível evoluir para serviços mais especializados, como os de psicologia e acompanhamento de pacientes com doenças crônicas, como diabetes.
Um exemplo: fizemos uma parceria com o Hospital Santa Paula, na capital paulista, para atender, via telemedicina, pacientes em tratamento de câncer. Dois dias depois de eles fazerem a quimioterapia, quando geralmente estão debilitados, às vezes de cama, podem se conectar a um médico e ter um acompanhamento sem precisar ir ao hospital.
Quando bem utilizada, a telemedicina cria uma maneira segura de o médico e o paciente se aproximarem com mais frequência do que fazem quando a única alternativa é a consulta presencial.
O espaço a ser ocupado é enorme, com benefícios para médicos, empresas e pacientes.”
Depoimento a Giuliana Napolitano