Privatização da Eletrobras adiada para 2020 com modelo revisto? Isso não deveria preocupar tanto o mercado

Conforme ressalta a equipe de análise do Bradesco BBI, a notícia de que o processo ocorrerá em 2020 não é necessariamente algo novo, uma vez que o governo federal terá questões mais emblemáticas para enfrentar em 2019

Lara Rizério

Usina Eólica Volta do Rio - Ceará

  *** Local Caption *** Vista dos aerogeradores durante a visita técnica à usina Eólica Volta do Rio no Ceará.
Usina eólica conectada a SE SOBRAL III, Chesf. A usina pertence ao grupo Energimp S/A, controlado pela IMPSA WIND (Industrias Metalúrgicas Pescarmona S.A.).
Usina Eólica Volta do Rio - Ceará *** Local Caption *** Vista dos aerogeradores durante a visita técnica à usina Eólica Volta do Rio no Ceará. Usina eólica conectada a SE SOBRAL III, Chesf. A usina pertence ao grupo Energimp S/A, controlado pela IMPSA WIND (Industrias Metalúrgicas Pescarmona S.A.).

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SÃO PAULO – A sessão desta terça-feira (19), positiva para a maior parte do mercado acionário, é de forte volatilidade para as ações da Eletrobras (ELET3;ELET6). No início do pregão, os papéis registraram queda de até 5%, amenizaram as perdas. Já no início da tarde, os ativos ON registravam ganhos, enquanto os papéis PN voltaram a cair.

Boa parte desse movimento ocorre em meio a uma sinalização do governo de que a privatização da Eletrobras ficará para o ano que vem, conforme destacou à Folha de S. Paulo a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira. Ela ressaltou que o governo está reavaliando o modelo de capitalização da estatal e, com isso, a operação não deve ocorrer este ano. 

A princípio, essa notícia frustrou o mercado, que já esperava para ainda este ano pelo avanço da capitalização da empresa. Contudo, conforme ressalta a equipe de análise do Bradesco BBI, a notícia de que ela ocorrerá efetivamente em 2020 não é necessariamente algo novo, uma vez que o governo federal terá questões mais emblemáticas para enfrentar neste ano, como as reformas da previdência e fiscal, além da regulação anti-corrupção. De qualquer forma, a expectativa é de que o processo para a capitalização já encontre espaço para acontecer no segundo semestre de 2019. 

O segundo ponto abordado pelos analistas do Bradesco BBI é de que eles não estão preocupados em “reavaliar” o formato de capitalização, apontando que o governo terá sua participação e controle diluídos com a oferta primária de ações de cerca de R$ 15 bilhões da Eletrobras. 

“Com relação a uma mudança no formato, enquanto entendemos que o ‘diabo está sempre nos detalhes’, o que se poderia esperar é, talvez, uma solução técnica na qual as subsidiárias centrais da Eletrobras (principalmente Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul) seriam desmembradas de uma forma que permitiria que a capitalização avançasse, mas mantendo Itaipu, Eletronuclear e o empréstimo compulsório em uma entidade separada”, afirma a equipe de análise.

Nesse cenário, os investidores minoritários inicialmente teriam ações em dois veículos de investimentos, sendo que seria possível trocar as ações do veículo não essencial para o veículo que contém as principais subsidiárias que seriam parte do processo de capitalização.

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Com o mercado reavaliando as condições para o processo, os papéis amenizaram as quedas durante o dia, também de olho na notícia da Bloomberg de que a estatal pediu aos detentores de títulos de dívida externa que concordem com mudanças nos contratos de forma a remover obstáculos à privatização, mostrando que segue ativa em seu objetivo de se tornar uma empresa privada. 

Assim, mesmo em meio ao otimismo com a privatização que leva à alta de quase 50% dos ativos ON em 2019, o mercado tem cautela com qualquer sinalização de que o processo para que ela aconteça seja adiado. Nesse cenário, os papéis registram uma forte volatilidade nesta sessão e aguardam pelos próximos capítulos. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.