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A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que é provável que os bancos do país se tornem mais cautelosos e passem a restringir ainda mais o crédito após as recentes quebras de bancos, possivelmente afastando a necessidade de mais aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Yellen comentou em entrevista ao programa “Fareed Zakaria GPS”, da CNN, que as ações políticas para conter a ameaça sistêmica causada pelas quebras do Silicon Valley Bank e do Signature Bank no mês passado tinham causado a estabilização das saídas de depósitos, “e as coisas têm estado calmas”, de acordo com a transcrição da conversa, divulgada pela emissora neste sábado.
“É provável que os bancos se tornem um pouco mais cautelosos neste ambiente”, afirmou Yellen na entrevista que irá ao ar no domingo. “Já vimos algum aperto nos padrões de empréstimo no sistema bancário antes desse episódio, e pode haver mais alguns por vir.”
Ela apontou que isso levaria a uma restrição no crédito na economia que “poderia ser um substituto para mais aumentos de taxas de juros que o Fed precisa fazer”.
No entanto, Yellen disse que ainda não está vendo nada “suficientemente dramático ou significativo” nessa área para alterar sua perspectiva econômica.
“Então, acho que a perspectiva continua sendo de um crescimento moderado e um mercado de trabalho forte contínuo, com a inflação caindo”, avaliou ela.
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Yellen está longe de ser a única autoridade financeira esperando algum recuo no crédito bancário como resultado da agitação no setor financeiro no mês passado. Alguns membros do Fed têm dito que o banco central norte-americano deveria adotar uma postura mais cautelosa, pois acreditam que os bancos restringirão os empréstimos nos próximos meses.
Os relatórios semanais publicados pelo Fed com o balanço dos bancos ainda não mostraram uma deterioração significativa no crédito bancário, ao mesmo tempo em que apontaram que as saídas de depósitos se estabilizaram nas últimas duas semanas, após uma enxurrada inicial de saques na época da quebra do SVB e do Signature, em meados de março.
Diante das preocupações com a segurança dos depósitos, Yellen foi questionada se seria prudente desenvolver uma moeda digital do banco central que permitisse aos consumidores dos EUA abrirem contas diretamente com o Fed.
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“Há prós importantes… e existem algumas desvantagens com essa decisão, então é algo que precisa ser seriamente analisado, mas poderia ser algo que está no futuro dos americanos”, ponderou Yellen.