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SÃO PAULO – A XP revisou seu cenário-base de expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 de 1,7% para 1,3%, elevou a projeção para o dólar de R$ 4,90 para R$ 5,20 ao final de 2021 e de R$ 4,90 para R$ 5,10 para o ano que vem, e agora espera uma Selic de 8,5% ao final do ciclo de aperto monetário, contra 7,25% antes.
Já as estimativas para o PIB de 2021 seguem em expansão de 5,3% e para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 e de 2022, mantém-se em 8,4% e 3,7% respectivamente.
Segundo Caio Megale, economista-chefe da XP, as mudanças ocorrem porque os riscos domésticos aumentaram nas últimas semanas devido à crise institucional e ao dado de inflação mais disseminado de agosto. Com isso, ele enxerga que a elaboração do Orçamento de 2022 parece cada vez mais difícil.
“O Orçamento não contempla a aceleração recente da inflação (que afeta despesas do ano que vem) e nem compromissos políticos difíceis de não acontecer. Nossa conta sugere pressão próxima a R$ 70 bilhões durante a tramitação da peça”, afirmou.
Apesar da piora nas projeções, esse cenário traçado pela equipe econômica da XP ainda não contempla o que Megale classifica como os dois maiores riscos no horizonte: uma ruptura do teto de gastos e um quadro de apagões e racionamento por conta da crise hídrica.
Sobre a quebra do teto, Megale admite que vai além dos precatórios não serem incluídos na regra. Seu cenário-base já projeta que essas despesas não estarão no teto, mas pelo menos serão pagas integralmente, não parceladas em dez anos.
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“Hoje não há um cenário melhor do que este que eu descrevi. Os precatórios são uma dívida antiga, então podem ficar fora do teto, mas se o governo tirar o Bolsa Família da regra também, aí sim teremos uma ruptura”, explica.
Essa possibilidade do programa social ser excluído do teto de gastos, na opinião do economista, tem em torno de 10% a 15% de chance de ocorrer e levaria suas projeções a outro cenário, no qual o PIB cresce menos de 1% em 2022, o dólar sobe a R$ 5,50 e a Selic tem que ser elevada a 9,5% porque a inflação não arrefece com um ciclo de aperto se encerrando em 8,5%.
A crise hídrica, por sua vez, poderia ter efeitos ainda mais desastrosos e difíceis de quantificar. A equipe da XP projeta que uma redução forçada no consumo de eletricidade retiraria 1,2 ponto percentual no crescimento do PIB do ano que vem, o que significaria uma expansão próxima de zero considerando que o cenário-base da corretora é de 1,3% de expansão para o período.
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Fora isso, o carrego estatístico do avanço da atividade econômica deste ano está avaliado em 0,8%, então, na prática, o país entraria em recessão se esse quadro se confirmasse, com prováveis quedas no PIB do segundo e do terceiro trimestres do ano que vem.
Megale calcula que um racionamento tem mais chance de ocorrer do que uma ruptura fiscal, com aproximadamente 30% de probabilidade de ocorrer. “Estou mais preocupado com o fornecimento da energia elétrica do que com a ruptura fiscal”, defende ele, que diz não ter ainda projetado para onde iriam Selic, dólar e IPCA neste quadro mais pesado da crise hídrica e energética.
O ponto positivo é que o exterior, na opinião do economista, não será um empecilho para a economia brasileira. De acordo com ele, os últimos dados de emprego e inflação dos Estados Unidos apontam para um quadro em que a atividade não é nem tão forte a ponto de ser necessário elevar as taxas de juros nem tão fraca a ponto de causar recessão.
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Em entrevista na semana passada ao InfoMoney, o economista declarou ainda que apesar das atenções ao avanço da variante delta do coronavírus, à retirada gradual das compras mensais de títulos realizadas pelo Federal Reserve, e ao ambiente regulatório chinês, nada será tão importante quanto o cenário doméstico. “O cenário externo será favorável. O que precisamos é fazer a lição de casa aqui”, defende.
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