XP revê projeções e passa a ver Selic a 14,25% e dólar consolidado em R$ 6

Pressões fiscais e desvalorização do real desafiam controle da inflação e das contas públicas, avaliam economistas

Paulo Barros

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A XP divulgou nesta quarta-feira (4) suas projeções para a economia brasileira, destacando desafios em áreas como inflação, câmbio e contas públicas. A análise apresenta um cenário de pressão inflacionária, desvalorização cambial e medidas fiscais e monetárias necessárias para estabilizar o ambiente macroeconômico.

Economistas da casa defendem que a tarefa do Banco Central está se tornando “mais desafiadora” diante do crescimento das expectativas de inflação, e aposta que o Copom irá preferir intensificar o ritmo de alta da Selic para “recolocar o ‘trem nos trilhos’ em tempo hábil, ao invés de tentar suavizar o ciclo”, elevando a taxa básica em 1,00 p.p., na reunião da próxima semana, para 12,25%. Com isso, a XP projeta que a Selic irá a 14,25% até o fim de 2025.

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Analistas também enxergam o câmbio depreciado, com o real se consolidando em torno dos patamares atuais de R$ 6, com elevada volatilidade “devida a razões internas e externas”.

Confira, a seguir, todas as projeções da XP para inflação, câmbio, Selic, crescimento econômico e contas públicas.

Inflação acima da meta

A XP projeta que a inflação deve encerrar 2024 em 5,0%, subir para 5,2% em 2025 e recuar para 4,5% em 2026, ainda próxima ao teto da meta.

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A desvalorização do real, alta nos preços dos alimentos e a recuperação dos salários reais são os principais fatores citados como impulsionadores dos índices de preços.

A estimativa é que a inflação atinja 5,6% em 2025, devido à maior inércia inflacionária e atividade econômica ainda aquecida.

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Câmbio em patamar depreciado

A XP prevê que o dólar encerre 2024 em R$ 6,00, estabilize em R$ 5,85 em 2025 e volte para R$ 6,00 em 2026.

Preocupações fiscais, incertezas políticas e fatores externos, como os preços das commodities e o cenário internacional, têm mantido o prêmio de risco elevado, dizem os analistas.

Eles avaliam ainda que o déficit em transações correntes deve crescer, mas os superávits comerciais permanecem relevantes, com US$ 67 bilhões projetados para 2024.

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Política monetária mais rígida

Segundo a XP, a taxa Selic deve atingir 14,25% em 2024, após aumentos de 1 ponto percentual em dezembro e janeiro e mais 0,50 p.p. em março e maio.

Caso a inflação volte para dentro da meta, a casa avalia que o Copom poderá iniciar cortes em novembro e dezembro de 2025, reduzindo a Selic para 11,25% em 2026.

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Se o descontrole inflacionário persistir, diz, o Banco Central pode adotar medidas ainda mais rígidas.

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Cenário fiscal e contas públicas

Projeções da XP indicam déficits de R$ 46,8 bilhões em 2024 (0,4% do PIB), R$ 88,3 bilhões em 2025 (0,7% do PIB) e R$ 114,2 bilhões em 2026 (0,8% do PIB).

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Para os economistas, a relação entre a dívida bruta e o PIB deve crescer, atingindo 78% em 2024, 82% em 2025 e 85,6% em 2026.

Apesar de avanços no corte de gastos, a XP considera que as medidas anunciadas pelo governo são insuficientes para garantir a sustentabilidade fiscal no médio prazo.

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Crescimento econômico desacelerando

A casa projeta ainda que a economia deve crescer 3,5% em 2024, desacelerar para 2,0% em 2025 e atingir 1,2% em 2026.

Apesar do crescimento moderado, os economistas da casa destacam que o mercado de trabalho segue robusto, com taxas de desemprego nos menores níveis desde 2012.

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Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas