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SÃO PAULO – Nos últimos dias, a percepção de risco sobre a crise hídrica aumentou significativamente, levando casas de análise a revisarem para cima a probabilidade de racionamento, além de verem riscos crescentes de apagões.
O racionamento ocorre quando o governo determina redução compulsória do consumo de energia elétrica, enquanto o apagão é uma falha inesperada no fornecimento.
Dentre as casas, a XP destacou em relatório que a probabilidade de racionamento nos próximos doze meses aumentou significativamente, passando de 5,5% (no último relatório da casa) para 17,2%.
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“O cenário hidrológico ficou abaixo de nossas estimativas em agosto, a ENA [quantidade de água que chega às hidrelétricas, em unidade de energia] ficou 27% abaixo de nossos números, e a geração hídrica e térmica 8% abaixo de nossa projeção. O que resultou em um nível de reservatório consolidado de 2,2 pontos percentuais”, apontam Victor Burke e Maíra Maldonado, analistas do setor de petróleo.
No cenário-base, os analistas ainda não veem necessidade de racionamento de energia nos próximos doze meses, mas a previsão do nível consolidado dos reservatórios ficou menor (13% em novembro de 2021 para o SIN) e a utilização de capacidade maior. “O ponto de ruptura para o nosso modelo agora é se a energia afluente natural média (ENA) ficar abaixo de 63% da média de longo prazo (anteriormente 55%)”, apontam.
Para Burke e Maíra, os apagões são possíveis, uma vez que a geração hídrica mais baixa no Sudeste exige trazer mais energia das regiões Norte e Nordeste, o que coloca mais pressão no sistema de transmissão e exige uma operação com menos backups para atender a demanda de energia.
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Assim, eles apontam que, embora não vejam o racionamento de energia como o cenário base, provavelmente haverá algumas dificuldades, o que significa que o sistema ficará mais vulnerável a distúrbios como queimadas, tempestades e falhas humanas.
“Portanto, a medida que o período seco se estende e mais pressão é adicionada às linhas de transmissão, é provável que ocorra apagões por volta de outubro/novembro. É importante lembrar que esses ‘apagões’ são temporários e não devem ter impactos relevantes para as empresas do setor, pois duram apenas algumas horas”, reforçam.
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Eles destacam que a crescente probabilidade de um cenário crítico fez com que o governo adotasse medidas preventivas para evitar o racionamento de energia, como as anunciadas na terça-feira.
As medidas preventivas estão listadas a seguir: (i) os consumidores do mercado livre podem vender seus contratos de energia para o mercado cativo via redução do consumo; (ii) contratação de usinas ociosas; (iii) importação de energia de países vizinhos; (iv) postergação de paradas de manutenção em usinas; e (v) incentivos financeiros para redução da demanda no mercado regulado.
Na avaliação dos analistas, caso essas medidas sejam efetivas e se economize até 2,5 gigawattsmed, a probabilidade de racionamento de energia cai para 11%.
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Também nesta semana, o Itaú revisou para cima a probabilidade de racionamento, que passou de 5% para 10% em 2022.
“O principal risco para o cenário energético no próximo ano é uma nova temporada de chuva (novembro a março) com precipitação abaixo da média histórica. Dado o nível inicial pior para os reservatórios e a perspectiva ainda desafiadora para o início do período úmido, aumentamos a probabilidade de uma política de redução forçada de demanda”, aponta a equipe de análise econômica.
Eles também reforçam que é possível que o sistema possa passar por episódios de perda de potência ou apagões ao longo dos próximos meses. “Com reservatórios em níveis baixos, há um risco do atendimento da demanda na ponta (em horários de pico) ficar comprometido, aumentando assim o risco de apagões”, destacam.
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Cabe ressaltar que, em meio a novas medidas do governo, XP, Itaú e outras casas revisaram para cima as expectativas de inflação. A XP Investimentos agora projeta a inflação de 2021 em 7,7%, ante estimativa anterior de 7,3%. Já o Itaú revisou recentemente a sua projeção de alta de 6,9% para também 7,7%.
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